Bloco de Notas
1
Ainda comemorando o resultado das eleições municipais, que garantiu ao PSD, sigla que ele preside no Estado, o comando de 164 dos 399 municípios do Paraná, além de 93 prefeitos de outras legendas que alcançaram a vitória com o seu apoio, o governador Ratinho Junior esteve em Cascavel especialmente para participar da inauguração do shopping center Catuaí. O evento mereceu sua presença. O custo da obra passa dos 700 milhões de reais. É o maior investimento privado da história da cidade. Um belo presente para os cascavelenses na semana em que o município celebrou 73 anos de emancipação. A propósito, o número de visitantes que vem circulando por lá diariamente é impressionante. Os lojistas estão rindo à toa.
2
Outra gigantesca edificação erguida em Cascavel, a fábrica de prédios inaugurada no início do ano pelos curitibanos Francisco Simeão e Luiz Bonacin, também esteve em evidência na temporada ao receber em Brasília o Prêmio Lúcio Costa de Mobilidade, Saneamento e Habitação, na categoria Entidades. Instituída pela Câmara dos Deputados para reconhecer iniciativas que melhoram a qualidade de vida da população, a láurea é uma homenagem ao arquiteto e urbanista Lucio Costa, criador do plano piloto da capital federal. Da linha de montagem automatizada da planta, a maior do gênero nas Américas, vão sair os 36 edifícios de 15 andares, totalizando 4,3 mil apartamentos, que comporão o Ecoparque Bairros Integrados, localizado a poucos minutos do centro da cidade. Maior projeto habitacional em curso no Paraná, o empreendimento vai oferecer às famílias que lá residirão uma inédita estrutura de conforto, lazer, educação e trabalho que revolucionará o conceito de moradias populares no país.
3
Pelos próximos dias, semanas e meses, estaremos lendo, ouvindo e assistindo na imprensa as mais variadas explicações para a volta triunfal do republicano Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, abocanhando, de quebra, a maioria das cadeiras do Senado e da Câmara dos Deputados. Por tudo o que já se falou, parece haver consenso em torno das principais causas da derrota de Kamala Harris, a começar pelo erro estratégico dos democratas ao abraçar bandeiras ideológicas extremistas relacionadas a questões de identidade de gênero, afastando-se dos eleitores que rejeitam essas pautas radicais defendidas pela esquerda. Somou-se a isso o fracasso do governo Biden no combate à imigração ilegal, na repressão ao tráfico de drogas e, sobretudo, no controle da inflação, que reduziu drasticamente o poder de compra dos consumidores norte-americanos, temas que deram munição devastadora ao oponente. Dá pra resumir toda a ópera numa frase: a vitória de Trump é o grito das massas contra o domínio das elites progressistas. Um grito que promete ecoar fortemente mundo afora.
4
Sejamos honestos: não terão grande impacto na vida dos brasileiros os cortes que Lula terá que fazer no orçamento federal para restaurar a higidez das contas públicas e recuperar a confiança do mercado e dos investidores estrangeiros na condução econômica do país. Mesmo com a gastança desenfreada (sem ter dinheiro em caixa, como é típico dos socialistas) que vem marcando os dois primeiros anos do seu terceiro mandato, catapultando para níveis recordes o déficit fiscal e o endividamento da União, além de pressionar a inflação, não se vê avanços significativos em nenhuma área. Aliás, o petista tem aí uma boa oportunidade para dar seu exemplo na contenção das despesas do governo promovendo a redução do número de ministérios, que, ao tomar posse, ele aumentou de 22 (que já era exagerado) para 36, sem que isso tenha tornado sua gestão mais eficaz. Ou, como queiram, menos medíocre.
5
Quem não está nem aí para essa coisa boba de economizar nos gastos públicos é a Janja. Sem medo de ser feliz, a primeira-dama arrancou, só da Petrobras e da Itaipu, 33,5 milhões de reais (mas também houve aportes expressivos, ainda não revelados, de outras estatais) para realizar o festival Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, que precedeu o encontro do G20, no Rio de Janeiro. Apelidado de “Janjapalooza”, em alusão a uma maratona de shows musicais que acontece anualmente em São Paulo, o evento teve a duração de três dias e foi animado por uma renomada penca de cantores e cantoras, regiamente remunerados. Nem poderia ser diferente: os “companheiros” artistas são fiéis eleitores e propagandistas de Lula. Quando o PT ocupa o poder, eles não correm nenhum risco de passar fome e cair na pobreza. É uma aliança inquebrantável.
6
Com dedicação exemplar, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, vem realizando um trabalho impecável para proteger o patrimônio da turma que protagonizou o escândalo do Petrolão. Contabilizadas até outubro, suas decisões já anularam ou suspenderam ações contra aproximadamente 70 pessoas envolvidas na Operação Lava Jato, negando pedidos de ressarcimento de danos feitos pelo Ministério Público que superam 17 bilhões de reais. Em outros quase 70 casos, ele determinou que as provas advindas das delações da empreiteira Odebrecht eram inválidas, abrindo caminho para o arquivamento dos processos em outras instâncias. Citado na confissão de Marcelo Odebrecht como o “amigo do amigo do meu pai”, o magistrado não está brincando em serviço. Missão dada é missão cumprida.
7
Mudando um pouco de assunto, saiu recentemente um levantamento indicando que o Brasil, para surpresa de ninguém, tem a Justiça mais cara do mundo, correspondendo a 1,6% do PIB. O dado foi divulgado pelo comentarista Claudio Humberto, da Rádio Bandeirantes, que fez piada dizendo-se espantado com a comparação dos custos da família real britânica com os custos da “nossa realeza, que são os 12 ministros do Supremo Tribunal Federal.” Segundo ele, a manutenção da monarquia do Reino Unido, em 2022, consumiu dos cofres públicos 601 milhões de reais, cerca de 250 milhões a menos do que o reino do STF. Comparando com o Supremo inglês, o custo da Corte brasileira é dez vezes maior. Para 2025, o STF planeja gastar 953 milhões de reais, ficando um pouco abaixo dos custos da realeza britânica, que sobem para 980 milhões. O orçamento destinado ao reinado de Charles III foi reajustado em 53% devido a um prêmio que o governo ofereceu pela popularidade da realeza, que impulsiona o turismo no país. Se fosse remunerado pelo seu grau de popularidade, o STF teria que fechar as portas.
8
Por sinal, um dos políticos com maior prestigio atualmente no Supremo Tribunal Federal é o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Em um recente congresso de direito, o ministro Gilmar Mendes, decano da Corte, dirigiu-se ao senador mineiro para afirmar que a liderança dele “tem sido fundamental para fortalecer a democracia e o sistema eleitoral.” Gilmar, na verdade, quis dizer que o papel de Pacheco tem sido essencial para manter engavetados os inúmeros pedidos de impeachment contra os integrantes do Supremo propostos por parlamentares da oposição. Pacheco tem interesses bem definidos nessa relação: além de possuir vários clientes do seu escritório de advocacia aguardando sentenças favoráveis em demandas judiciais que tramitam no STF, ele sonha em ser agraciado com a indicação para uma das próximas vagas a serem abertas na mais alta instância do poder judiciário. Ou seja, não perderá a oportunidade de provar aos ministros que é um parceiro leal e confiável. É assim que o sistema funciona.
9
Foz do Iguaçu consolida-se cada vez mais como destino premium no cenário nacional e internacional. Apenas no mês de outubro, três eventos promovidos pelo trade turístico confirmaram que a cidade já desponta no roteiro dos viajantes que estão no topo da pirâmide social. O primeiro deles foi uma press trip organizada pela Embratur que trouxe dos Estados Unidos jornalistas de veículos focados no segmento luxo, como as revistas Forbes e Travel Pulse. Logo depois, aportou na Tríplice Fronteira um grupo de agências de viagens de todo o Brasil especializadas em atender turistas endinheirados. Em seguida, a operadora Journey Latin America ciceroneou convidados da agência de turismo de luxo Kuoni, vindos de diferentes regiões do Reino Unido para conhecer experiências exclusivas propiciadas pela Terra das Cataratas. Falando nisso, o aeroporto de Foz está concluindo as obras de expansão de sua área gastronômica que incluirão, ainda este ano, as redes Kopenhagen, Living, Heineken, Sucão e Pecorino Bar & Trattoria. Um belo upgrade.
10
É grande a decepção com o Palácio do Planalto nos círculos do alto comando do Exército, da Marinha e da Aeronáutica depois de serem surpreendidos com a notícia de que terão que dar sua cota de sacrifício para o ajuste das contas públicas, engolindo na marra mudanças no sistema previdenciário da Forças Armadas, propostas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Os oficiais se dizem traídos porque nunca teria sido aventado que eles entrariam nos cortes. A verdade é que o PT e as demais siglas da esquerda consorciadas no governo não gostam da soldadesca e não perderão a chance de decepar um bom naco do orçamento do ministério da Defesa com a nobre justificativa de que é para o bem do país. Se a cúpula militar achava que ia ter vida tranquila avalizando a volta de Lula à presidência, foi muita ingenuidade. Agora é tarde. Quem pariu Mateus que o embale.
11
Reunido no Rio de Janeiro, o G20, clube das principais economias do planeta, traz ao Brasil nesta semana os cinco aviões presidenciais mais luxuosos do mundo: o Air Force One, dos Estados Unidos; o Ilyushin II-96-300 PU, da Rússia; o Boeing 747-8i, da Arábia Saudita (esse tem até ouro e mármore na decoração); o Airbus A330-200, da França; e o Boeing 777-300ER, do Japão, todos eles verdadeiros palacetes voadores. Mas em breve a lista incluirá mais um: o Airbus que Lula mandou comprar depois da pane na aeronave que o levou ao México para a posse da nova presidente do país. Calcula-se que o aparelho terá um preço final de 250 milhões de dólares (1,450 bilhão de reais na conversão atual) para incorporar todos itens de conforto e requinte desejados pelo petista e pela primeira-dama, que não abrem mão de nenhum dos refinados mimos que o poder é capaz de lhes proporcionar. Vai ser um novo símbolo da grandeza nacional. Viva o Brasil.
12
Para um país que está em renhida disputa com outros mercados emergentes pela atração dos grandes investidores internacionais, a fotografia do Brasil do Lula junto aos donos do dinheiro não é nada boa. É o que mostra a ótima entrevista concedida à revista Veja pelo economista, banqueiro e escritor indiano Ruchir Sharma, presidente da Rockfeller Capital, uma das maiores administradoras de patrimônio do mundo, com 122 bilhões de dólares em ativos sob gestão. Ao responder por que mantém uma visão cética sobre o nosso país, ele foi taxativo: “O que impede os investidores de alocar mais capital no Brasil é a percepção de que a dívida é insustentável. A manutenção de déficits elevados é alarmante, enquanto a incerteza política que paira sobre o governo Lula gera preocupação”. Indagado se existe algum ponto positivo na economia brasileira, Ruchir admitiu apenas que “há uma boa demografia e uma sólida qualidade empresarial. Apesar dessas vantagens, é difícil justificar novos investimentos, principalmente devido à cultura de intervenção estatal que persiste. O gasto público como proporção do PIB continua extraordinariamente alto, e a dívida é preocupante. Além disso, a interferência política torna a tomada de decisões complexa demais.” Em resumo, ele quis dizer que existem, ao redor do planeta, muitos lugares melhores e mais seguros para botar a grana.
13
E a Janja conseguiu roubar (ops) a cena do G20 e conquistar merecido destaque na imprensa internacional com uma declaração que expressa muito bem a sua peculiar fineza. Interrompida brevemente pela buzina de um navio quando discursava em uma palestra sobre combate à desinformação, ela bradou: “Alô, acho que é o Elon Musk. Eu não tenho medo de você! Inclusive: fuck you, Elon Musk!” Vamos reconhecer: que sacada genial para buscar uma aproximação com o futuro governo Trump, onde o bilionário sul-africano terá um dos cargos mais relevantes, e assim desfazer o mal-estar criado por Lula ao manifestar apoio a Kamala Harris. Jamais veremos uma primeira-dama igual. Quanta elegância e inteligência numa só pessoa. Orgulho de ser brasileiro.