Louvor à impunidade
Para celebrar os cinco anos de sua libertação da carceragem da Polícia Federal em Curitiba, onde cumpria pena por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Lula promoveu na última sexta-feira (8) uma cerimônia ecumênica no Palácio do Planalto com líderes religiosos que o visitaram durante os 580 dias em que esteve detido.
Sempre é bom lembrar que, por um breve momento em que o Brasil pareceu que iria se tornar um país sério, o petista foi preso no âmbito da Operação Lava Jato após ser condenado por três instâncias judiciais, que incluíram o Superior Tribunal de Justiça, a mais de 12 anos de reclusão nos casos do triplex do Guarujá e do sítio de Atibaia.
Todas as sentenças, como sabemos, foram depois anuladas pelo Supremo Tribunal Federal, não porque decidiu-se que Lula era inocente dos crimes que lhe foram imputados com provas sobejas e incontestáveis, mas porque a Corte, onde a maioria de seus integrantes chegou lá por nomeações feitas por ele próprio e por Dilma Rousseff, resolveu, sem nenhuma evidência, declarar o ex-juiz Sergio Moro suspeito (não isento) para julgar as ações.
Como se não bastasse, para completar o serviço, os supremos magistrados sacaram da cartola a fajuta alegação de que a Justiça Federal da capital paranaense não era o foro competente para a tramitação dos processos.
Ou seja, quando quer livrar a cara de um cupincha, o STF é pródigo em fabricar argumentos com discutíveis, para não dizer risíveis, fundamentações jurídicas.
Voltando ao evento espiritual convocado por Lula, é importante deixar claro que o Deus Altíssimo, criador do Céu e da Terra, pai de Jesus Cristo, a quem o presidente ungido pelas urnas eletrônicas rezou em agradecimento por ter conquistado a liberdade, não tem absolutamente nada a ver com isso.
As orações de Lula deveriam ser endereçadas, isto sim, aos “deuses” do STF. Foram eles que o tiraram do xadrez e o colocaram novamente na presidência da República.
O homem, além de tudo, é mal-agradecido.