Foi buscar lã e voltou tosquiado
Nem em seus piores pesadelos Lula deve ter imaginado a saia justa que enfrentaria dias atrás no evento de inauguração do novo campus da Universidade Federal de São Paulo, em Osasco.
Ia tudo muito bem, a petezada eufórica bradando seus gritos de guerra na plateia, o presidente alegre e pimpão no palanque ao lado da Janja, até que a estudante Jamilly Fernandes Assis, aluna do curso de Direito, chamada para discursar em nome da comunidade acadêmica, resolveu estragar a festa.
E com justa razão.
Sem a menor cerimônia, a jovem foi logo dizendo que “depois de muita luta e 14 anos de espera”, finalmente estava “presenciando a inauguração oficial de apenas metade da Unifesp Quitaúna”.
Lamentando que, passado todo esse tempo, a estrutura segue incompleta, faltando o auditório, o prédio da biblioteca, a quadra de esportes e os anfiteatros, ela ressaltou que a instituição “ainda não é nossa. Ainda é um caminho solitário para a maioria de nós e devemos trabalhar com a realidade. A luta continua em prol da outra metade do campus e melhores condições de trabalho para os professores”, sublinhou.
De quebra, Jamilly também reivindicou a instalação de uma moradia estudantil para os colegas que residem fora da cidade, encerrando sua fala sob intensa, calorosa e demorada salva de palmas.
Visivelmente surpreso e constrangido, o casal imperial não sabia aonde esconder a cara.
Em seu pronunciamento, mal disfarçando o desconforto, o petista respondeu às críticas com as velhas e esfarrapadas desculpas de praxe.
Mas é certo que o humilhante episódio ensinou uma lição que serve para ele e para todos os políticos populistas e demagogos que acham que o povo é burro: inaugurar obra inacabada, além de ser um dos mais vergonhosos atos eleitoreiros, é pisar em perigoso terreno minado.
Sempre pode aparecer uma Jamilly pra botar fogo no circo. É prudente evitar.