Com a boca na botija

Diante de flagrante armação de roubalheira, o Tribunal de Contas da União mandou a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República suspender uma licitação de quase 200 milhões de reais que visava contratar quatro empresas para gerenciar perfis do governo Lula nas redes sociais.

Embasado pelo relatório de uma investigação do TCU que identificou possível violação do sigilo da autoria das propostas, o ministro Aroldo Cedraz destacou na decisão em que determinou a paralisação do procedimento que “os fatos narrados nesta representação, por si só, revestem-se de extrema gravidade e demandam atuação imediata desta Corte a fim de evitar que se concretize contratação possivelmente eivada de vício insanável”.

Conforme determina a legislação federal que normatiza concorrências dessa modalidade, os planos de comunicação das empresas licitantes deveriam ser entregues em invólucros lacrados, mantendo o sigilo das informações de cada uma das propostas apresentadas, uma vez que o segredo nesse caso é absolutamente imprescindível, pois é avaliada a melhor técnica e não o menor preço.

Ocorre que, um dia antes da abertura dos envelopes e do anúncio das vencedoras, o site O Antagonista botou água no chope da gangue ao publicar, por meio de códigos, o resultado do pregão, revelando a violação do sigilo e a fraude que fora tramada para direcionar o cobiçado butim a empresas previamente escolhidas.

É inevitável lembrar que o maior evento de corrupção do primeiro mandato do Lula foi o famoso Mensalão, envolvendo a distribuição de propinas destinadas a comprar o apoio de senadores e deputados para os projetos do governo, utilizando justamente recursos oriundos de contratos de publicidade do Palácio do Planalto, em um escândalo que derrubou o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, tido como coordenador do esquema, e acabou levando ele e vários outros ilustres próceres petistas para a cadeia.

Ou seja, já vimos esse filme, e o final não é nada bom.

Pelo jeito, a turma que voltou ao poder não tem vergonha e muito menos medo de tentar reeditar a fórmula.

Como reza um velho ditado popular, cachorro comedor de ovelha perde o pelo, mas não perde o vício.