Ratinho desapropria Pinheirão e anuncia mega Centro de Convenções
Quando desembolsou 57 milhões de reais para arrematar o Estádio do Pinheirão no leilão promovido doze anos atrás para quitar as dívidas contraídas pela Federação Paranaense de Futebol para edificá-lo, o empresário cascavelense João Destro não tinha nada definido para utilização do terreno de 124 mil metros quadrados situado no bairro Tarumã, em Curitiba.
Vislumbrou que seria um bom negócio e deu o lance vencedor.
Sabe-se que, em conversa com amigos, ele chegou a aventar algumas possibilidades para a ocupação da propriedade, como a construção de um shopping center ou de prédios residenciais e corporativos, mas nunca levou adiante nenhuma dessas ideias, além de recusar inúmeras ofertas para vendê-la.
O fato é que o gigantesco “elefante branco”, que em sua curta trajetória chegou a sediar jogos da Seleção Brasileira, mas está inativo desde 2007 ao passar para as mãos dos credores dos débitos efetivados para custear a obra, vindo depois a ser leiloado, tornou-se um símbolo fantasmagórico de abandono e ruínas na paisagem da capital.
Obviamente, um espaço urbano com tamanha dimensão e uma localização tão privilegiada, não iria ficar travando para sempre, por mera especulação imobiliária, a dinâmica do crescimento da cidade. Em algum momento seu destino seria resolvido.
E foi o que aconteceu: em uma certeira e surpreendente jogada, aprovada e aplaudida nos meios empresariais e políticos, o governador Ratinho Junior entrou em campo e decretou a desapropriação da área por interesse público com o objetivo de demolir as construções ali existentes e implantar no lugar um dos maiores centros de convenções da América do Sul.
Ficou evidente, aliás, que não foi uma decisão tomada de improviso. O governo estadual já vinha planejando a ação há um bom tempo. Tanto é que no mesmo instante em que deu a notícia, Ratinho apresentou as primeiras perspectivas arquitetônicas do futuro complexo, um ambicioso projeto desenhado para abrigar uma arena multiuso, um centro de exposições para até 25 mil pessoas, lojas, hotéis e um boulevard com restaurantes e academia, uma estrutura que deverá colocar o Paraná na rota dos grandes eventos globais, impulsionando a geração de empregos e renda nos mais diversos setores da economia.
É importante destacar que a participação financeira do governo vai se restringir na consumação da compra do imóvel, pelo que o Palácio Iguaçu pretende pagar cerca de 65 milhões de reais (conforme avaliação feita pela Procuradoria Geral do Estado), dinheiro que sairá dos recursos auferidos com a privatização da Copel. Se a proposta não for aceita pelo antigo dono, caberá à Justiça arbitrar o valor.
Os próximos passos incluem a execução do projeto de engenharia e o estudo do formato de exploração do empreendimento, que poderá se dar através do modelo de concessão ou por uma parceria público-privada, com potencial de investimento superior a 1 bilhão de reais.
Em resumo, um golaço do governador.