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Bloco de Notas

Publicado por Caio Gottlieb em

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Por uma oportuna ironia do destino, testemunhamos nesta semana desfechos diametralmente opostos para o mesmo tipo de crime: enquanto no Peru era anunciada a condenação do ex-presidente Alejandro Toledo a 20 anos de prisão pelo recebimento de propina da empreiteira Odebrecht, no Brasil, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, prosseguindo em sua insana cruzada para destruir a Operação Lava Jato, decidia arquivar a ação movida contra o vice-presidente Geraldo Alckmin por seu envolvimento no escândalo da mesma Odebrecht. O sonho dos corruptos do mundo inteiro é serem julgados pela nossa suprema Corte…

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De nada adiantou o Sindicato dos Trabalhadores em Entidades de Assistência e Educação à Criança, ao Adolescente e a Família do Estado de São Paulo tirar o seu site do ar para impedir os profissionais do setor de enviarem pela internet a carta de oposição ao desconto da contribuição sindical, estipulada em 2% do salário. Não podendo fazê-lo pelo canal eletrônico, eles estão há dias, debaixo de sol e chuva, enfrentando uma fila quilométrica, no centro da capital paulista, para entregar o documento presencialmente na sede da instituição. O tamanho da multidão é a demonstração mais eloquente do repúdio aos sindicatos que só existem para enriquecer seus dirigentes e atuar como cabos eleitorais dos partidos políticos de esquerda. Os trabalhadores brasileiros cansaram de financiar a vida luxuosa dos pelegos. Oxalá cenas como essa se repitam, cada vez mais, por todo o país.

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Era conhecido como “o carniceiro de Khan Younis”, sua cidade natal, o líder político e militar do Hamas, Yahya Sinwar, eliminado por forças do exército de Israel na Faixa de Gaza. Capaz de cometer as piores atrocidades contra seus inimigos, o que lhe valeu o apelido que por si só descreve seu modus operandi, ele foi o grande arquiteto do sanguinário ataque realizado pela facção terrorista palestina em território judaico no dia 7 de outubro, assassinando mais de mil civis com requintes de crueldade inimagináveis, além de sequestrar mais de duas centenas de reféns, entre eles muitos idosos, mulheres e crianças, boa parte dos quais permanece em cativeiro nas mãos dos extremistas. O mundo ficou livre de um monstro. Causa estranheza que o PT, aliado e defensor do Hamas, até agora não tenha expressado seus sentimentos de pesar pela perda do amigo. Ainda está em tempo.

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Batido o martelo: concluindo a negociação que estava em andamento há várias semanas, a cooperativa Unimed Cascavel selou finalmente a aquisição do controle acionário do Hospital Policlínica e já assumiu a direção do estabelecimento. Um dos mais tradicionais e bem conceituados nosocômios da cidade, fundado em 1968, a Policlínica pertencia a uma sociedade formada por médicos até ser comprada em 2021 pelo grupo Care, uma holding administradora de serviços de saúde em diversas regiões do país, que resolveu neste ano se desfazer do ativo. O valor da transação não foi revelado, mas especula-se que se situe entre 80 e 90 milhões de reais.

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Generalizações são sempre injustas e muitas vezes até perigosas. Mas as denúncias de vendas de sentenças judiciais divulgadas pela imprensa nos últimos dias, envolvendo até integrantes do Superior Tribunal de Justiça, que só fica abaixo do STF na hierarquia do Judiciário, não provocaram nenhuma surpresa. Infelizmente, a corrupção, no Brasil, não é privilégio dos poderes executivo e legislativo. Existe inclusive um ranking nacional das cortes estaduais mais venais e há advogados especializados na prática de abordar magistrados com desvios de caráter, propensos a comercializar suas decisões. Não há dúvida que a esmagadora maioria dos juízes brasileiros não se vende. Mas também é inegável que para boa parte deles é só uma questão de chegar no preço.

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Por falar nisso, o STJ fechou a composição das duas listas tríplices para escolha, pelo presidente da República, dos ministros que vão ocupar duas vagas abertas na Corte. E a notícia não é boa nem para Lula e nem para Gilmar Mendes e Flavio Dino. Para espanto geral, as listagens não contemplaram os candidatos apadrinhados pelo petista e pelos dois poderosos ministros do Supremo Tribunal Federal. Explicando: Gilmar e Dino apoiavam o desembargador Ney Bello, do TRF-1, que não obteve os votos suficientes para entrar no rol. Também ficou de fora o favorito de Lula para a vaga, o desembargador Rogério Favreto, do TRF-4, que em 2018 concedeu um habeas corpus (cassado logo depois) para soltá-lo da prisão, em Curitiba. Ao tentar retribuir o favor, Lula sofreu uma derrota humilhante. Parece um presidente em fim de mandato.

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Entrevistado recentemente pelo programa Roda Viva, da TV Cultura, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, minimizou os ataques que fez a Lula no passado e disse que “eleição presidencial é canelada”. Em 2006, por exemplo, ele acusou aquele de quem viria a ser companheiro de chapa no pleito de 2022 de ser “chefe de quadrilha” por conta do escândalo do mensalão. Já em 2017, ao comentar a articulação do petista para a campanha eleitoral de 2018, o então tucano afirmou que “depois de ter quebrado o Brasil, Lula quer voltar ao poder, ou seja, ele quer voltar à cena do crime”. Nas duas vezes, Alckmin falou verdades que hoje se esforça para esconder. Ao ser lembrado dessas declarações, limitou-se a sorrir. Em suma, não tem a menor vergonha na cara. Mas o pior mesmo foi ouvi-lo afirmar que sua relação com Lula é “afetiva”, só perdendo para a relação que o presidente tem com a primeira-dama Janja. Constrangedor. A que ponto pode chegar a subserviência de um homem.

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Foi-se o tempo em que as gordas sobras do rico caixa da Itaipu Binacional eram destinadas a obras estruturantes como rodovias, pontes e aeroportos, fundamentais para o desenvolvimento econômico do Brasil. Agora sob o comando do lulopetismo, a hidrelétrica tem outras prioridades. Uma delas, implementada desde 2023, é a doação mensal de cerca de 1 milhão de reais à Cooperativa Central da Reforma Agrária do Paraná, que nada mais é do que um braço auxiliar do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. Até 2027 serão repassados R$ 81 milhões. Não será, pois, por falta de dinheiro que o MST deixará de continuar tomando fazendas, insuflando conflitos agrários e afrontando o direito de propriedade. O assunto anda esquecido pela mídia, mas o Paraná, para quem não sabe, é um dos estados com maior número de áreas invadidas no Brasil. São mais de 100 ocupações. E ainda tem a questão das terras indígenas… É por essas e outras que se diz que nada é tão ruim que não possa piorar.

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E não para de estourar escândalos. Soube-se agora que o governo federal, sem dar, obviamente, muito alarde, criou um programa para difusão e fomento de ações culturais nos Estados e selecionou Organizações Não Governamentais para implementá-las. O orçamento para o projeto é de 58 milhões de reais e as parcelas da grana já vêm sendo repassadas há dois anos. Coincidentemente, as ONGs contratadas são estreitamente ligadas a dois assessores do próprio Ministério da Cultura e a militantes do PT. Como se não bastasse, entre os contemplados também figura um empresário do Mato Grosso acusado de suposto vínculo com uma quadrilha investigada por crimes como peculato, desvios de recursos públicos e lavagem de dinheiro. Como reza o velho dito popular, lobo comedor de ovelha perde o pelo mas não perde o vício.

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Para finalizar, dois registros sobre a cúpula dos países do tal “sul global” comandado pelo sinistro consórcio China-Rússia: 1) Ao apoiar a recondução da patética Dilma Rousseff para mais um mandato à frente do banco dos Brics, o czar Vladimir Putin mostrou o quanto a instituição é importante para ele; 2) Solidarizo-me com a indignação de Nicolás Maduro ao ver negada, por injustificável pressão do Brasil, a inclusão da Venezuela no grupo que se tornou a grande confraria mundial das ditaduras. A nação bolivariana teria muito a ensinar à turma em matéria de tirania, fraudes eleitorais, desrespeito aos direitos humanos e assassinato de adversários políticos. Esperamos que essa injusta discriminação seja reparada o mais breve possível.

Categorias: OPINIÃO

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