Palavras ao vento
Em citação que ficou famosa, o ex-deputado federal mineiro Elias Murad, já falecido, disse certa vez que “o Brasil progride à noite, enquanto os políticos dormem”.
Nunca essa frase foi tão verdadeira como nos dias atuais em que temos um presidente da República agindo para sabotar o desenvolvimento do país em nome de bandeiras ideológicas eleitoreiras, seja hostilizando o setor produtivo, principalmente os produtores rurais, seja torrando recursos que não tem em caixa e comprometendo a saúde das finanças públicas, ou ainda aumentando a insegurança jurídica ao defender a revogação de reformas e pregar mais intervenção do estado na economia, política esquerdista já abandonada há muito tempo pelas nações que prosperaram.
Apesar disso tudo, as projeções das mais variadas fontes do mercado financeiro nacional e internacional indicam que a evolução positiva do PIB (Produto Interno Bruto) deste ano pode até passar dos 3%, igualando ou superando os números de diversos países desenvolvidos, o que prova que Murad estava certo: o Brasil cresce depois que o sol se põe, quando esse pessoal que está poder atrapalha menos…
Piada à parte, o fato é que o índice poderia ser bem melhor se o governo Lula, tanto pelo que faz como pelo que deixa de fazer, não fosse visto com tanta desconfiança no exterior.
Que o diga o cientista político Lucas de Aragão, diretor da renomada empresa de consultoria Arko Advice, que se reuniu na última semana em Nova York com representantes de 15 dos maiores bancos e fundos de investimentos do planeta e captou o sentimento de que, em relação ao Brasil, “todos estão em compasso de espera. Não acham que o governo irá por um caminho de absoluto descontrole fiscal como foi na gestão Dilma, mas consideram os sinais confusos e aguardam uma movimentação firme (além do discurso). Querem saber, por exemplo, quais cortes de gastos estruturais serão de fato colocados em prática para ajustar as contas públicas”.
Chegaram a dizer, claramente, que se o governo for consistente numa agenda fiscal boa, os investimentos estrangeiros de longo prazo poderão aumentar rapidamente.
Não foi à toa que a ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou dias atrás ter chegado a hora de “levar a sério” a revisão de despesas estruturais, confessando, com surpreendente sinceridade, que até agora a coisa foi levada com total irresponsabilidade.
Esperando por mais ações e menos conversa fiada para acreditar que o governo petista está empenhado em buscar o equilíbrio das contas públicas, pré-requisito para que voltem a olhar o Brasil com interesse, os investidores ouvidos por Lucas de Aragão devem ter tomado um susto quando leram na imprensa, logo após o evento, que o déficit acumulado das estatais nos dois primeiros anos do terceiro mandato de Lula é de 9,76 bilhões de reais.
Trata-se do maior rombo do século nas empresas públicas. Um prejuízo que, obviamente, será coberto com dinheiro do tesouro nacional, isto é, dos impostos que pagamos.
É um bom sinal, não?