Brasil na ONU perdendo credibilidade
Por Nilson Romeu Sguarezi*
A LIGA DAS NAÇÕES ou Sociedade das Nações, foi criada ao término da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), com sede em Genebra, na Suíça. Foi a primeira organização internacional voluntariamente integrada por Estados soberanos com o objetivo principal de instituir um sistema de segurança coletiva, promover a cooperação e assegurar a paz futura. Mas tal organização, com o correr do tempo deixou de funcionar com a eclosão da Segunda Guerra Mundial em 1939, e foi oficialmente desativada em abril de 1946.
Surgiu então a atual Organização das Nações Unidas (ONU), em 1945, quando eram apenas 51 nações integrantes para chegar nesta 79ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, agora em 2024, com o número de 193 membros. Seu principal órgão é o CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU assim composto:
O Brasil foi um dos membros fundadores da ONU e o membro a falar em primeiro lugar naquela assemblei geral. Desde então temos o privilégio de abrir esta reunião mundial. Não há um motivo formal para isso, mas, no meio diplomático, foi a deferência ao importante trabalho do diplomata brasileiro Oswaldo Aranha, que presidiu a assembleia naquele ano para evitar tensões entre os Estados Unidos e a então União Soviética, que começavam a ter uma relação conturbada durante a Guerra Fria e continua até hoje.
Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança são as potências vitoriosas da Segunda Guerra Mundial que continuam mantendo as mais poderosas forças militares do planeta. Estas potências ocupam o topo do Ranking anual de países com maiores gastos militares há décadas. Por exemplo, em 2011, elas investiram mais de 1 trilhão de dólares em defesa, equivalendo a mais de 60% dos gastos militares globais (somente os Estados Unidos equivaleram a 40%). Junto com a Alemanha são os maiores exportadores de armamento.
Pois foram exatamente as guerras atuais que dominaram a discussão nesta 79ª Assembleia Geral da ONU, para que, menos de uma semana depois o Irã detonar 180 misses em cima de Israel, entrando abertamente na guerra do Oriente Médio.
Mas a história tem sido implacável para o Brasil que neste ano terá um PIB 2.8, pois é este arcaico e ultrapassado sistema político e governamental, que vem abalando e mantendo no exterior a pecha de que “O BRASIL NÃO É UM PAÍS SÉRIO” dada no século passado pelo Presidente Frances, General Charles de Gaulle.
Exatamente nestas oportunidades que o mundo inteiro está atento para saber as posições dos grandes países, nossa diplomacia com larga experiencia e ótima formação profissional pelo Itamarati, (que entre embaixadas, consulados e escritórios distribuídos no globo, em nada menos que 140 países, fica ofuscada pela figura plenipotenciária e populista do presidente Lula que, diga-se de passagem, não tem o mínimo preparo diplomático e tão pouco leu ou estudou história mundial, para cometer a sandice de dizer alto e bom som para a imprensa internacional reunida em Nova York, que o Presidente Zelenski da Ucrânia “não é esperto”.
Saudades do nosso diplomata Osvaldo Aranha do passado que deixou um crédito histórico para o Brasil falar em primeiro lugar nesta magna assembleia, mas que infelizmente vem sendo dilapidado pela má fama dos nossos governantes, que além de despreparados e arrogantes colocam nossa tradição de nação pacifista e isenta desta arriscada polarização ideológica.
Nossa população cresceu dos 45 milhões em 1947, Fundação da ONU, para os atuais 212 milhões que nos colocam na frente de três dos cinco membros permanentes da ONU (França, Inglaterra e Rússia).
“Para China, Rússia, Irã e outras autocracias, Lula não passa de um “idiota útil”; para o Ocidente, ele é, na melhor das hipóteses, um fanfarrão inútil, e, na pior, um ressentido cínico. Não há pontes firmes a construir nem negociações sérias a encampar com tão leviana e irrelevante figura. Talvez a mais eloquente imagem do tour de Lula por Nova York tenha sido o momento em que a organização de uma cúpula ironicamente chamada “do Futuro” se viu obrigada a cortar o seu microfone por estouro de tempo, e o envelhecido líder progressista foi deixado gesticulando aos quatro ventos, falando sozinho, aos ouvidos de ninguém” (OPINIÃO DO JORNAL ESTADÃO DE 27/09/2024)
De impressionar que nossos ditos cientistas e comentaristas políticos da grande imprensa, se omitam de comentar, analisar e criticar como deviam, este estrago produzido no meio diplomático mundial pela fala inconveniente e até provocativa e arrogante do nosso presidente, quando se fazendo de professor de Deus, proclamou numa entrevista para a imprensa internacional reunida em Nova York uma verdadeira aleivosia: “ele, referindo-se ao Presidente da Ucrânia, não é esperto” ou seja, o mesmo que dizer é um burro, um ignorante. Ou quando na posse da Presidente do México que é filha e neta de judeus, soltar mais esta indelicadeza numa entrevista publica, assim relatada pela imprensa:
“Durante um encontro com empresários na Cidade do México nesta segunda-feira 30, o presidente Lula voltou a criticar os ataques perpetrados pelo Estado de Israel, classificando as ofensivas contra a Faixa de Gaza e o sul do Líbano como “matança desnecessária” e “chacina”. “A guerra não traz absolutamente nenhum benefício”, disse o presidente. “Sou contra e condeno o que Israel está fazendo no Líbano agora, atacando e matando pessoas inocentes. Porque só aparecem nos jornais os líderes que eles querem matar, mas as pessoas inocentes que morrem não aparecem. É por isso que eu sou contra a chacina na Faixa de Gaza, porque já morreram mais de 41 mil mulheres e crianças. E depois você vai ter que reconstruir o que levou séculos para ser construído”.
(Carta Capital https://www.youtube.com/watch?v=KCdOtNhWnRQ
Mas vexame maior mesmo foi a pane do Aerolula, ao ter que ficar sobrevoando a capital mexicana por cinco horas, caso inédito para uma comitiva presidencial, até que os tanques da aeronave esvaziassem para permitir um pouso seguro. Versões diferentes deste sobrevoo, deram conta desde uma pane mecânica, ou da turbina ter engolido um urubu, até o descontrole emocional do nosso presidente por não ter acesso a internet.
Por estas e outra razões que o exterior se pergunta, porque o Brasil como a grande nação sul-americana (16 mil km de fronteiras com 10 países) silenciou na ONU, sobre a gravidade da situação venezuelana que até tem sido assunto da União Europeia que reconheceu a vitória da oposição contra o ditador Maduro? Constrangidos vimos o ditador venezuelano – que tem prisão decretada pela Tribunal Internacional – ser recebido aqui no Brasil com direito até de tapete vermelho.
Enfim, esta comitiva de mais de 100 pessoas (Argentina e Chile levaram não mais que meia dúzia) foi mais uma faraônica viagem presidencial, como já se anuncia outra agora para a Rússia.
Não seria hora do nosso presidente tentar apaziguar a “guerra interna entre o Legislativo e Judiciário” que num dia acontece na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados – os representantes do povo, a proibição de decisões monocráticas do STF, a suspensão de decisões que afetem atos de competência do Legislativo e Executivo, sem esquecer que continua a tramitação do pedido de impeachment do Ministro Morais, para que, já no dia seguinte as excelsas majestades da capa preta, proclamarem que são infensas as decisões dos representantes do Povo e não as acatarão.
Agora com o resultado das eleições municipais, cabalmente demonstrada a força do Centrão e da direita pela fragorosa derrota do lulopetismo, tão marcante que sequer conseguiu um único vereador e prefeito no estado de Roraima, poque o povo de lá, vizinho da Venezuela é testemunha ocular da fuga da ditadura de maduro, e simplesmente não votam mais na esquerda que diz ter salvo a democracia e estar fazendo a união e a reconstrução do Brasil. Triste reconstrução esta que só aumenta o déficit orçamentário com a permanente orgia de gastos. Bate-se o recorde de arrecadação, mas estatais que davam lucro, agora voltam a amargar bilhões de prejuízo.
A verdade nua e crua é que nossos governantes não querem, para não perderem seus privilégios, reconhecer que apenas uma CONSTITUINTE EXCLUSIVA, para termos uma NOVA CONSTITUIÇÃO que ordene um Brasil Sério, um modelo de estado moderno e enxuto, impondo limites na gastança e arbitrariedades dos governantes, continuaremos cada vez mais pagando impostos e vendo nossa civilização regredir.
*Nilso Romeu Sguarezi, advogado, ex-deputado constituinte e defensor da tese da Constituinte Exclusiva, com inelegibilidade de 10 anos para os Constituintes que forem selecionados para escrever a nova Carta Magna.