Resumo da ópera
Nas três maiores cidades do Oeste do Paraná, as prefeituras serão comandadas a partir de janeiro por nomes estreantes na função, que suplantaram no embate do último domingo (6) dois ex-prefeitos que tentavam voltar ao cargo e um gestor atualmente no posto que buscava a reeleição.
Partindo do pleito em Cascavel, o prefeito Leonaldo Paranhos, como previam as pesquisas, fez o sucessor ao assegurar a vitória já no primeiro turno do seu vice Renato Silva, coordenando uma bem-sucedida estratégia construída pessoalmente por ele sobre cinco pilares: filiou-se ao PL para consolidar o endosso do ex-presidente Jair Bolsonaro e dos eleitores de direita, usou todo o peso de sua enorme popularidade para transferir votos ao parceiro, garantiu o apoio do governador Ratinho Junior, trouxe para a chapa a juventude de Henrique Mecabô, liderança política com futuro promissor pela frente, e vetou a participação do candidato em entrevistas e debates, diante de suas reconhecidas dificuldades de comunicação quando submetido a pressão. Tomando Renato pelo braço e trabalhando por ele com um denodo que não se viu nem em suas próprias campanhas, Paranhos foi, inquestionavelmente, o grande vencedor da disputa, encerrando seu segundo mandato com o prestígio nas alturas e com bala na agulha para almejar voos mais ambiciosos. Derrotados, o deputado estadual Marcio Pacheco ficou com um honroso segundo lugar e o ex-prefeito Edgar Bueno amargou a terceira colocação, adiando, talvez para sempre, o sonho de governar o município pela quarta vez.
Já em Foz do Iguaçu, confirmando, do mesmo modo, um resultado que as consultas eleitorais vinham apontando desde a metade do mês, o general da reserva Joaquim Silva e Luna ganhou o confronto igualmente no primeiro round, embora por margem bem mais apertada, impulsionado também pelos apoios de Bolsonaro e Ratinho e pela boa imagem que granjeou junto à população pelas obras que a Itaipu Binacional realizou na capital do turismo quando ele dirigiu a hidrelétrica. É preciso destacar, aliás, a dimensão do seu triunfo, valorizado por ter sido seu batismo de fogo nas urnas e pela qualidade do seu principal oponente: o ex-prefeito Paulo MacDonald, que tem no currículo duas excelentes administrações na Terra das Cataratas.
Mas a grande surpresa do dia ocorreu em Toledo onde o arquiteto Mario Costenaro, um dos mais admirados e inspiradores líderes empresariais e associativistas da região, logo em sua primeira experiência eleitoral, realizou um feito extraordinário ao protagonizar uma das viradas mais espetaculares da história das eleições no Estado e atropelar na reta de chegada o prefeito Beto Lunitti, que até às vésperas vinha liderando as sondagens com folgada distância. Fora o apoio do deputado federal Dilceu Sperafico, uma das mais tradicionais lideranças políticas do município, Costenaro teve que se virar praticamente sozinho, concorrendo contra tudo e contra todos, enfrentando a descrença até de amigos próximos, mas sabendo encampar com serenidade e perspicácia a vontade de mudança que germinava na sociedade, o que lhe permitiu encontrar o caminho para fazer valer a força de suas propostas. Placar final: 35.189 votos para Costenaro, 34.568 para Lunitti. Uma diferença de apenas 621 sufrágios e uma apuração emocionante que deixou muita gente à beira de um infarte.
Para concluir, trago uma citação de George Santayana que os futuros prefeitos deveriam ler todos os dias: “Há três tipos de governo: o que faz acontecer, o que assiste acontecer e o que nem sabe o que acontece”.
De resto, boa sorte aos eleitos.