Bloco de Notas
1
Preocupado em “regulamentar” as redes sociais para cercear a liberdade de expressão e censurar seus críticos, o governo Lula deixou correr solta a jogatina nas plataformas virtuais de apostas esportivas e provocou uma verdadeira tragédia social no país. Pelos cálculos do Banco Central, 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família (20% do total de atendidos pelo programa) deram 3 bilhões de reais via Pix para as “bets” só no mês de agosto. É um mercado que movimenta, ao todo, mais de R$ 10 bilhões todo mês, dinheiro que deixa de ser gasto em vestuário e alimentação, impondo graves prejuízos não apenas ao comércio, mas também aos cofres públicos, que nada arrecadam com a atividade. O pior é que das dezenas de milhões de brasileiros que jogam online frequentemente a maior parte é constituída de pessoas com poucos recursos que, já viciadas na prática, fazem até empréstimos e se endividam para buscar a riqueza fácil e rápida. E temos um governo que diz cuidar dos pobres. Só se for para que fiquem paupérrimos.
2
Devemos ser justos com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Não se pode atribuir somente à notória incapacidade operacional de sua pasta o fracasso das políticas de prevenção e de combate aos devastadores incêndios que vêm assolando neste ano os principais biomas do país. Há que se reconhecer que, de fato, existe carência de recursos financeiros para ações mais efetivas no enfrentamento das queimadas, motivo por ela apontado para o avanço descontrolado dos incêndios florestais em grande parte do território nacional. Afinal, Marina precisa atender também outras prioridades do ministério, como o gasto recentemente anunciado de 3 milhões de reais com a realização de eventos, incluindo a aquisição de quitutes de bacalhau e camarão, entre outras iguarias, para servir aos convivas. O Brasil em chamas e Brasília em festa.
3
Maior e mais influente entidade do setor produtivo do Estado, a Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná poderá ser novamente liderada por um nome da região Oeste. O advogado e empresário Flávio Furlan, de tradicional família de Toledo, que já comandou a associação comercial da cidade e a Caciopar, vem despontando com forte favoritismo na disputa que definirá em novembro o próximo presidente da Faciap. Se eleito, será o segundo toledano e o terceiro oestino a ocupar o cargo.
4
Pesquisa inédita da Nexus mapeou o cenário das preferências ideológicas do país, resultante das opiniões coletadas em 21.808 entrevistas feitas em todos os Estados durante o mês de junho. O levantamento indicou que Rondônia, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso, nessa ordem, são os que têm mais eleitores de direita. Por outro lado, os maiores percentuais de eleitores de esquerda estão, também pela ordem, em Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará. Em âmbito nacional, a média é de 29% de brasileiros que se autodeclaram direitistas. No espectro contrário, apenas 15% da população assumem-se como esquerdistas. Espremido entre os dois polos antagônicos, o centro reúne somente 15% de adeptos. Porém, nada menos que 40% dos consultados, a maior porção da amostragem, não se identifica com nenhuma das três correntes. É a chamada “maioria silenciosa”, aquele contingente da população que não se envolve em política, mas que, nas eleições, ora se inclinando para a direita, ora para a esquerda, acaba sendo o fiel da balança e decidindo o destino da nação. Descobrir o que esse eleitorado pensa e aspira é meio caminho para a vitória.
5
Deveríamos prestar mais atenção à crise interna que acaba de eclodir no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, revelada em protesto público de seus servidores contra mudanças “arbitrárias e sem transparência” promovidas pelo presidente do órgão, o polêmico economista petista Márcio Pochmann. Provocada aparentemente por questões funcionais, a desavença, na verdade, é apenas a ponta do iceberg de algo muito mais grave que está em curso: a disputa pelo controle político dos números oficiais do país, prevista por críticos de Pochmann desde que Lula o nomeou para o posto. Não é, portanto, nenhuma surpresa que ele esteja planejando, ainda na surdina, criar uma espécie de “IBGE paralelo” para manipular artificialmente os dados econômicos (como, por exemplo, reduzir a taxa de inflação na marra) de modo a atender os interesses políticos do seu chefe. É só o que falta para liquidar de vez o pouco que resta de credibilidade nas contas públicas do atual governo e repetir a recessão provocada por artimanhas semelhantes inventadas na desastrosa gestão de Dilma Rousseff. Esse pessoal gosta de brincar com fogo.
6
Quer apostar que você não sabe qual é o vinho preferido dos consumidores brasileiros? Vou dar uma pista: não é nenhum dos famosos argentinos, chilenos e nacionais que você conhece. O rótulo mais vendido no país, de acordo com pesquisa da Associação Brasileira de Supermercados, é o Pérgola, um prosaico vinho tinto de mesa produzido há mais de 50 anos na região de Vacaria, no Rio Grande do Sul, pela Vinícola Campestre, de propriedade da família Zanotto. Diferentes dos vinhos finos, elaborados com uvas viníferas ou uvas europeias, os vinhos de mesa são feitos com espécies menos nobres, que podem ser consumidas in natura, como a cataúba ou niágara, por exemplo, resultando em uma bebida menos alcoólica e mais doce. O sucesso do Pérgola, que custa a partir de 15 reais a garrafa e teve 40 milhões de unidades comercializadas em 2023, tem trajetória consolidada: é líder de vendas no Brasil pelo 10º ano consecutivo. Tintin!
7
Reviravolta nos planos da maioria das montadoras norte-americanas e europeias de concentrar esforços em carros puramente elétricos, embora admitam que eles representam, sem dúvida, o futuro da indústria automobilística mundial. Mas é um futuro que, nos últimos tempos, ficou bem distante. Diante de um mercado que, mesmo tendo crescido, ainda se mostra muito aquém das expectativas, das fontes de energia cada vez mais caras e da desigualdade na competição com os custos de produção extremamente vantajosos das marcas chinesas, as fábricas ocidentais decidiram botar o pé no freio e focar suas estratégias em modelos híbridos, que misturam baterias e combustão. O sonho de um planeta entrando no curto prazo em um cenário de queda nas emissões de gases poluentes gerados pela queima de combustíveis fósseis vai ficando postergado. O mundo ainda está longe de conseguir viver sem o petróleo. Não dá pra brigar com a realidade.
8
Surgem novos detalhes daquele que promete vir a ser o maior prédio residencial do mundo, se é que até ficar pronto, daqui a 10 anos, não surgir nenhum outro para desbancá-lo. Inicialmente chamado de Triumph Tower, o fabuloso edifício, que começa a ser erguido a partir do segundo semestre de 2025 na orla de Camboriú pela FG, foi rebatizado de Senna Tower em homenagem ao lendário piloto brasileiro de Fórmula 1, formalizando uma parceria entre a família do ídolo, morto em trágico acidente em 1994, e a renomada construtora conhecida por assinar outras icônicas obras portentosas na cidade catarinense, onde estão quatro dos dez maiores espigões do Brasil. Orçado em 3 bilhões de reais, o colossal empreendimento ocupará um terreno pertencente a Luciano Hang, dono da Havan, e terá mais de 500 metros de altura, superando em cerca de 28 metros o Central Park Tower, em Nova York, atualmente a edificação residencial mais alta do planeta. Para os futuros moradores estão reservadas 228 unidades, incluindo duas coberturas triplex de 903 metros quadrados e quatro duplex de 600 metros quadrados, além de apartamentos “menores” de 563, 420 e 400 metros quadrados. O projeto prevê ainda áreas de entretenimento, lazer e gastronomia abertas ao público, incluindo um espaço imersivo sobre a vida e a carreira de Ayrton Senna. Camboriú ficou famosa por ter uma das mais belas praias do Brasil. Hoje, o mar, ensombrado por magníficos e luxuosos gigantes de concreto e vidro enfileirados na Avenida Atlântica, é só mais um detalhe.
9
Sombrio já pelo nome, o Relógio do Juízo Final é um dispositivo simbólico que mede o risco de extinção da humanidade através da movimentação de seus ponteiros: quanto mais próximos eles estiverem da meia-noite, mais perto a Terra estará do término de sua existência. Quando foi criado por um grupo de cientistas da Universidade de Chicago em 1947, momento em que o mundo começava a se assustar com o desenvolvimento da bomba atômica, o mostrador indicava sete minutos para a hora fatídica. Desde então, os números são resetados a cada início de ano e posicionados de acordo com o grau das ameaças que rondam o planeta, podendo regredir (em caso de melhora) ou avançar. Em janeiro o “horário” foi atualizado e chegou à marca de 90 segundos para a meia-noite pela primeira vez na história. Com as guerras no leste europeu (onde a Ucrânia enfrenta bravamente a criminosa invasão da Rússia) e no oriente médio (onde Israel se defende dos grupos terroristas financiados pelo Irã que desejam sua aniquilação) se agravando cada vez mais, aumentando não só a probabilidade de arrastar outras nações para ambos os conflitos, como também a possibilidade de algumas delas cederem à tentação de empregar suas armas nucleares, logo estaremos, realmente, na iminência do Apocalipse. O homem é um animal perigosíssimo até para ele próprio.
10
Quem fez o resumo perfeito da vergonhosa participação do presidente do Brasil na Assembleia Geral da ONU foi o senador Sergio Moro: “Lula foi lá falar mal de Israel e da Ucrânia, adular o Putin, omitir-se quanto ao Maduro, ser ofuscado pelo Milei, ser repreendido pelo Boric e ser ignorado pelos Estados Unidos, além, é claro, de levar a Janja para passear”. Acrescento: a Janja e mais um séquito de 100 convidados especiais, fazendo turismo em Manhattan às nossas expensas. O tamanho da comitiva, a mais numerosa dos chefes de estado presentes à reunião, foi devidamente ridicularizado pela imprensa norte-americana. Aliás, em suas faustosas viagens internacionais, o petista está cada vez mais parecido com o rei da Zamunda, personagem da antológica comédia “Um Príncipe em Nova York”. Como sempre, é a arte imitando a vida.
1 comentário
José A Dietrich Fh · 01/10/2024 às 19:07
O Lula já cometeu crime (s) de responsabilidade fiscal, passível de impeachment, que só não acontece porque foi malandro e comprou o Congresso. E está pagando em dia, logicamente com dinheiro captado no mercado (nacional e internacional), explodindo o orçamento fiscal e o nosso endividamento.