Falta de Chuvas Atrasa Plantio de 2024/25
Reflexões dos fatos e números do agro em agosto/setembro e o que acompanhar em outubro
Prof. Dr. Marcos Fava Neves*
Vinicius Cambaúva*
Beatriz Papa Casagrande*
Na economia mundial e brasileira, o Boletim Focus – relatório divulgado pelo Banco Central – no dia 16/09 fez novas previsões para a economia brasileira: IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) estimado em 4,35% neste ano e 3,95% no próximo (ambos com alta mensal). O crescimento do PIB foi projetado em 2,96% para 2024 e 1,90 para 2025 (os dois também em alta). O câmbio pode terminar este ano em R$ 5,40 e fechar 2025 em R$ 5,35 (desvalorização da moeda local em ambos os casos). E por último, a taxa Selic deve ficar em 11,25% até o final de 2024 e 10,50% no ano seguinte (previsões em alta).
No agro mundial e brasileiro, o índice global de preços dos alimentos calculado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) ficou em 120,7 pontos em agosto, praticamente o mesmo patamar registrado em julho (120,8 pontos) e 1,1% menor do que o valor correspondente há um ano. A ligeira queda foi puxada pelo açúcar, carne e cereais. Começando pelo adoçante (-4,7%), a desvalorização veio por melhores estimativas para a safra 2024/25 na Índia e Tailândia e pressão nos preços do petróleo. Porém, o impacto dos incêndios em importantes áreas produtoras no Brasil sustentaram certos aumentos e podem afetar os preços a frente.
As carnes (-0,7%) caíram devido aos efeitos nos preços internos da carne de frango no Brasil, pela suspensão voluntária de exportações relacionada a doença de Newcastle, mesmo com a declaração do fim do surto uma semana depois. Além disso, a carne suína ajudou na queda com ampla oferta e menor demanda, enquanto os bovinos aumentaram de preço, de forma tímida, com queda sazonal na Oceania. Já nos cereais (-0,5%), a redução veio em função oferta de trigo maior do que o esperado na Argentina e Estados Unidos, que superou a sustentação do milho com preocupações sobre ondas de calor na União Europeia e Estados Unidos, bem como produção mais restrita na Ucrânia. Por outro lado, os óleos vegetais (+0,8%) alcançaram o nível mais alto desde janeiro de 2023, devido as cotações do óleo de palma com menor produção na Indonésia. Por fim, os laticínios (+2,2%) tiveram valorização por conta, principalmente, do leite em pó com demanda aquecida.
Chegamos ao 12º e último levantamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) para a safra 2023/24 de grãos. A produção do Brasil fechou com 298,4 mi de t, sendo 200 mil t a menos do que a previsão do mês anterior e 6,7% ou 21,4 mi de t menor que o observado em 2022/23. Em relação a área, a estimativa é de 79,8 mi de ha (+1,6%) com o aumento na soja, algodão, arroz, sorgo e outros grãos, compensando a queda no milho.
No milho, na atualização mensal do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a estimativa da safra global de milho em 2024/25 foi levemente reajustada para baixo: de 1,219 bilhão de t (agosto) para 1,218 bilhão de t (setembro). O reajuste é justificado por uma queda na estimativa da oferta da União Europeia, em 1,5 milhão de t, agora estimada em 59 mi de t. Em contrapartida, nos Estados Unidos, a oferta foi elevada para 385,7 milhões de t. Demais países seguem com oferta nos mesmos níveis do mês anterior: China com 292,0 mi de t (+1,1%); Brasil com 127,0 mi de t (+4,1%); e Argentina com 51,0 mi de t (+2,0%). Os estoques finais de milho foram reduzidos, para 308,3 milhões de t, volume 0,4% inferior ao de 2023/24.
Olhando para a safra brasileira, a Conab fechou os números de 2023/24 em 115,7 mi de t (era 115,6 em agosto), isto é, 12,3% ou 16,2 mi de t menor que o último ciclo. A 1ª safra é estimada em 22,9 mi de t (-16,1%); a 2ª em 90,2 mi de t (-11,8%) e a 3ª em 2,5 mi de t (+16,3%). Em relação a área, o milho deve ocupar 21,1 mi de ha (-5,4%). Para o progresso da cultura em campo, a Companhia indica que a colheita da 2ª safra foi concluída em todos os estados produtores até o dia 15/09, em ritmo mais acelerado que a safra anterior, quando as operações finalizaram na 1ª quinzena de outubro.
Em relação as lavouras americanas, o USDA indica que as condições, até 15 de setembro, eram: médias em 23,0% (2023: 29,0%); boas em 49,0% (2023: 43,0%); e excelentes em 16,0% (2023: 8,0%). Em geral, condições bem melhores do que no último ano. Cerca de 9% do milho havia sido colhido até então, contra 6% na média dos últimos 5 anos (2019 a 2023).
No Brasil, o plantio da 1ª safra (verão) do ciclo 2024/25 alcançou 12% até 15 de setembro, segundo a Conab, contra 15% na mesma data do ano passado; leve atraso até o momento. Rio Grande do Sul já plantou 44% das áreas previstas (2023: 45%), o Paraná alcançou 29% (2023: 42%) e Santa Catarina está em 5% (2023: 23%).
E com as preocupações do possível atraso no plantio da safra brasileira, os preços têm reagido de forma singela nos últimos dias. Em Chicago, o contrato de milho de dez/24 estava em US$ 4,031/bushel, alta de 1,2% no comparativo com o último mês (US$ 3,984/bushel).
Na soja, o 5º relatório de estimativas da safra global 2024/25, divulgado pelo USDA, apontou um leve incremento na produção global: de 428,7 milhões de t (agosto) fomos a 429,2 milhões de t (setembro); volume que será 8,7% superior ou 34,5 milhões de t adicionais. Entre os grandes, apenas a produção nos Estados Unidos foi revista, estando agora em 124,8 milhões de t (+ 10,1%). Demais países: Brasil com 169,0 milhões de t (+10,5%); Argentina com 51,0 milhões de t (+ 6,0%); e China com 20,7 milhões de t (- 0,7%). Os estoques finais de soja em 2024/25 estão estimados em 134,57 milhões de t, 20% a mais do que no último ciclo; ou 22,3 milhões de t adicionais. Volume ainda segue muito grande.
No Brasil, apesar da redução de 4,7% ou 7,2 mi de t a menos que o ciclo anterior, a safra 2023/24 deve ser a 2ª maior, atingindo 147,4 mi de t. A área, por sua vez, ficou em 46 mi de ha, crescimento de 4,4%. Isso porque a retração se deve a ao atraso e menor volume de chuvas e altas temperaturas em algumas áreas plantadas entre setembro e outubro/23, resultando em replantios e queda de produtividade.
Até 15 de setembro, as condições das lavouras de soja nos Estados Unidos eram: médias com 25% (2023: 30%); boas em 52,0% (2023: 44%); e excelentes em 12% (8%). Já o progresso de colheita estava em 6%, contra 3% na média das últimas cinco temporadas.
No Brasil, o plantio de soja não havia sido iniciado até 15 de setembro, em vista da falta de chuvas em todas as regiões produtoras; ponto de alerta pensando no próximo mês.
A soja também registrou uma leve recuperação nos preços neste mês. Em Chicago, p contrato de nov/24 foi a US$ 10,045/bushel no fechamento da nossa coluna (20/09), alta de 4,7% em relação ao mês anterior (US$ 9,595/bushel). Para os agricultores que ainda não venderam, uma chance com o real mais desvalorizado passou para fixar parte das vendas.
No algodão, em mais um mês, o USDA reduziu a estimativa da oferta global de algodão em 2024/25: de 16,89 milhões de t da pluma (agosto) para 16,65 milhões de t (setembro); alta de 1,2% no comparativo com a safra passada ou 194 mil t adicionais. O reajuste é justificado pela menor produção nos Estados Unidos, com uma leve piora na condição das lavouras nas últimas semanas (apesar de ainda estarem melhores do que no ano anterior); a estimativa está agora em 3,16 milhões de t (+20,6% que 23/24). Na China, maior produtor global, a oferta deve ser de 6,05 milhões de t (+ 1,7%); Índia, 2º colocado, com 5,23 milhões de t (-6,8%); e Brasil, 3º, com 3,63 milhões de t (+14,5%). Estoques finais de algodão estão previstos para fechar o ciclo em 16,65 milhões de t, 1,2% superior a 2023/24; ou 190 mil t adicionais.
A Conab projetou a safra 2023/24 de algodão em 3,6 mi de t (bem alinhada ao USDA), sendo 15,1% ou 480,7 mil t acima do registrado da temporada anterior. O crescimento é reflexo do aumento de 16,9% em área, totalizando quase 2 mi de ha, isso porque a produtividade deve ser ligeiramente menor (-1,5%), ficando em 1.879 t/ha de pluma. Quanto ao avanço das operações no campo, até 15/09, 98,5% das áreas haviam sido colhidas, praticamente o mesmo patamar do ano passado (98,0%). Os estados do MA, PI, MS e MG já finalizaram a colheita, enquanto MT (99,2%), GO (97,0%) e BA (95,1%) estão em processo de finalização.
O USDA avalia que as condições das lavouras de algodão nos EUA estavam nas seguintes condições até o dia 15 de setembro: média em 35,0% (2023: 28,0%); boa em 34,0% (2023: 24,0%); e excelente em 5,0% (2023: 5,0%). Os números mostram que a pluma segue em situação positiva, apesar de as condições terem “piorado” no comparativo com as últimas duas semanas. Até o momento, 10% do algodão norte-americano já foi colhido, acima dos 8% de progresso na média das últimas 5 safras.
O contrato de dez/24 estava em 74,20 centavos de dólar por libra-peso na data de fechamento da nossa coluna, crescimento relevante de 7,0% no comparativo mensal ou de quase 5 cents/lb; em agosto estava e US$ 69,30 cents/lb. A leve piora nas condições das lavoras nos Estados Unidos contribuiu para o movimento.
Nas demais culturas, a Conab estimou a produção em 10,6 mi de t, o mesmo valor do mês anterior e 9,3% maior que o último ciclo. As culturas de maior importância são o trigo (8,8 mi de t | +8,8%) e aveia (1,0 mi de t | +7,6%). O primeiro avançou a colheita em 17,8% até o dia 15/09 (era 22,8% em 2023), enquanto 20,6% das lavouras estão em floração; 19,15 em maturação; 20,6% em desenvolvimento vegetativo e 21,9% em enchimento de grãos. MS (100,0%), MG (99,0%) e GO (97,0%) já colheram praticamente tudo e SP (25,0%), BA (20,0%) e PR (18,0%) ainda estão progredindo com as operações.
A Conab também divulgou as primeiras estimativas para o próximo ano. A produção de grãos deve atingir um recorde histórico na safra 2024/25, com uma estimativa de 326,9 mi de t, 8,2% acima da safra anterior. No entanto, a ocorrência do fenômeno La Niña traz incertezas climáticas e o atraso nas chuvas já preocupa produtores. Para a soja, a demanda global, impulsionada pela produção de biocombustíveis e uso de farelo para alimentação animal, deve aumentar as exportações para 104,7 mi de t (+13,3%). A área plantada pode chegar a 47,4 mi de ha (+3,0%), e a produção deve atingir 166,3 mi de t (+12,8%). No milho, a área plantada permanece estável, mas a produtividade pode aumentar, elevando a produção para 119,8 mi de t (+3,6%). As exportações devem retrair para 34,0 mi de t (-5,6%) com demanda interna aquecida devido, principalmente, a produção de etanol de milho (+17,3%). No caso do algodão, a área cultivada deve totalizar 2 mi de ha (+3,2%). A rentabilidade e a competitividade da pluma brasileira no mercado internacional sustentam as expectativas de uma colheita de 3,7 mi de t.
Na produção de carnes, a expectativa da Conab para 2025 é de estabilidade, com 30,7 mi de t. As produções de frango e suínos devem atingir recordes, com 15,5 (+2,1%) e 5,4 mi de t (+1,6%), respectivamente, impulsionadas pela demanda interna e externa e custo controlado dos grãos. As exportações de frango devem alcançar 5,2 mi de t (+1,9%), enquanto o consumo interno aumentará para 10,3 mi de t (+2,3%). No setor de suínos, o mercado interno deve crescer para 4,2 mi de t (+1,1%), e as exportações são projetadas para 1,3 mi de t (+3,0%), com destaque para a diversificação de mercados e redução da dependência chinesa. Já a carne bovina deve retrair a produção para 9,8 mi de t (-4,3%), devido ao ciclo pecuário, que resultará na retenção de fêmeas. Apesar disso, as exportações devem crescer para 3,7 mi de t (+2,5%), com aumento em novos mercados além da China.
Em agosto de 2024, as exportações do agro alcançaram US$ 14,1 bi, uma queda de 9,5% em relação aos US$ 15,6 bi exportados no mesmo mês de 2023. A redução se deve à diminuição tanto no volume exportado, quanto nos preços dos produtos, impactados pela queda das vendas de milho e pela redução dos preços internacionais dos alimentos.
Os cinco setores que mais contribuíram para o valor exportado, representando 78,6% do total, foram: em 1º o “Complexo Soja”, que registrou US$ 4,5 bi (-19,7%) em vendas. A queda foi provocada pela redução do volume embarcado (-4,1%) e valor negociado (-12,8%) devido à pressão baixista nos preços, influenciada pela expectativa de uma safra recorde nos EUA. Em 2º, as “Carnes” atingiram US$ 2,2 bi (+5,6%), impulsionado pelo recorde nas exportações de carne bovina, com destaque para o aumento de volume exportado (245,36 mil t | +15,7%). Para a carne de frango (356,9 mil t | -13,1%), as vendas externas foram afetadas em função do foco de Newcastle em julho, que acabou restringindo a produção do Rio Grande do Sul para alguns importadores, mas em menos de uma semana, o governo já comunicou o fim do foco da doença. E os suínos (+6,1 mil t | +4,5%) foram compensados por aumento na demanda de alguns países. O 3º ficou com o “Complexo Sucroalcooleiro” que vendeu US$ 1,8 bi (-0,9%) ao exterior. Embora o volume exportado de açúcar tenha sido recorde (3,9 mi de t), a forte oferta brasileira no mercado internacional pressionou o preço médio, levando a ligeira queda no valor total. Na 4ª posição, os “Cereais, farinhas e preparações” totalizaram US$ 1,3 bi (-46,2%). A queda significativa foi puxada pela menor colheita de milho na safra 2023/24 devido a problemas climáticos, resultando em forte diminuição nas exportações do grão (6,1 mi de t | -35,1%). Por fim, os “Produtos Florestais” chegaram no 5º lugar somando US$ 1,3 bi (+16,2%), impulsionados pela forte valorização no preço médio da celulose (+56,0%), mesmo com a queda no volume exportado (-9,2%).
Já as importações de produtos agropecuários atingiram US$ 1,6 bilhão (+8,4%) em agosto. As compras de insumos também registraram variações relevantes, como o aumento de 15,4% em fertilizantes e 16,9% em nutrição animal, enquanto as aquisições de defensivos e máquinas agrícolas tiveram retrações de 27,0% e 4,1%, respectivamente.
O Valor Bruto da Produção (VBP) Agropecuária em 2024 calculado pelo Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) deve atingir R$ 1,201 tri, representando uma ligeira valorização de 0,1% em comparação ao registrado em 2023 (R$ 1,199 trilhões). No setor agrícola, as lavouras devem somar uma receita de R$ 809,1 bi, com retração de 3,2% em relação ao ano anterior. Os maiores crescimentos vieram do cacau (+139,0% | R$ 10,0 mi), batata inglesa (+48,2% | R$ 16,3 mi) e laranja (+46,9% | R$ 31,0 mi). Porém, as culturas que mais contribuíram com o valor foram a soja (-17,4% | R$ 282,3 mi), o milho (-16,6% | R$ 190,9 mi) e a cana-de-açúcar (+1,9% | R$ 118,3 mi). No setor pecuário, o VBP deve somar R$ 391,6 bi, com um crescimento de 7,7% frente a 2023. Entre os destaques estão os bovinos com um valor de R$ 144,0 bi (-0,9%), os suínos com R$ 59,2 bi (+68,9%) e o frango com R$ 99,4 bi (+7,3%).
A queda nos preços das commodities e a seca prolongada que atinge diversas regiões produtoras no Brasil têm freado os investimentos no campo e atrasado a compra de fertilizantes para a safra 2024/25, o que pode reduzir a demanda pelo insumo este ano. No entanto, esse cenário gera preocupação diante de possíveis gargalos logísticos, caso as aquisições fiquem muito concentradas. Somado a isso, a situação de seca tem prejudicado a movimentação de cargas nos portos do Arco Norte, gerando desvio de rotas de embarcações para outros terminais, o que pode contribuir para o aumento nos custos e possíveis atrasos na entrega.
Em 2023, o Brasil obteve crescimento no rebanho bovino de 1,6%, atingindo 238,6 mi de cabeças, o maior número da série histórica iniciada em 1974, embora o ritmo de crescimento tenha desacelerado. O rebanho de aves cresceu 0,6%, chegando a 1,6 bi, enquanto o número de galinhas reprodutivas subiu 2,4%. Por outro lado, o rebanho de suínos caiu 3,1%, totalizando 43,0 mi de animais. Enquanto isso, a produção de ovos de galinha aumentou 2,9%, alcançando 5 bi de dúzias, um novo recorde. Assim como para a produção de leite, que bateu recorde com 35,4 bi de litros (+2,4%), apesar da leve queda no número de vacas ordenhadas, resultado do aumento de produtividade devido ao uso de tecnologias no setor. Os dados são da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) do IBGE.
Concluindo a nossa análise do agronegócio, apresentamos na sequência os preços dos principais produtos agrícolas na data de fechamento da coluna. Para a soja, considerando entrega em cooperativa do estado de São Paulo, a cotação era de R$ 127,20/sc (60kg); e o contrato para entrega em mar/25 estava em R$ 118,80/sc. No milho, o preço físico era de R$ 62,00/sc; e o contrato com entrega em mar/25 na BR apresentava cotação de R$ 70,60/sc. O algodão (base Esalq) estava cotado em R$ 128,34/@. Demais produtos, considerando os dados do Cepea/Esalq, apresentavam as seguintes cotações: café arábica estava em R$ 1.485,84/sc, alta mensal de 2,6%; o trigo Paraná estava em R$ 1.460,58/t, baixa mensal de 2,1%; a laranja para indústria cresceu 3,7% no comparativo mensal, somando R$ 83,91/cx (40,8 kg); e o boi gordo encerrou o mês com uma recuperação significativa, de 8,4%, em preços de R$ 259,95/@.
Os cinco fatos do agro para acompanhar em outubro são:
1. O aspecto mais relevante para acompanhar neste momento é a chegada das chuvas no Centro-Sul do Brasil como ponto de partida para a semeadura de grãos 2024/25, especialmente da soja (milho já iniciado). A previsão indica chuvas apenas no início de outubro, o que já indica atraso na safra, o que pode prejudicar tanto o cultivo de verão, mas principalmente a 2ª safra de milho e outras.
2. Acompanhar como será a “opção de plantio” do agricultor brasileiro. Apesar das estimativas mais recentes (como a da Conab) não apontarem grandes mudanças, a atratividade de preços pode estimular o produtor a cultivos alternativos, especialmente na safrinha (algodão, sorgo, gergelim e outros).
3. Nos Estados Unidos, a colheita foi iniciada; e o inverno se aproxima. No acompanhamento do USDA, o ritmo está de 2 a 3 pontos percentuais acima da média dos últimos 5 anos. Bom ritmo reduz as chances de perdas e reforça a oferta de grãos.
4. Acompanhar os impactos na economia de: aumento de juros no Brasil; corte de juros nos Estados Unidos; as eleições no Brasil, Estados Unidos – e outros países – e seus impactos; e os novos fatos na geopolítica, especialmente o aumento das tensões no Oriente Médio. No fechamento da nossa coluna, o dólar estava em R$ 5,51, baixa de 2,5% no comparativo com a mesma data do mês anterior. Será decisivo aproveitar momentos para decisões nesta safra.
5. Impactos do clima sobre as safras de cana, laranja, café, entre outras.
*Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) da FGV (São Paulo – SP) e da Harven Agribusiness School (Ribeirão Preto – SP). É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos e outros materiais em DoutorAgro.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves).
*Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group e professor na Harven Agribusiness School, em Ribeirão Preto – SP. Engenheiro Agrônomo pela FCAV/UNESP, mestre e doutorando em Administração pela FEA-RP/USP. É especialista em comunicação estratégica no agro.
*Beatriz Papa Casagrande é consultora na Markestrat Group, aluna de mestrado em Administração de Organizações na FEA-RP/USP e especialista em inteligência de mercado para o agronegócio.