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Do Oiapoque ao Chuí

Publicado por Caio Gottlieb em

Por Nilso Romeu Sguarezi*

A evolução da espécie saiu das cavernas quando os humanos eram meros coletores e caçadores pela subsistência da própria vida. A seguir o homo sapiens reuniu-se em tribos nômades e passou a escolher e demarcar pedaços de solo para constituírem seus territórios e, pela então ainda LEI DO MAIS FORTE, terem um governo para guiar e comandar os habitantes daquele território. Finalmente tivemos os ESTADOS INDEPENDENTES ou atuais países deste planeta, mas que ainda guerreiam para manter ou aumentarem seus territórios, como está acontecendo entre Rússia X Ucrânia e Israel X Palestina.

Dizer do Oiapoque ao Chuí, estarmos falando dos limites NORTE e SUL deste continental território brasileiro que já tem uma população de mais de 212 milhões de habitantes em que 1,5 milhão são imigrantes, dos quais 650 mil são refugiados. Em Roraima, por exemplo, há mais de 130 mil imigrantes ou refugiados venezuelanos, mas em todos os cantos destes 8 milhões de km2, nos deparamos com levas da constante e permanente migração que estamos acostumados a receber e que, com o passar do tempo, neste cadinho da mestiçagem, acabam se incorporando aos nossos usos e costumes e assumem a cidadania brasileira, assim como atualmente aqui estão os mais de 160 mil haitianos que enfrentavam crise humanitária e de segurança em sua terra nativa.

Como disse em seu artigo o jornalista Marcelo Tas “se considerarmos que a civilização humana existe há 200 mil anos, e o espaço de uma geração, em média, como 40 anos, pode-se concluir que já passaram por esse planetinha cerca de 5 mil gerações. O espantoso é que a primeira geração de mulheres que teve acesso à educação formal foram as frequentadoras do Queen’s College de Londres, escola fundada em 1848, já em meados do século 19, praticamente ontem!”

Aplicando este raciocino desde os 500 anos do nosso descobrimento, somente 50 gerações de brasileiros começaram a nascer nesta “terra em que se plantando tudo dá”, mas apenas 5 gerações depois da independência da colônia lusitana.

Ou seja, entre as 5 mil gerações que já passaram pelo mundo, é espantoso notar que apenas as últimas quatro gerações de mulheres passaram a ter acesso à educação. No Brasil todos sabem que as mulheres são a maioria da população.

“Quando uma sombra, semelhando-se a um leão se aproximava, nosso ancestral certamente corria. Naquela época, provavelmente ninguém se punha a filosofar sobre qual era a espécie de leão ou se o leão estava com fome. Os muito reflexivos acabavam devorados. Qualquer tido de alimento digerível era consumido. Sucesso significava interpretar rapidamente o ambiente para permanecer vivo. Para sobreviver, o homem obrigava-se a pensar em curtíssimo prazo, e quase nunca a planejar. Não temos mais que correr de leões ou matar mamutes. Entretanto, continua havendo uma enorme tensão entre nossos instintos da época das cavernas e a necessidade da vida moderna. Vejamos algumas reações físicas e mentais que hoje não servem para nada, mas que continuamos experimentando. O aumento exagerado dos batimentos cardíacos antes de uma entrevista de emprego, ou o início de um namoro; o suor frio de uma reunião importante ou competição esportiva; o estado de alerta imediato quando ouvimos à noite um barulho inesperado; a explosão de raiva no trânsito; a excitação sexual embaraçosa; a salivação abundante diante de um prato de comida. Provavelmente, nenhuma destas reações vai salvar nossas vidas, mas continuamos a experimentá-la, querendo ou não. A verdade é que o corpo do ser humano moderno reage institivamente como reagia há milhares de anos. Esses instintos continuam muito fortes”. (EDUARDO FERRAZ – POR QUE A GENTE DO JEITO QUE A GENTE É? (edição 2010, pag.27)

Mesmo com pouca história perante o restante das milenares culturas e civilizações, estamos formando uma mescla humana que tem algumas características inconfundíveis como sua criatividade, concórdia e harmonia racial, alegria musical e acima de tudo um espírito de solidariedade social inapagável ante as desgraças alheias.

Pois bem, a catástrofe climática no território do Rio Grande do Sul, mental e emocionalmente afetou a todos os brasileiros do Chuí ao Oiapoque. O POVO não esperou o GOVERNO e se mobilizou de imediato, quer com doações, bem como de todos os lado e cantos se deslocando para o território gaúcho para salvar vidas de pessoas e animais. Milhares foram salvos por pessoas do povo.

Evidente que houve uma mobilização dos governantes federais, estaduais e principalmente municipais. Mas o que deveria ser a congregação de UNIÃO E CONCÓRDIA ENTRE ELES, para o bem do povo e pelo povo – (como sói acontecer numa verdadeira democracia), lamentavelmente passou a ser mais uma abjeta disputa com trocas de acusações e vaidades pessoais que propriamente um espírito de solidariedade humana como ficou e está sendo demonstrado pela população. Alguns governantes querendo tirar vantagem em cima da desgraça dos governados, até mobilizaram “claques de áulicos” para aplaudi-los ao anunciarem medidas de duvidosa e incerta realização.

Como explica Carlos Alberto Di Franco, “Existem dois Brasis. A dicotomia é cada vez mais evidente e está gritando na força irreprimível da verdade dos fatos e das fotos. Existe um Brasil dominado por uma casta que vive do poder, do dinheiro, da vaidade e da ideologia manipuladora. E existe um Brasil constituído por um povo trabalhador, amável, tolerante, carregado de valores e que, finalmente, despertou para o exercício da própria liberdade”.

Toda a criatividade deste povo, quando chega na parte do governo vai agua a baixo. Nossos governantes ainda não incrementaram a produção da bioenergia, mesmo com a maior reserva de água doce do planeta. Não temos vias de transporte terrestres adequadas para a topografia das regiões montanhosas fazendo com que nossa estupenda produção agrícola perca competividade até chegar aos portos, sem contar os fatídicos números de morte nestas estradas entupidas de veículos por termos desprezado as ferrovias e optado pelo rodoviarismo.

Em síntese, não termos um sistema de educação que nos tire do subdesenvolvimento e o pior de tudo, mantermos este sistema presidencialista de governo que permite cheguem ao comando da nação mentes populistas, demagógicas e mentirosas que se deslumbram com o poder pelo poder, para via de regra, enriquecerem-se proclamando-se socialistas e até comunistas. Sem esquecer que este ultrapassado sistema prega a ilusão de que os poderes são harmônicos entre si. A permanente beligerância das cúpulas governamentais, contrasta com a permanente solidariedade popular do Oiapoque ao Chuí que ao final e ao cabo tem que pagar a conta.

Consertar isso, SOMENTE SERÁ POSSIVEL QUANDO O POVO DESPERTAR E TOMAR CONSCIÊNCIA de que apenas ELE MESMO com uma CONSTITUINTE EXCLUSIVA E POPULAR, escreverá novas regras de responsabilidade e principalmente de punibilidade dos maus, despreparados e enganadores governantes.

NILSO ROMEU SGUAREZI, advogado, ex-deputado federal constituinte de 1988, defensor da tese da PEC da Assembleia Nacional Constituinte Exclusiva, com eleição pelo voto distrital, sem financiamento desses imorais e bilionários fundos eleitorais, com homens e mulheres que se disponham a escrever novas regras constitucionais e também ficarem inelegíveis por 10 anos.

Categorias: OPINIÃO

2 comentários

Taísa Soares · 22/05/2024 às 20:47

Perfeita abordagem… infelizmente o nosso país passou a ser governado por uma cúpula de políticos , que visam somente, os interesses pessoais… pois qualquer, independente de ser ou não ficha limpa, pode ser candidato a maior esfera da liderança brasileira!! Decepcionada com a política de modo geral!😢😪😪🙏🙏🙏

Adão Graciano Dal Moro · 22/05/2024 às 18:01

Grande reflexão.
Embora as mudanças necessárias nos pareçam inacessíveis, sempre há uma esperança com a comunicação de nossos dias, que o povo efetivamente acorde para a realidade.

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