Um governo sem povo
Quem joga truco conhece a expressão “trucar sem carta”. É o velho e famoso blefe, também chamado popularmente de facão.
Pois os organizadores dos protestos do último sábado (23) fizeram exatamente isso: trucaram sem carta, blefaram, tentaram passar o facão.
E caíram do cavalo.
Planejados em diversas cidades para serem uma resposta governista à mega concentração pró-Bolsonaro do dia 25 de fevereiro, que reuniu mais de 1 milhão de seus apoiadores na Avenida Paulista, em São Paulo, os atos agora promovidos por um amontoado de partidos, sindicatos e movimentos de esquerda, liderados pelo PT, PCdoB e Psol, foram um retumbante fracasso de público.
Um fiasco acachapante. Um vexame histórico.
O evento que conseguiu mobilizar o maior número de militantes tinha no máximo pouco mais de mil pessoas. Nos demais, viam-se apenas algumas dezenas de gatos pingados, que podiam ser contados nos dedos e não escondiam a vergonha por pagarem um mico tão humilhante.
Antevendo o desastre, Lula e seus ministros, espertamente, ficaram longe das manifestações. Não deram nem um pio pra convocar a companheirada. Fingiram que não tinham nada a ver com aquilo.
Ocorre-me, a propósito, uma sábia citação do presidente norte-americano Abraham Lincoln: “Às vezes é melhor ficar calado deixando que os outros pensem que você é um idiota, do que abrir a boca e não deixar nenhuma dúvida.”
Ou seja, se essa turma tivesse ficado em casa quietinha não teríamos, como temos agora, mais do que nunca, a certeza de que o presidente que ocupa atualmente o Palácio do Planalto não tem a maioria da população a seu favor. Muito pelo contrário.
Em suma, o homem tem escasso respaldo popular, não sai às ruas com medo de ser xingado, mas teve votos para se eleger. É curioso né?