A verdade nua e crua
É evidente que Lula e seus parceiros do Supremo Tribunal Federal, liderados pelo ministro Alexandre de Moraes, nunca acreditaram que a depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023 por uma horda de arruaceiros tenha sido uma tentativa de golpe de Estado.
O patético evento montado para celebrar o aniversário de um ano do que eles chamam de “resistência democrática” a um risco que jamais existiu, promovido pelo consórcio que as urnas eletrônicas ungiram nas últimas eleições presidenciais para comandar o país, teve o único propósito de turbinar a falsa acusação de que a balbúrdia foi urdida por Bolsonaro e seus correligionários como parte de um plano para tomar as instituições de assalto, roteiro de uma narrativa que serve apenas de pretexto para o STF seguir afrontando a Constituição e adotando infindáveis e intoleráveis medidas ditatoriais.
Justifica-se, assim, o sentenciamento dos vândalos a penas desproporcionais à gravidade dos delitos, não aplicadas nem mesmo a crimes hediondos, a manutenção de centenas de inocentes presos por terem simplesmente se manifestado em frente aos quartéis contra a volta do PT ao Palácio do Planalto, a crescente restrição à liberdade de opinião e a intimidação de jornalistas que ousam levantar a voz para criticar tais abusos.
Não se trata de uma disputa ideológica. Trata-se de um processo de perseguição implacável e de odiosa vingança contra adversários políticos, típicas de um Estado de exceção.
Aliás, o imaginário “atentado à democracia” não é denunciado apenas pela oposição e por setores da imprensa não cooptados pelas gordas verbas publicitárias federais.
Um dos mais respeitados expoentes da esquerda também não hesita em desmascarar a encenação.
Comunista histórico, deputado federal por cinco mandatos, titular de quatro diferentes ministérios em gestões petistas, Aldo Rebelo afirma que “faz bem à polarização atribuir ao antigo governo a tentativa de dar um golpe. Criou-se uma fantasia para legitimar esse sentimento que tem norteado a política nos últimos anos. É óbvio que aquela baderna foi um ato irresponsável e precisa de punição exemplar para os envolvidos. Mas atribuir uma tentativa de golpe àquele bando de baderneiros é uma desmoralização da instituição do golpe de Estado”.
Em outro trecho incisivo da entrevista que concedeu sobre o episódio a um site de notícias, Rebelo ressaltou que “atribuir ao STF a responsabilidade de protetor da democracia é dar à Corte uma função que ela não tem nem de forma institucional, nem política. Isso atende às necessidades do momento. Há uma aliança do Executivo e do Judiciário em contraponto ao Legislativo, onde o Executivo não conseguiu ter maioria. É uma compensação”.
Tomaram, pois, uma sábia decisão o governador paranaense Ratinho Junior e seus colegas de outros 13 estados quando resolveram não se prestar ao ridículo de juntar-se à claque que deu quórum a um festejo eminentemente petista.
Pouparam-se de carregar pelo resto da vida a vergonha de terem prestigiado uma farsa.
Pouparam-se, também, do constrangimento de serem forçados a aplaudir discursos demagógicos e as perigosas pregações de Lula e Xandão a favor do endurecimento da regulamentação da internet, classificadas até pela chapa-branca Folha de S. Paulo, em contundente editorial, como ameaçadoras à liberdade expressão.
Tudo seria cômico, se não fosse trágico.
2 comentários
Irani Rodrigues Maciel · 14/01/2024 às 18:13
Endosso inteiramente o ensaio!
Augusto Fonseca da Costa · 14/01/2024 às 16:52
Aldo Rebelo é um raro caso de cura dessa doença contagiosa, progressiva e fatal para a lucidez, que é esquerdopatia messiânica, onde o portador sente que nasceu dono da verdade para que possa, com essa narrativa, implantar à força seu ideal utópico de uma sociedade igualitária e perfeita.