Quem cala consente
Poeta e dramaturgo, Vladimir Maiakovski foi um dos teóricos da revolução bolchevique que implantou o comunismo na Rússia em 1917.
Atribui-se a ele um famoso poema que, usando metáforas para representar a violência em escala crescente de agressividade, mostra como a omissão, a permissividade e o medo acabam por legitimar a opressão e o arbítrio.
Mas o seu verdadeiro autor, entretanto, é o brasileiro Eduardo Alves da Costa, que o escreveu na década de 1960 em outro ambiente histórico e político.
Eis os versos que você, muito provavelmente, já deve ter lido algumas vezes:
“Na primeira noite, eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.”
Pois o texto voltou a circular intensamente nos últimos dias em protesto contra os novos ímpetos autoritários do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, agora direcionados para intimidar um grupo de empresários e impedi-los de exercer o direito à liberdade de expressão assegurado na Carta Magna da República a todos os cidadãos brasileiros.
Sem que ninguém ou nada refreie seus arroubos ditatoriais, ignorando solenemente as críticas que fazem a seus atos ilegais e antidemocráticos os mais renomados juristas do país, Moraes segue agindo, cada vez mais à vontade, como chefe imperial de um estado policial intolerante com opiniões que divirjam do seu modo de ver o mundo.
Até onde isso vai?
1 comentário
Romildo Mousinho Ferreira · 30/08/2022 às 20:51
Moraes é um tirano cuja vilania a toga, em lugar de encobrir, trouxe à luz.