O trem-bão do América descarrilou em Cascavel

Foto: Bruno Cesar Mayer Arriola

Ah, os deuses do futebol! Sempre eles, pregando suas peças e nos lembrando que dentro das quatro linhas não tem favorito garantido, não tem script pronto, não tem resultado antecipado.

O roteiro parecia escrito. O tradicional América, terceira força do futebol mineiro, vinha cheio de autoconfiança depois da vitória no domingo sobre o Cruzeiro, que o colocou na final do campeonato estadual.

Com a moral lá no teto, o visitante chegou a Cascavel empoderado, completo, embalado para passar o carro no Estádio Olímpico e garantir um pulo sem sobressaltos para a próxima etapa da Copa do Brasil.

Afinal, do outro lado estava o Futebol Clube Cascavel, eliminado do campeonato paranaense, vivendo uma fase de pouca inspiração, até meio desacreditado, pronto, ao que tudo indicava, para ser atropelado.

Mas a turma das Minas Gerais só esqueceu de combinar com os donos da casa.

Quando a bola rolou, o que se viu foi um Cascavel fazendo uma apresentação impecável, de igual pra igual, mostrando que camisa e favoritismo não ganham jogo.

Muitos poderão dizer que foi obra da sorte, mas o fato é que o time anfitrião, na reestreia (com pé direito) do técnico Tcheco no comando do elenco, fez uma de suas melhores partidas dos últimos meses, exibiu raça, qualidade e construiu uma vitória histórica com um belo gol de Serafini, botando a mão em um prêmio de 1 milhão de reais pela classificação.

Já o América, que desembarcou na cidade como rei da festa, saiu calado, obrigado a engolir em seco o inesperado revés. Achou que vinha buscar lã e voltou tosquiado.

Se tem um recado que esse jogo deixou, é que futebol não se vence com estatística, retrospecto ou soberba. Se alguém achou que o América passaria fácil, caiu no velho erro de contar com os ovos antes da galinha botar.

No campo, quem entrega mais, leva. E na quarta-feira, quem entregou foi o FC Cascavel.

Que sirva de lição: respeitem a caixinha de surpresas do futebol.