Bloco de Notas
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Sem nada de relevante para ser destacado dos 100 primeiros dias do governo, jornalistas da grande mídia que trabalharam intensamente pela eleição de Lula, agora arduamente empenhados na tentativa de produzir notícias positivas sobre o ídolo, decidiram transformar a viagem do petista à China no grande acontecimento do ano. Parece até um Marco Polo da era moderna. Eufórica, uma conhecida colunista escreveu que na visita aos Estados Unidos, em fevereiro, quando foi recebido pelo presidente Joe Biden, o mandatário brasileiro “chegou e saiu de mãos abanando. Com Xi Jinping, ele levou e vai trazer malas cheias de acordos e intenções.” Não quero ser desmancha-prazeres, mas apenas lembro que de boas intenções o inferno está repleto. E resta a curiosidade de descobrir qual será o custo para o Brasil desse casamento geopolítico com o gigante asiático. De uma coisa a gente já sabe: os chineses não pregam prego sem estopa.
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Com formatura e desfile da tropa no quartel do 33º BI Mec, o general de brigada Marcos Americo Vieira Pessoa, comandante da 15ª Brigada de Infantaria Mecanizada, sediada em Cascavel, recebe autoridades civis e militares na manhã da próxima quarta-feira (19) para celebrar o transcurso do Dia do Exército.
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Um recorde histórico do agronegócio brasileiro será registrado assim que for completada a colheita deste ano: o país vai superar pela primeira vez a marca de 300 milhões de toneladas de grãos. Para se ter uma ideia da dimensão do número, é mais do que toda a safra da Argentina, que enfrenta o terceiro ciclo consecutivo de seca e irá tirar das lavouras apenas 75 milhões de toneladas, contra uma estimativa inicial de 122 milhões. A má notícia: mais de um terço da nossa produção não terá espaço de armazenagem, uma deficiência estrutural que vem se acentuando desde 2000, quando ainda existiam silos para guardar, se fosse o caso, todas as safras de um ano. É simples explicar: enquanto o plantio de grãos, a partir de 2010, aumentou 82%, a capacidade de armazenamento cresceu apenas 35%. A defasagem resulta em prejuízos para todos os setores da economia, impactando no custo dos alimentos para o consumidor final. Sem armazéns e secadores, o produto fica depositado a céu aberto ou em cima de caminhões. Nessa situação, começa a perder qualidade e o preço do frete explode. Por tratar-se de uma questão estratégica e de segurança alimentar para o país, a disponibilização de mais linhas de crédito para a construção de silos e armazéns deveria ser prioridade da agenda governamental. Mas a prioridade dos atuais dirigentes da nação é destratar os produtores rurais e prestigiar os invasores de terras.
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Há manchetes que, por si só, dispensam maiores detalhes, como a de uma notícia publicada na primeira página do jornal O Estado de S. Paulo: “Empreiteiras apostam em Lula e novo PAC para se reerguer, após jejum de obras públicas.” Está aí uma aposta vencedora. O presidente ungido pelas urnas eletrônicas após ter sido “descondenado” pelo STF certamente não irá decepcionar os velhos parceiros, ainda mais agora que a Lava Jato, praticamente desmantelada, não oferece mais perigo para atrapalhar os negócios. Os bons tempos estão de volta.
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Abrindo a temporada dos grandes eventos enófilos na cidade, Caco Dalavechia reúne convidados no Don Cardoni na próxima sexta-feira (21) para harmonizar a excelente gastronomia árabe do restaurante MoMa com os apreciados vinhos da bodega argentina Renacer, entre eles o cultuado Milamore. A confraternização tem a finalidade de promover o lançamento do Wine Day Festival, marcado este ano para 20 de maio. Será uma verdadeira maratona de degustações, regada a mais de 300 renomados rótulos de todos os continentes, além de boa comida e shows de jazz e MPB.
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Tem pauta cheia a reunião da Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais do Oeste do Paraná que acontece na manhã deste sábado (15) em Cafelândia, com destaque para discussões sobre a futura Reforma Tributária. Participarão do encontro, de forma virtual, o Secretário Extraordinário da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, e o ex-deputado federal paranaense Luiz Carlos Hauly, autores dos dois principais projetos sobre o assunto que estão em debate no Congresso Nacional. A ideia da Caciopar é acompanhar atentamente a evolução do tema. O setor produtivo não quer ser surpreendido com mudanças que acabem trazendo aumento da carga de impostos. O seguro morreu de velho.
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Passou quase despercebida, mas teve gente que viu, dias atrás, a presença do notório Renato Duque na 13ª Vara Federal de Curitiba. Ex-operador de propinas na Petrobras, ele foi prestar depoimento na Lava Jato e confirmou o esquema de corrupção na estatal. Disse que foi indicado à Diretoria de Serviços pelo PT e citou Lula e Dilma Rousseff como seus padrinhos. Não tem jeito: o PT quer esquecer o Petrolão, mas o Petrolão não esquece do PT.
1 comentário
Leandro Salomão · 15/04/2023 às 12:01
Pontual e certeira sua explanação.
Sugiro a quem quiser se aprofundar no assunto Brasil X China, assista as entrevistas do expert em China o Professor Roberto Dumas.
Nosso gargalo na logística e silagem de grãos, logo nos custará caros se nada for feito. Pay attention!
https://g1.globo.com/globonews/globonews-em-ponto/video/roberto-dumas-o-brasil-esta-sedento-por-infraestrutura-11535224.ghtml