Quando a justiça é igual para todos
Sem chamar muita atenção, até porque notícias do gênero já viraram rotina, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal anulou a Operação E$quema S (o cifrão foi bem sacado), deflagrada no ano passado no âmbito da Lava Jato do Rio de Janeiro contra 27 advogados acusados de receber ao menos 151 milhões de reais que teriam sido desviados da Federação do Comércio do estado e de entidades do Sistema S.
O ato invalida o recebimento das denúncias, cancela as provas colhidas nas investigações e libera R$ 784 milhões em bens bloqueados para cobrir prejuízos decorrentes das falcatruas que viessem a ser comprovadas.
Figuram nesse grupo, por exemplo, Cristiano Zanin, que defende o ex-presidente Lula, e Frederick Wassef, que atua para a família do presidente Bolsonaro.
Vê-se, por essas e outras, como Lula e Bolsonaro são profundamente injustos e ingratos em suas constantes críticas ao STF.
Mas há mais nomes ilustres beneficiados pela magnânima decisão da Corte: o advogado Eduardo Martins, filho de Humberto Martins, presidente do Superior Tribunal de Justiça; Tiago Cedraz, filho de Aroldo Cedraz, ministro do Tribunal de Contas da União; e Adriana Anselmo, mulher do ex-governador Sérgio Cabral, condenado por corrupção a mais de 300 anos de prisão.
Por 3 votos a 1, os ministros do colegiado consideraram que o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal, não tinha atribuição legal para supervisionar o caso, que agora será remetido para a Justiça Estadual, onde vai mofar indefinidamente no gabinete abarrotado de processos de algum magistrado de 1ª instância para recomeçar da estaca zero.
Ou seja, ficará para as calendas gregas, aquela famosa expressão romana usada para descrever um tempo que nunca há de vir.
Entendeu, na prática, o significado da palavra impunidade?