Enquanto isso, na Sala da Justiça…
Quando disse, no início da pandemia, naquele momento em que a atenção da mídia voltava-se toda para o novo coronavírus, que o governo deveria aproveitar para “ir passando a boiada” e fazendo uma baciada de mudanças em regras e normas para agilizar o licenciamento ambiental, o ministro Ricardo Salles apanhou mais do que tapete em dia de faxina.
No entanto, sob as vistas grossas e o silêncio cúmplice da grande imprensa, que só tem olhos para a Covid, a maior boiada está passando mesmo é no Supremo Tribunal Federal que, depois de anular as condenações de Lula e determinar a paralisação de dezenas de processos e inquéritos envolvendo criminosos de colarinho branco, rechaçou dias atrás o acordo de delação premiada que o ex-governador fluminense Sergio Cabral havia firmado com a Polícia Federal, enterrando não apenas a acusação contra o ministro Dias Toffoli por venda de decisão judicial, mas também denúncias contra Lulinha, Eduardo Paes, Aécio Neves e o ministro do STJ Humberto Martins.
Ficou impossível disfarçar: o desmonte gradual e sistemático da Lava Jato pelo Poder Judiciário, especialmente no âmbito do STF, tornou a prisão de políticos um evento quase impossível, consolidando a impunidade dos ricos e poderosos como um indestrutível patrimônio cultural da nação.
Desde que foi deflagrada, há sete anos, a operação teve 42 políticos denunciados e 21 condenados, mas só um, que vem a ser justamente Cabral, segue na cadeia.
Provavelmente seja mais um recorde mundial do Brasil.
Na guerra entre a lei e a corrupção, não se sabe de outro país com maior número de vitórias da bandidagem.
2 comentários
Marcos Villanova de Castro · 15/06/2021 às 09:56
Bem por isso se diz que o STF brasileiro funciona como uma banca de advogados dos criminosos mais poderosos do Brasil. São os mais caros advogados do país, mas quem paga seus honorários – aí uma ‘suprema’ ironia – é o povo brasileiro, justamente as maiores vítimas dos criminosos.
Kaká Vaktrique · 14/06/2021 às 22:53
Com certeza