O crime compensou
Não há como negar o óbvio. Era uma tragédia anunciada, e ela se consumou.
Deflagrada quando a Operação Lava Jato desvendou a colossal rede de negócios fraudulentos que roubou bilhões de reais da Petrobras, em um esquema que se estendia para outras empresas estatais e envolvia também diversos órgãos do governo federal durante as presidências de Lula e Dilma, a guerra contra a corrupção no Brasil está perdida.
As forças políticas de direita, centro e esquerda que há décadas se revezam ou se associam no poder e se mancomunam com grandes grupos empresariais e financeiros para assaltar os cofres públicos estão impondo fragorosa derrota aos brasileiros que nestes últimos anos chegaram a alimentar a esperança de que poderiam viver em um país sério.
As recentes decisões do Supremo Tribunal Federal, somadas a um longo histórico de complacência com os marginais de colarinho branco, são a prova inequívoca de que a Corte não gosta de punir corruptos de alto coturno e tem raiva de quem os pune.
Em resumo, a impunidade tornou-se uma espécie de licença que o STF confere aos bandidos ricos e poderosos para continuarem praticando delitos.
Autor do premonitório livro “Mãos Limpas e Lava Jato”, lançado em 2017, em que faz um comparativo entre as duas maiores investigações sobre a corrupção sistêmica na Itália e no Brasil e levanta o temor, agora confirmado, de que a operação brasileira poderia repetir o fracasso da congênere italiana, o procurador Rodrigo Chemim, do Ministério Público do Paraná, defende no final da obra a necessidade de se fazer uma revolução educacional no país: “Este será sempre o caminho imprescindível para mudar a cultura da corrupção”.
E arremata sua reflexão lembrando o ensinamento de uma conhecida sabedoria popular: se quisermos um mundo melhor para nossos filhos, precisamos decidir que filhos deixaremos para o nosso mundo.
A mudança está em nossas mãos.
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