Abril Vermelho, vergonha nacional
Abril chegou, e com ele o ritual macabro de sempre: terras invadidas, propriedades violadas, direitos desfeitos sob os gritos inflamados do que se convencionou chamar — sabe-se lá por quê — de “movimentos sociais”. Como em toda temporada do chamado Abril Vermelho, o MST volta a vestir sua fantasia revolucionária para protagonizar o mesmo espetáculo de sempre: o do crime anunciado, encenado e jamais punido.
Neste último fim de semana, onze propriedades foram ocupadas em cinco estados — Minas Gerais, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e São Paulo. Não se trata de surpresa. Trata-se de previsibilidade criminosa. As ações são previamente divulgadas, alardeadas como se fossem atos de heroísmo popular, quando na verdade são esbulhos possessórios em larga escala, escancarando o desprezo à Constituição e o desdém pelo direito de propriedade — esse pilar que sustenta qualquer democracia digna do nome.
O silêncio do governo é eloquente. O Ministério da Justiça faz ouvidos moucos, a Presidência da República se esconde sob discursos vagos e declarações oblíquas. Não há reação, porque não há vontade. Como bem pontuou o deputado federal Pedro Lupion, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, essa é uma aliança de longa data: o MST é um sindicato informal do lulismo. Não precisa de cargos, porque já tem carta branca. O Planalto não incentiva — seria demais —, mas também não impede. Finge que desaprova, mas mantém a porta aberta e o cafezinho quente para os invasores.
E é justamente essa parceria tácita, histórica, visceral entre o MST e o Partido dos Trabalhadores que garante a impunidade dos atos. Enquanto os produtores recorrem à Justiça apenas para poder plantar, colher e sustentar a economia nacional, os militantes do MST seguem invadindo terras com a bênção da omissão oficial.
O que se observa é um país que, ao mesmo tempo em que alimenta o planeta com sua produção agropecuária, assiste ao esvaziamento interno da segurança jurídica no campo. O Brasil é hoje líder mundial em exportação de soja, milho, carne bovina, frango, café, açúcar, algodão… Somos a esperança de segurança alimentar para dezenas de nações — e, paradoxalmente, somos também um palco de insegurança jurídica promovida por interesses ideológicos travestidos de justiça social.
A reforma agrária de verdade — aquela que respeita a lei, valoriza a produção e emancipa quem trabalha — foi há muito abandonada. O MST não quer produzir, quer pressionar. Não reivindica lotes, reivindica espaço político. Serve, como lembrou Lupion, para mandar recado ao Presidente e ao PT. Não planta alface, planta chantagem.
E por quê? Porque o que está em jogo nunca foi terra, mas ideologia. O MST é, em sua essência, um braço da velha doutrina de luta de classes, que busca contrapor o “camponês explorado” — frequentemente uma massa de manobra pobre, vulnerável e manipulada — ao “agronegócio opressor”, que representa o capitalismo produtivo, moderno e globalizado. É o embrião de um projeto de poder: semear o conflito social no campo como instrumento de pressão política, sonhando com um modelo que, onde foi implantado, só gerou miséria.
Enquanto isso, o campo — esse que trabalha, gera emprego, exporta, paga impostos e sustenta superávits — segue sendo vilipendiado sob a complacência cúmplice de um governo que não apenas se omite, mas que tem no caos a sua zona de conforto.
Abril é vermelho, sim — como a bandeira do PT, como o boné do MST, e como a face da vergonha nacional. Não é a cor da luta, nem da justiça social.
É a cor do constrangimento institucional, da complacência criminosa e da omissão que sangra o direito de propriedade no país que alimenta o mundo.
1 comentário
Waldemar Ferreira de Souza · 08/04/2025 às 18:42
Que o Caio merece todo nosso respeito e admiração pelo que escreve.Seria muito bom,se ele.compilasse todos os textos em um livro para que o Brasil.inteiro pudesse conhecer seu talento patriótico.