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Paraná lança fundo inédito para financiar o agro e mira R$ 14 bilhões em investimentos

Publicado por Caio Gottlieb em

Com um pé na roça e outro na Bolsa de Valores, o Paraná inaugurou na última quinta-feira (3) um novo capítulo em sua bem-sucedida história com o agronegócio.

Em cerimônia realizada na B3, em São Paulo, o governador Ratinho Junior apresentou o FIDC Agro Paraná — o primeiro fundo de investimento em direitos creditórios voltado exclusivamente ao setor agropecuário criado por um Estado no Brasil.

O instrumento, batizado oficialmente de Fundo de Investimento em Direitos Creditórios nas Cadeias Produtivas do Agro, nasce com uma ambição proporcional à força do setor: alavancar até R$ 2 bilhões para financiar a expansão das atividades de produtores vinculados a cooperativas e empresas integradoras nos 399 municípios paranaenses.

A formatação do projeto é engenhosa e pragmática. O fundo funcionará como uma estrutura “guarda-chuva”, sob a qual cooperativas e integradoras poderão criar seus próprios fundos vinculados, oferecendo crédito facilitado para aquisição de máquinas, equipamentos, sistemas de irrigação e logística agrícola.

O objetivo é simples: suprir uma lacuna que o Plano Safra e os modelos tradicionais de crédito rural já não conseguem preencher de forma satisfatória.

Para dar o pontapé inicial, o Governo do Estado — por meio da Fomento Paraná — aportou R$ 150 milhões e já possui outros R$ 200 milhões em caixa para multiplicar esse modelo.

Mas os planos são bem mais ousados: segundo o governador, o Estado poderá aportar até R$ 2 bilhões, com capacidade de alavancar R$ 14 bilhões em investimentos ao longo do tempo.

“Com a ampliação da oferta de crédito, queremos estimular os investimentos em áreas que são a vocação do Paraná”, afirmou Ratinho Junior. “Já temos quatro cooperativas preparando seus próprios fundos e outros segmentos do setor já demonstraram interesse em aderir.”

Ao contrário dos programas federais de crédito, cuja maior parte dos recursos é destinada ao custeio e à comercialização da produção, o FIDC Agro Paraná terá foco exclusivo em crédito para melhorias e expansão das atividades agrícolas.

A participação do governo será limitada a 20% do total investido — os outros 80% virão da iniciativa privada e de investidores qualificados, incluindo as próprias cooperativas.

A gestão do fundo será privada, cabendo à Suno Asset, selecionada via chamada pública, a responsabilidade de administrar os recursos e atrair novos investidores. A gestora pertence ao Grupo Suno e já possui R$ 1,5 bilhão sob gestão, sendo R$ 500 milhões aplicados no agro.

Segundo o presidente da Fomento Paraná, Claudio Stabile, “o Paraná é o primeiro Estado a ter um instrumento de crédito deste tipo, em um arranjo que também envolve cooperativas, empresas integradoras e uma gestora profissional, que buscará no mercado a atração de capital para alavancar o projeto”.

A estrutura foi desenhada para beneficiar, inicialmente, as cooperativas e integradoras paranaenses com maior robustez financeira e administrativa, mas a ideia é que, à medida que o fundo se consolide, outras entidades menores também possam ser incluídas.

O acesso dos produtores rurais aos recursos será definido em uma segunda etapa, com regras elaboradas conjuntamente pela Fomento Paraná e pela Suno Asset.

Um dos pilares do FIDC Agro Paraná será o fortalecimento da economia local. O regulamento prevê que os recursos sejam investidos exclusivamente no território paranaense, e que a aquisição de produtos financiados tenha preferência por bens e serviços produzidos no Estado.

A engrenagem é clara: crédito para o campo, fomento à indústria local, geração de empregos e aumento da arrecadação — tudo dentro do Paraná.

Ao fim, o pano de fundo é o cooperativismo paranaense, motor de boa parte da economia do Estado.

São 226 cooperativas ativas, com 16 entre as 500 maiores empresas do Brasil e 11 entre as maiores agroindustriais do mundo.

Em 2024, o setor movimentou impressionantes R$ 205,7 bilhões, e a expectativa, segundo projeções da Ocepar, é chegar a R$ 300 bilhões em 2026 e R$ 500 bilhões em 2030.

Com esse novo instrumento financeiro, o Paraná não apenas reafirma sua vocação agrícola e cooperativista — inaugura um modelo inovador de parceria entre o setor público e o privado, que poderá inspirar outras unidades da federação.

Um fundo de crédito com raízes no solo fértil do agro, mas com os olhos voltados para o futuro da economia brasileira.

Categorias: OPINIÃO

1 comentário

Pedro · 08/04/2025 às 13:56

Este estado é um exemplo de progresso e inovação. Parabéns Paraná total.

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