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Lula derrete na armadilha de Tácito

Publicado por Caio Gottlieb em

Quando um governo chega ao ponto em que até suas boas ações — reais ou supostas — são recebidas com descrédito, desdém ou zombaria, é porque caiu naquilo que o velho Tácito, do alto de sua toga e amargura romana, já previa lá no primeiro século: a famosa armadilha da desconfiança pública. Em outras palavras: o rei pode distribuir pão, mas se já estiver nu, a plateia só vai rir da panificadora.

É nesse buraco retórico que o presidente Lula parece ter se enfiado, de acordo com a mais recente pesquisa da Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (2).

Segundo os números, a desaprovação ao governo disparou para 56%, um salto de 7 pontos percentuais desde janeiro. Já a aprovação desceu a ladeira, recuando para 41% — uma queda de 6 pontos no mesmo período.

Mas os danos vão além: o levantamento mostra que, pela primeira vez desde o início das medições da Quaest, o governo Lula passou a ser considerado pior que o do seu antecessor: 47% dos entrevistados disseram enxergá-lo assim. Até então, a vantagem comparativa era sua. Agora, evaporou.

E tudo indica que, como acontece com carros antigos, aviões de guerra ou aparelhos de som da década de 90, o presidente ungido pelas urnas eletrônicas começa a padecer da chamada fadiga de material — aquela hora em que nada mais funciona direito, e o conserto já não vale o custo. Esse fenômeno, tão comum à política, parece ter alcançado o presidente em pleno voo.

Para tentar reverter a maré desfavorável, Lula convocou seu ex-marqueteiro de campanha, Sidônio Palmeira, agora instalado na Secretaria de Comunicação Social com poderes de feiticeiro-mor.

E Sidônio não perdeu tempo: trocou o slogan do governo, liberou uma verba de R$ 3,5 bilhões para publicidade e colocou Lula para aparecer mais — muito mais — em todo tipo de mídia, acreditando que aí estariam as causas da estrepitosa queda de popularidade do petista.

O resultado? Um desastre. Ou, como diria Tácito se tivesse um perfil no Twitter: quanto mais falas, menos te ouvem — especialmente quando só se fala bobagem, como é o caso. O povo não apenas não se empolga — se irrita.

A mágica do Sidônio está mais para Mandrake de feira. A alquimia virou água. As feitiçarias comunicacionais surtiram o efeito oposto: quanto mais o governo tenta explicar, mais se embanana; quanto mais gasta, mais parece desesperado; quanto mais aparece, mais despenca.

A essa altura, Lula poderia ressuscitar o PAC, o Bolsa Família, o Pré-Sal e até a popularidade do Corinthians que ainda assim o povo seguiria torcendo o nariz.

Não é sobre o que se faz — é sobre quem faz e, principalmente, o que já não se acredita mais que ele possa fazer.

Tácito acertou. A confiança, uma vez perdida, transforma todo gesto em teatro, todo anúncio em engodo, toda bondade em enganação.

E nesse palco romano-brasileiro, Lula vai virando uma espécie de imperador cansado, tropeçando nas próprias promessas e arrastando sua patética vaidade pelos corredores do Palácio do Planalto.

A comunicação tenta — muda o slogan, multiplica a imagem, torra bilhões — mas o problema não está no microfone, está na mensagem.

O fato é que nem Sidônio, nem ninguém, consegue vender o que o país já não quer mais comprar.

Porque, como qualquer estagiário de propaganda sabe, não é o marqueteiro que salva o governo — é o governo que precisa ter o que dizer.

No fim, o Lula 3 transformou-se num espetáculo bizarro de ilusionismo sem ilusão — só truque fajuto, cartola vazia e aplausos da claque contratada.

Categorias: OPINIÃO

1 comentário

VANDER CESAR DOS REIS · 03/04/2025 às 16:00

Amigo Caio, creio que o Quaest cometeu um equívoco. A aprovação não chega aos 37% indiferente dos 41% alardeados. Esse pseudo socialismo não emplaca 2.026 , é o meu desejo. Forte abraço a ti e seus leitores fiéis (como minha persona) desejam um Brasil honesto e de gente do bem . Saudações

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