Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o nosso site e as páginas que visita. Tudo para tornar sua experiência a mais agradável possível. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com o monitoramento descrito em nossa Política de Privacidade.

Pressão externa contra o autoritarismo

Publicado por Caio Gottlieb em

Habituado a exercer um poder ilimitado sem contestação dentro do Brasil, o ministro Alexandre de Moraes, o mais temido integrante do Supremo Tribunal Federal, começa a enfrentar uma situação embaraçosa para além de nossas fronteiras.

Dois deputados republicanos dos Estados Unidos — Rich McCormick e Maria Elvira Salazar — enviaram uma carta ao presidente Donald Trump e ao secretário de Estado Marco Rubio pedindo que o governo americano aplique sanções contra o magistrado, com base na chamada Lei Magnitsky.

Criada em 2012 e ampliada globalmente em 2016, a Lei Magnitsky surgiu após a morte do advogado russo Sergei Magnitsky, que, após denunciar um esquema de corrupção envolvendo autoridades do governo Putin, foi preso e morreu em circunstâncias suspeitas em uma penitenciária de Moscou.

Desde então, a legislação passou a permitir que os Estados Unidos imponham sanções contra autoridades estrangeiras envolvidas em corrupção, violação de direitos humanos ou abuso de poder — mesmo que essas ações tenham ocorrido fora do território americano.

O texto da carta acusa Moraes de perseguir opositores políticos, censurar plataformas digitais, interferir no processo eleitoral brasileiro e, além disso, ameaçar a liberdade de expressão e a soberania digital americana, ao impor restrições e multas contra empresas dos EUA, como o X (ex-Twitter) e a Rumble.

Não por acaso, o documento menciona o exílio voluntário de Eduardo Bolsonaro, que se licenciou da Câmara dos Deputados para dedicar-se exclusivamente a denunciar o ativismo judicial que avança no Brasil.

O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro está nos EUA articulando apoio de congressistas republicanos e buscando transformar as ações de Moraes em um caso internacional de abuso de autoridade.

A expectativa dos aliados de Trump é ampliar a lista de signatários da carta e convencer a Casa Branca a adotar as sanções.

Embora, na opinião de especialistas, se mostre improvável, a aplicação da Lei Magnitsky teria um efeito devastador na imagem pública do ministro.

Mesmo que não vá adiante, o simples fato de um membro da Suprema Corte brasileira ser alvo de uma ofensiva vinda da maior democracia do mundo já representa um desgaste — político e diplomático.

A movimentação ainda está nos bastidores, mas o constrangimento já saiu à luz.

E para quem se acostumou a centralizar os poderes sem prestar contas a ninguém, o incômodo de ser colocado sob julgamento — ainda que não seja em um tribunal — é, por si só, um recado ruidoso.

Quando a autoridade é questionada de fora para dentro, é sinal de que o verniz institucional começa a trincar.

Categorias: OPINIÃO

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *