Paraguai: o novo tesouro escondido da América do Sul

Imagine um país discreto, no coração da América do Sul, que por muito tempo foi apenas um coadjuvante no palco da economia regional. Agora, pense nesse mesmo país encontrando uma chave esquecida que abre o baú de um tesouro chamado prosperidade. Assim está o Paraguai: silencioso, mas cada vez mais resplandecente aos olhos do mundo.

Enquanto as atenções sempre gravitaram em torno dos gigantes latinos — Brasil, Argentina, Chile e Colômbia —, o Paraguai preferiu caminhar à margem, tecendo uma estratégia simples, mas poderosa.

Hoje, os números falam: é o país de maior crescimento do PIB na América Latina em 2024, com quase US$ 10 bilhões em investimentos estrangeiros e um cenário econômico que mais parece uma plantação bem irrigada, pronta para uma colheita abundante.

A receita? O Paraguai apostou em três ingredientes que, combinados, são como vento forte nas velas de um navio mercante:

1) Impostos que todos pagam com prazer

O país decidiu ser um oásis para investidores e empreendedores ao adotar o modelo “10-10-10”: 10% de imposto corporativo, 10% de imposto de renda e 10% de IVA. Essa política tributária é como um campo aberto sem cercas, atraindo quem busca liberdade para plantar e colher sem a sombra pesada da tributação. A cereja do bolo? Zero imposto sobre rendas vindas do exterior — uma música doce para os ouvidos de nômades digitais e multinacionais.

2) Portas e janelas escancaradas para o mundo

Com tarifas médias de apenas 6,4%, o Paraguai ergueu pontes em vez de muros. Desde 2008, o fluxo de capitais estrangeiros se multiplicou, saindo da órbita tradicional da agropecuária e alcançando setores como energia renovável, transporte, tecnologia e até startups. O solo fértil da terra guarani agora acolhe até o florescimento da Parcapy, uma associação que promove o capital de risco e dá asas a negócios inovadores.

3) Governo que pisa leve

Num mundo onde muitos estados preferem ser o jardineiro que poda excessivamente, o Paraguai tem sido o terreno onde o mercado pode crescer livremente. Com um governo que consome apenas 3% a 4% do PIB em serviços públicos, as rédeas da economia estão, em grande parte, nas mãos da iniciativa privada. Isso tem permitido o surgimento de soluções criativas e eficientes, como o setor de energia que floresce sem as amarras da nacionalização e com espaço para tecnologias verdes, como a pirólise para transformar resíduos em combustível.

Contudo, como todo cavaleiro que sonha com o reino próspero, o Paraguai ainda precisa reforçar sua armadura institucional. A terra fértil pode ser ameaçada por tempestades de insegurança jurídica e fragilidades institucionais. Sem um estado de direito sólido, as incertezas ganham espaço e o próprio dinamismo econômico corre riscos.

Mas, se continuar regando sua economia com liberdade, inovação e responsabilidade, o Paraguai pode transformar sua trajetória em um verdadeiro “Milagre Paraguaio” — saindo da sombra dos gigantes e tornando-se um farol de prosperidade no coração do continente.

O Paraguai nos lembra que, às vezes, os melhores tesouros estão nos mapas menos óbvios. E quem souber enxergar o brilho por trás da discrição verá ali uma terra que promete muito mais do que o passado fez parecer.