O grande ladrão do galinheiro nacional
Procurando culpados pela disparada do preço dos alimentos, Lula quer agora descobrir quem é o pilantra que roubou o direito do povo brasileiro de comer ovo devido ao alto custo do produto.
“Não tem como explicar por que esse ovo tá caro”, desabafou, inconformado, o Grande Guia. “Alguém está passando a mão. Não sabemos quem é, e nós queremos saber. Estão sacaneando as galinhas.”
É preciso admitir: o presidente ungido pelas urnas eletrônicas acertou em cheio. A crise no preço do ovo não é culpa só do clima, da seca, da onda de calor, da gripe aviária nos EUA ou da tradição católica de trocar a carne pelo ovo na quaresma.
Não, não. O problema é outro, mais profundo e mais audacioso. Tem um ladrão solto por aí, e ele está “passando a mão” nos direitos das pobres galinhas e, claro, no bolso do povo brasileiro.
E quem será esse malandro invisível, esse vilão oculto por trás da inflação dos ovos? Será um cartel de galinheiros? Um sindicato de pintinhos radicais? Ou quem sabe uma quadrilha de raposas infiltradas no agronegócio?
Nada disso. O presidente já nos deu a pista: o ladrão é aquele mesmo que vive discursando contra o Banco Central, que esbraveja contra os juros altos, que chama ajuste fiscal de maldade neoliberal e que acredita que déficit público é só uma invenção da Faria Lima.
O ladrão é o sujeito que passou meses atacando o controle de gastos e forçando a mão para aumentar a gastança pública, turbinando a inflação e, de quebra, ajudando a puxar o dólar pra cima, encarecendo a ração, o transporte, a logística e tudo que chega à mesa do brasileiro.
Portanto, está resolvido o mistério. O ladrão foi desmascarado. O ovo está caro porque temos um presidente que conseguiu sacanear não só as galinhas, mas a cadeia inteira de produção.
O golpe foi bem-sucedido: agora, o direito de comer um simples ovo virou artigo de luxo.
Mas, justiça seja feita, Lula tem razão. O povo foi assaltado sim. A diferença é que o meliante não está escondido no galinheiro.
Está despachando do Palácio do Planalto.