Bloco de Notas
Gleisi, a articuladora improvável – e mais uma gafe de Lula
Se o governo Lula já enfrentava dificuldades para aprovar seus projetos no Congresso, a escolha de Gleisi Hoffmann para o Ministério das Relações Institucionais promete transformar a articulação política em um verdadeiro espetáculo de pirotecnia verbal. Conhecida por seu radicalismo e destempero, a nova ministra agora terá a missão de negociar com um parlamento onde o governo é flagrantemente minoritário – um cenário que exige diálogo, paciência e muita habilidade política. Ou seja, tudo o que Gleisi nunca demonstrou.
O cargo exige jogo de cintura e capacidade de construção de pontes, mas Lula resolveu dobrar a aposta na polarização. Até mesmo aliados estranharam a nomeação, já que a deputada petista não esconde seu desdém pelo Centrão e pelos parlamentares que o governo precisa conquistar para aprovar seus projetos. Se os bastidores de Brasília já eram movimentados, agora o risco é que as negociações no Congresso se transformem em batalhas públicas, com Gleisi no papel de general do conflito.
Mas a escolha não foi apenas uma manobra interna. Ela também representou uma derrota para Fernando Haddad, que vê sua posição no governo enfraquecida. Gleisi tem sido uma das mais duras críticas da política econômica do ministro, especialmente nas tentativas de ajuste fiscal e contenção de gastos. Enquanto Haddad tenta acalmar o mercado e minimizar os danos da inflação, Gleisi defende o caminho oposto, insistindo em mais gastos públicos e programas de estímulo ao consumo – mesmo que isso piore o rombo nas contas públicas.
Enfim, a nomeação de Gleisi Hoffmann parece uma escolha mais ideológica do que estratégica. Lula optou por reforçar sua base mais fiel, ignorando que articular maioria no Congresso requer bem mais do que discursos inflamados.
E, como se não bastasse o desafio de fazer Gleisi ser bem recebida pelos parlamentares, Lula decidiu colocar um toque pessoal à crise ao justificar sua escolha com uma gafe de manual: disse que nomeava “uma mulher bonita para melhorar as relações com o Congresso”. O comentário machista, naturalmente, caiu como uma bomba. Jornalistas, parlamentares e, sobretudo, mulheres nas redes sociais não deixaram barato a deselegância presidencial. Se o objetivo era melhorar as relações, Lula conseguiu o efeito contrário: deixou Gleisi na saia justa e deu à oposição mais um argumento para ridicularizar o governo. No fim, parece que a verdadeira “articulação” do Planalto continua sendo entre os próprios erros.
O Banco Central e a “batata quente” de Armínio Fraga
Se tem alguém que sabe quando a economia vai azedar, esse alguém é Armínio Fraga. Ex-presidente do Banco Central, economista de renome e, pelo visto, um vidente frustrado da política brasileira, Fraga concedeu uma entrevista ao PlatôBR em que fez um diagnóstico nada otimista sobre os rumos da economia nacional.
Segundo ele, a inflação está subindo, o desajuste fiscal se agrava e o Banco Central está sozinho, segurando uma batata quente difícil de administrar – e isso porque, sem disposição política do governo para encaminhar reformas, a equipe econômica mais parece um time jogando contra si mesma.
Fraga alerta que a tão esperada “colheita” do presidente Lula para 2025 e 2026 não será boa. Segundo ele, o governo “vai colher problema”. E não precisa ser especialista para perceber isso. Com déficit público nas alturas, gasto descontrolado e falta de reformas, o Brasil caminha, mais uma vez, para um cenário econômico instável.
Ainda que o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, tenha boa relação pessoal com o ministro Fernando Haddad, o economista pontua que, no campo profissional, a sintonia não existe. A equipe econômica, segundo ele, “está funcionando mal” – um eufemismo elegante para dizer que a coisa está desandando feio.
Mas a parte mais curiosa da entrevista de Armínio Fraga não foi seu diagnóstico (bastante previsível, diga-se de passagem), mas sim o tom de quem parece ter descoberto que se decepcionou com a própria escolha. Afinal, Fraga foi um dos economistas de peso que votaram e declararam apoio a Lula em 2022, confiando que o terceiro mandato poderia ser mais responsável fiscalmente.
Agora, vendo o descontrole econômico em curso, o que se percebe é que a “batata quente” não está apenas na mão do Banco Central, mas também na dos eleitores arrependidos, que depositaram sua fé na promessa de um governo mais equilibrado e agora colhem um belo pepino fiscal.
Republicanos e as tarifas de Trump: silêncio, desconforto e expectativa
O artigo de Aaron Blake, publicado no The Washington Post, expõe um dilema cada vez mais evidente dentro do Partido Republicano: o incômodo com as políticas tarifárias de Donald Trump. Ainda que poucos políticos do partido se atrevam a criticar abertamente o presidente, a resistência às suas novas tarifas sobre importações está se tornando difícil de esconder.
Blake revela, com base em dados e pesquisas, que há pouca defesa entusiasmada dessas tarifas dentro do próprio partido. A postura predominante entre os republicanos parece ser evitar o assunto ou, no máximo, manifestar uma vaga esperança de que essas medidas simplesmente desapareçam.
A apreensão não é injustificada. Trump defende tarifas pesadas e restrições às importações como parte de seu plano para reindustrializar os Estados Unidos. No entanto, as consequências dessa abordagem são imprevisíveis e preocupam não apenas seus opositores, mas também seus aliados. O temor de uma possível recessão resultante dessas medidas é real, e até empresários e setores tradicionalmente republicanos estão em alerta.
O silêncio da maioria dos republicanos sobre o tema sugere um dilema clássico: como discordar sem desagradar Trump e sua base? Até agora, a solução tem sido o recuo discreto e a esperança de que o tempo ou a realidade econômica possam suavizar a política tarifária antes que os efeitos negativos se tornem inegáveis.
Enquanto o mundo observa apreensivo, a questão que paira no ar é: Trump dobrará a aposta em suas tarifas ou cederá à pressão velada de seu próprio partido? Se há algo que essa situação deixa claro, é que mesmo entre os republicanos, a confiança irrestrita nas decisões econômicas do ex-presidente está longe de ser unânime.
STF: juiz, acusador, legislador e, agora, senhor absoluto do foro
O Supremo Tribunal Federal segue firme na sua missão de reescrever as regras do jogo conforme sua conveniência. A decisão desta terça-feira, 11, que ampliou o foro privilegiado para agentes públicos, é mais um episódio na novela “STF: A última palavra sempre será nossa”.
Agora, parlamentares investigados continuam sob a proteção – ou sob a mira – do Supremo, mesmo depois de deixarem o cargo. Em 2018, a Corte decidiu que só crimes cometidos durante o mandato deveriam ser julgados no STF. Agora, muda de ideia e resolve que, se o crime foi cometido no exercício da função, o julgamento fica no Supremo, mesmo que o político já tenha saído do cargo.
E por quê? Porque sim. Porque no Brasil de 2025, as leis são o que os ministros do STF dizem que são, e não o que a Constituição estabelece.
Afinal, interpretar a Constituição com base em regras fixas seria muito burocrático, previsível e democrático. Muito melhor poder mudar as regras conforme o momento, conforme os personagens envolvidos e conforme os interesses em jogo. Hoje, é assim. Amanhã, pode ser diferente.
O que o STF está fazendo, mais uma vez, é expandir seu poder e consolidar sua supremacia sobre os outros dois poderes. Julgar o mérito das leis? Isso é para amadores! Aqui, a Corte interpreta, reinventa, ajusta e impõe o que quiser, quando quiser.
O Supremo já investe, acusa, julga e condena. Agora, também decide quem fica sob seu julgamento e quem vai para a Justiça comum. Em resumo: o STF agora escolhe seus réus. E o Legislativo e o Executivo? Ora, que esperem sentados – ou, melhor ainda, perguntem antes aos ministros se podem legislar e governar.
A Suprema Corte do Brasil já não é apenas o guardião da Constituição. Ela agora é a própria Constituição, em tempo real, com atualizações semanais conforme a necessidade. E quem reclamar que aguente as consequências – porque, no Brasil de hoje, contestar o STF pode ser mais perigoso do que o próprio crime que está sendo julgado.
Claudia Ohana e a coragem de enfrentar o etarismo nas ruas
Em tempos onde a valorização da juventude muitas vezes se sobrepõe à experiência e maturidade, Claudia Ohana fez um gesto tão inusitado quanto necessário. Aos 62 anos, a atriz desfilou na Avenida Paulista, em São Paulo, carregando um cartaz com uma mensagem direta: “Nós não estamos velhas aos 62”.
Mais do que um protesto simbólico, a atitude de Claudia Ohana representa uma afirmação poderosa contra o etarismo, um preconceito que afeta especialmente as mulheres, frequentemente pressionadas a corresponder a padrões irreais de idade e aparência.
Ao compartilhar seu ato nas redes sociais, ela deixou claro que a idade não define limitações, mas sim a disposição, a alegria e a vontade de continuar aprendendo e sonhando. Sua postura reforça um recado importante: o tempo não é um inimigo, mas sim um aliado na construção de uma vida plena e significativa.
Em um mundo que precisa valorizar mais a experiência e menos a obsessão pela juventude, o gesto de Claudia Ohana foi destemido, inspirador e necessário. Que seu exemplo incentive mais pessoas a questionarem os rótulos impostos pela sociedade e a celebrarem todas as fases da vida com liberdade e autenticidade.
Bolsonaro, o sovina
Começa-se a ver o quanto Jair Bolsonaro foi pão-duro com as benesses da presidência. Sim, caros leitores, o ex-capitão não soube aproveitar as delícias do poder como se deve. Em quatro anos inteiros de mandato, o máximo que conseguiu gastar com viagens foi míseros R$ 4,1 bilhões. Isso mesmo, um escorpião no bolso!
Já Lula, em sua volta triunfal ao Palácio, entendeu o verdadeiro espírito do cargo. Com apenas dois aninhos de governo, já torrou R$ 4,5 bilhões em viagens nacionais e internacionais. Isso é que é eficiência administrativa! Nada dessa história de moderação, de economia. Afinal, se o Brasil já não consegue equilibrar suas contas públicas, por que haveria de economizar nas mordomias do chefe?
O erro de Bolsonaro foi pensar pequeno. Faltou-lhe ambição, faltou-lhe visão de futuro! Agora, fica o aprendizado para os próximos: se for para sentar na cadeira mais cobiçada do país, aproveite direito! O dinheiro do pagador de impostos está aí para isso, e um governo que se preze jamais deixará faltar conforto para si mesmo.
Porque o Brasil pode até não ter dinheiro para investir em infraestrutura, saúde ou segurança, mas sempre terá orçamento para garantir que o presidente viaje mais do que piloto de avião comercial. E com direito a classe executiva, champanhe e tapete vermelho. Afinal, se o povo já paga a conta, que ao menos pague com estilo!