Governadores desmontam o teatro eleitoral de Lula
Quando o governo Lula resolveu desafiar os estados a zerarem impostos sobre alimentos da cesta básica, os governadores Tarcísio de Freitas (SP), Ratinho Jr. (PR), Ronaldo Caiado (GO) e Eduardo Leite (RS) não perderam tempo e deram uma resposta à altura. E mais: aproveitaram a deixa para mostrar que o dever de casa já está sendo feito há tempos nos estados que administram, sem precisar de populismo fiscal de última hora.
A tentativa do governo federal era clara: jogar para os estados a responsabilidade pela inflação, que segue corroendo o poder de compra dos brasileiros e minando a popularidade de Lula. Mas o plano deu errado. Os governadores exibiram números concretos, mostrando que o ICMS estadual sobre produtos essenciais já foi zerado ou reduzido há muito tempo – bem antes de o governo federal decidir agir.
E não pararam por aí. Em vez de cair na armadilha do discurso fácil, os governadores cobraram do governo federal aquilo que realmente influencia a inflação: responsabilidade fiscal. Afinal, reduzir imposto sem controlar gastos é apenas maquiagem econômica. O descontrole nas contas públicas gera desconfiança, desvaloriza a moeda e empurra os preços para cima. Ou seja, o problema central da inflação não está nos estados, mas sim na falta de compromisso do governo federal com o equilíbrio das contas.
Mas o que está por trás desse movimento de Lula? Eleição, claro. A decisão de zerar tarifas de importação sobre alimentos básicos soa muito mais como um gesto eleitoreiro do que uma política econômica bem estruturada. Com a popularidade em queda e a inflação corroendo o humor do eleitorado, o governo tenta mostrar serviço e, ao mesmo tempo, pressionar os governadores da oposição.
Só que o tiro saiu pela culatra. Os governadores não apenas rebateram a provocação, mas também usaram a oportunidade para se projetarem como protagonistas no cenário político nacional. Com Jair Bolsonaro inelegível até 2030 e ainda enfrentando processos no STF, o campo da direita segue indefinido quanto a um candidato competitivo para 2026.
Nesse contexto, Tarcísio, Ratinho, Caiado e Leite aparecem como nomes fortes, cada um tentando ocupar o espaço deixado por Bolsonaro. O embate com Lula, portanto, não foi apenas uma discussão sobre impostos – foi um ensaio para a disputa presidencial.
Lula quis antecipar a campanha? Pois bem, os governadores aceitaram o desafio e entraram no jogo. Enquanto o governo federal segue apostando em medidas paliativas, os governadores de oposição aproveitam para se consolidar como lideranças nacionais, deixando claro que 2026 já começou – e que a direita terá candidato.