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A guerra na Ucrânia e a paz indigna

Publicado por Caio Gottlieb em

Sejamos realistas. Desde o início da invasão russa à Ucrânia, já se sabia que não haveria um desfecho verdadeiramente justo.

Uma paz que fizesse justiça ao país agredido? Impossível. O que temos é um território devastado, uma nação que só conseguiu se manter em pé graças ao apoio militar e financeiro dos Estados Unidos e da OTAN.

Mas o inimigo que a Ucrânia enfrenta não é qualquer um.

É a Rússia, uma das duas maiores potências militares do planeta, liderada por um autocrata que não hesitaria em usar todos os recursos à sua disposição para vencer – inclusive suas milhares de ogivas nucleares.

A guerra, desde o primeiro dia, já apontava para um desfecho desigual.

Uma paz justa exigiria a devolução dos territórios ocupados, indenizações pela destruição e punição para os responsáveis.

Mas a Rússia não é um país que se submeteria a isso.

Moscou não pode aceitar uma rendição humilhante, sob o risco de desestabilizar o próprio regime de Putin e arriscar sua posição como potência global.

No campo de batalha, a realidade também se impõe.

A Ucrânia resistiu com bravura, mas enfrenta dificuldades crescentes. O Ocidente, que antes fornecia armamentos e apoio sem grandes questionamentos, agora se mostra mais relutante.

Nos Estados Unidos, o governo quer priorizar os interesses internos, a economia americana, a estabilidade política dentro de suas próprias fronteiras. E esse pragmatismo não pode ser simplesmente descartado como um erro ou traição – faz parte da lógica implacável da política internacional.

Além disso, vale lembrar que o Ocidente não ficou de braços cruzados. Os Estados Unidos e a União Europeia impuseram inúmeras sanções econômicas e comerciais à Rússia, tentando sufocar sua economia e forçá-la a recuar. Resultado? Nenhum.

Apesar da queda no PIB e das dificuldades financeiras para sustentar a guerra, Moscou demonstrou resiliência, adaptando-se às novas condições.

Com apoio de países como China, Irã e Coreia do Norte – que não hesitam em fornecer armamentos, tecnologia e até soldados –, a Rússia segue em frente, imune às pressões ocidentais.

Então, o que nos resta? Aceitar que esta guerra não terminará com um final satisfatório. Não haverá justiça plena, não haverá um castigo exemplar para o agressor.

O que pode haver, no máximo, é um acordo que traga alguma estabilidade, mesmo que às custas da Ucrânia. E é exatamente isso que o mundo tentará costurar: um entendimento que evite algo pior, uma escalada que nos leve a um conflito global.

É injusto, desonroso, cruel, desonesto, revoltante? Sem dúvida. Mas é a realidade. E com ela teremos que lidar.

Categorias: OPINIÃO

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