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Bloco de Notas

Publicado por Caio Gottlieb em

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Sensibilizado com as reclamações do povo contra o alto preço da laranja, vítima da escalada da inflação dos alimentos provocada, em grande parte, pelas incertezas econômicas geradas pelo próprio governo com a sua inépcia no controle das contas públicas, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, sugere que os consumidores troquem a popular fruta cítrica por alguma opção mais barata. Lembrei da Maria Antonieta. Quando lhe disseram que milhares de súditos famintos protestavam nas ruas de Paris contra a falta de pão, ela respondeu: “Que comam brioches”. Isso ocorreu às vésperas da célebre queda da Bastilha, evento que deflagrou a Revolução Francesa, derrubou a monarquia e levou o pescoço da rainha para a guilhotina. A história sempre traz bons ensinamentos.

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Uma matéria estampada na revista Exame, a mais tradicional publicação de negócios do país, deu projeção nacional ao Biopark. Com o título “Eles criaram uma farmacêutica de R$ 2,5 bilhões. Agora, constroem uma cidade no interior do Paraná”, a reportagem relata a saga e o espírito visionário de Luiz e Carmem Donaduzzi, fundadores, há três décadas, da Prati-Donaduzzi, hoje a maior fabricante de medicamentos genéricos do país, que resolveram implantar nos arredores de Toledo, com recursos próprios, um dos maiores e mais inovadores parques científicos e tecnológicos da América do Sul. Registrando que, desde novembro, o projeto está sendo comandado por Victor Donaduzzi, filho do casal, o texto ressalta que, no intervalo dos próximos 30 anos, a área de mais de 5 milhões de metros quadrados deverá abrigar mais de 500 empresas, ofertar 30 mil postos de trabalho e contar com uma população de 75 mil moradores. O portentoso empreendimento, idealizado como um legado da família para comunidade regional, será, sem dúvida, uma fonte inesgotável de oportunidades de renda e emprego qualificado para sucessivas gerações do Oeste do Estado.

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De repente, autoridades e comentaristas descobriram que brasileiros deportados dos Estados Unidos estão voltando ao país algemados. A cena, que sempre foi um procedimento padrão para evitar conflitos ou incidentes durante o voo, agora virou motivo de escândalo e indignação seletiva. Parece até que essa prática começou ontem, como se fosse uma conspiração recém-inventada para humilhar nossos compatriotas. Mas vejamos: o voo mais recente, que tanto alvoroço causou, ainda faz parte de um programa de deportação da era Biden. Ou seja, nada de novidade – apenas a engrenagem burocrática funcionando como sempre funcionou. E, por falar nisso, já foram 32 voos trazendo deportados durante o governo Lula, o mesmo que se diz grande amigo do ex-presidente norte-americano. Estranho, não? Nenhuma palavra antes, nenhuma lágrima derramada nos desembarques anteriores. A hipocrisia grita quando se finge indignação contra um procedimento padrão, ignorando que ele existe por motivos de segurança. Afinal, ninguém quer um avião sequestrado em pleno voo por um desesperado a caminho da deportação. Mas, claro, criticar os EUA rende manchetes, desviar o foco das questões internas também. E assim seguimos, entre discursos inflamados e memórias convenientes.

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A mais recente pesquisa Genial/Quaest confirma uma tendência já apontada por outros levantamentos: a popularidade de Lula segue em forte deterioração. E isso acontece apesar da troca no comando da comunicação do governo, algo que muitos no Planalto acreditavam ser a solução mágica para reverter o desgaste. Mas a realidade é outra – o problema não é apenas de comunicação, é de gestão. A confiança do mercado foi abalada pela má condução da política fiscal e pela sanha arrecadatória que assombra empresas e contribuintes. Promessas de campanha ficaram pelo caminho, sem entregas relevantes que justifiquem a aposta do eleitorado. O governo carece de uma marca clara e de um projeto de futuro que inspire confiança. Sem isso, nem o melhor marqueteiro do mundo consegue vender um produto que o público rejeita cada vez mais.

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Enquanto no Brasil a liberdade de expressão segue sob ameaça e jornalistas correm o risco de serem processados simplesmente por abordar certos temas, a imprensa internacional começa a dar cada vez mais espaço aos abusos autoritários da Suprema Corte brasileira. Lá fora, onde o medo da censura não impera, o ativismo judicial do STF e os privilégios do Judiciário são expostos sem rodeios. A mais recente e devastadora reportagem sobre o assunto veio do jornal alemão Handelsblatt, que detalha os luxos e excessos do poder Judiciário no Brasil. O texto revela eventos exclusivos onde juízes interagem de maneira promíscua com aqueles que deveriam julgar de forma imparcial. Algo que, em qualquer democracia séria, seria visto como um escândalo. Mas aqui, silêncio. Quem ousa falar pode enfrentar represálias. O paradoxo é evidente: enquanto os ministros insistem em posar de guardiões da democracia, o mundo começa a enxergar o que realmente acontece nos bastidores do poder.

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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) enfrenta uma crise sem precedentes. A recente debandada de diretores, aliada a um abaixo-assinado subscrito por centenas de funcionários, expõe o descontentamento interno com a condução do presidente Marcio Pochmann, acusado de impor um viés autoritário, político e midiático à gestão do órgão. A insatisfação generalizada escancara o temor de que a autonomia técnica do IBGE esteja sendo comprometida por interesses alheios à sua missão institucional. As consequências dessa crise podem ser devastadoras. O IBGE é responsável por produzir estatísticas fundamentais para o país, como índices de inflação, taxa de desemprego e outros indicadores econômicos que orientam políticas públicas e decisões do mercado. A desconfiança nos números divulgados pelo instituto pode gerar distorções na formulação de estratégias econômicas, afetando desde a definição da taxa de juros até investimentos do setor privado. Quando um órgão de tamanha importância perde credibilidade, abre-se espaço para instabilidade e insegurança na condução da economia. Se os dados oficiais forem colocados sob suspeita, a política econômica corre o risco de ser baseada em premissas equivocadas, o que pode aprofundar incertezas e comprometer a recuperação do crescimento. O IBGE sempre foi uma referência técnica e independente; qualquer ameaça à sua autonomia representa um retrocesso inaceitável. É fundamental que essa crise seja resolvida com transparência e respeito à expertise dos profissionais da instituição. A credibilidade dos dados estatísticos não pode ser refém de disputas ideológicas ou ingerências políticas. A confiança nas informações oficiais é um pilar essencial para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

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Cachorro comedor de ovelha, como reza o ditado, só matando. Perde o pelo, mas não perde o vício. O governo não desiste de tentar ressuscitar o imposto sindical, extinto sem deixar saudades na reforma trabalhista de 2017. Agora, sob a articulação do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, um novo projeto de lei para recriar a contribuição obrigatória deverá ser apresentado ao Congresso até o fim de fevereiro, por um deputado da base governista. A proposta, no entanto, enfrenta resistência e tem chances remotas de aprovação. Ainda assim, é bom que as lideranças empresariais fiquem atentas. O seguro morreu de velho, e o histórico petista mostra que, quando se trata de arrecadar para financiar sindicatos e seus dirigentes, a insistência é regra. O imposto sindical, enquanto existiu, pouco beneficiou os trabalhadores, mas serviu para engordar os cofres das entidades sindicais e financiar campanhas de políticos alinhados à esquerda. A tentativa de ressuscitá-lo não surpreende. O sindicalismo brasileiro sempre foi um braço importante do projeto de poder do PT, e a volta dessa contribuição compulsória significaria dinheiro fácil para sustentar uma estrutura que perdeu força desde que passou a depender da contribuição voluntária dos trabalhadores. Se o projeto vingar, será mais um retrocesso na liberdade de escolha do trabalhador, que voltará a ser obrigado a sustentar entidades que nem sempre representam seus reais interesses. Convém acompanhar de perto e agir antes que a reedição desse famigerado tributo se torne realidade.

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Conhecida por sua postura combativa contra os regimes socialistas autoritários da América Latina, a deputada republicana María Elvira Salazar estará ainda mais empoderada com o retorno de Donald Trump à Casa Branca. Filha de pais cubanos que se refugiaram nos Estados Unidos no final da década de 1950, Salazar tem feito da defesa da liberdade um pilar de sua atuação no Congresso norte-americano. Em entrevista recente ao jornal Gazeta do Povo, ela reafirmou sua vigilância sobre os ataques à liberdade de expressão no Brasil, especialmente por parte do STF. E fez um alerta: “Os regimes opressores ao redor do mundo saberão que há um novo xerife na cidade. Não haverá mais tolerância para seus aparatos repressivos, e estou confiante de que a administração Trump tomará as medidas necessárias para mantê-los na linha.” O recado foi direto aos presidentes do Brasil e da Colômbia: “Lula da Silva e Gustavo Petro devem ter muito cuidado antes de seguir o mesmo caminho de outros socialistas, como Maduro ou Ortega. Os Estados Unidos, sob o comando do presidente Trump, terão tolerância zero para novas tentativas de repressão.” Além disso, Salazar destacou que esses regimes agora terão que lidar com duas figuras de peso na nova administração americana: Marco Rubio, como Secretário de Estado, e Mike Waltz, como conselheiro de Segurança Nacional – ambos declaradamente aliados da liberdade na América Latina. O posicionamento firme da deputada sinaliza tempos difíceis para os governos de esquerda na região. Com Trump de volta ao poder e figuras como Salazar, Rubio e Waltz na linha de frente, a pressão sobre regimes autoritários será implacável. A congressista promete ser uma pedra no sapato dessa turma – e parece estar apenas começando.

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Quebrada, mas esbanjando. Atolada em R$ 2 bilhões de prejuízo e à beira da insolvência, a empresa dos Correios não perde a pose. Símbolo da ineficiência que marca a gestão das estatais no governo Lula, a empresa, em vez de se preocupar com a própria sobrevivência, resolveu torrar dinheiro em patrocínios culturais. A justificativa? Melhorar sua imagem institucional. E, pelo visto, a estatal não está apenas com problemas de entrega, mas também de reputação – até no exterior. Tanto que decidiu financiar com R$ 600 mil uma feira literária, pasmem, na Colômbia. Isso mesmo: enquanto os brasileiros sofrem com atrasos e serviços precários, os Correios acham que seu problema de imagem se resolve enviando dinheiro para fora do país. A estatal segue a cartilha clássica do desperdício de recursos públicos: prejuízo bilionário de um lado, gastança desenfreada do outro. Resta saber se, além dos patrocínios, os Correios pretendem oferecer aos colombianos a mesma eficiência lendária que os brasileiros já conhecem tão bem.

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Os bonecos falantes da mídia brasileira alinhados ao governo e à esquerda não perdem a chance de repetir, com deleite, que Donald Trump é o primeiro criminoso sentenciado a chegar à Casa Branca. A narrativa é quase um mantra: a cada manchete, a cada análise “imparcial”, a indignação seletiva se manifesta com fervor quase religioso. Curioso é que essa turma raramente olha para o próprio umbigo. Afinal, Trump foi condenado por fraude contábil em um caso pessoal, enquanto certos líderes tão venerados por aqui enfrentam acusações e condenações por corrupção e lavagem de dinheiro, envolvendo desvios bilionários de dinheiro público – aquele mesmo que deveria ir para escolas, hospitais e segurança, mas que acabou financiando empreiteiras amigas e projetos duvidosos pelo mundo afora. Se Trump é um criminoso, o que dizer de quem comandou e se beneficiou de esquemas que saquearam os cofres do Estado? A diferença entre os dois casos é gritante, mas para a militância midiática, detalhes como esses são irrelevantes. No fim das contas, é o velho ditado: o roto falando do maltrapilho – com a diferença de que um deles nunca meteu a mão no bolso do contribuinte.

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Lula está prestes a oficializar uma decisão estratégica de rara genialidade: nomear Gleisi Hoffmann como ministra da Secretaria-Geral da Presidência da República. Nada mais apropriado. Afinal, quem melhor do que uma figura que coleciona inimigos dentro do próprio PT (onde é carinhosamente chamada de “Crazy” Hoffmann) para a delicada missão de reaproximar o governo dos movimentos sociais e tentar salvar a popularidade presidencial? A escolha de Gleisi é um verdadeiro golpe de mestre. Seu carisma inconfundível e sua impressionante capacidade de unir… adversários, dentro e fora do partido, certamente farão maravilhas pelo governo. E convenhamos, nada como alguém com o seu histórico para restabelecer pontes entre o Planalto e as bases populares – especialmente aquelas que andam decepcionadas com a falta de entregas e os rumos do governo. Se a intenção era conter a crise política, Lula realmente acertou em cheio. Como bem dizia Napoleão, nunca se deve interromper um inimigo quando ele está cometendo um erro. Bravo, presidente!

Categorias: OPINIÃO

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