Não é mágica e nem milagre; é fazer a coisa certa
Você não escolhe um governante para se casar com ele. Você o escolhe por acreditar em sua capacidade de resolver problemas e melhorar a vida das pessoas.
Esqueça, portanto, as esquisitices, as excentricidades, as manias e os histrionismos do presidente Javier Milei.
Eleito para comandar a Argentina com a promessa de tirá-la do buraco, missão que parecia ser absolutamente impossível, Milei completa seu primeiro ano na Casa Rosada caminhando para concretizar a façanha.
Considerando o cenário de terra arrasada que ele encontrou, os avanços não poderiam ser mais expressivos.
Milei recebeu uma verdadeira herança maldita, fruto de governos que, a pretexto de cuidar dos mais necessitados, consolidaram um sistema insustentável de gastos públicos, mantendo subsídios, concedendo reajustes em aposentadorias e turbinando programas sociais populistas, tudo financiado com frenética impressão de dinheiro, que mergulharam o país numa espiral inflacionária fora de controle, que desorganizou as cadeias produtivas, afugentou investimentos, fez o desemprego disparar e só gerou mais miséria.
Para resgatar a Argentina do fundo do poço, Milei estreou no cargo determinando a proibição de se gastar mais do que se arrecada e não titubeou em cortar 30% das despesas públicas, equivalente a 5% do PIB (Produto Interno Bruto), o maior ajuste fiscal de que se tem notícia num único ano na história recente das nações, além de suspender benefícios previdenciários, cancelar subsídios, eliminar desperdícios e identificar e interromper os esquemas de corrupção infiltrados no governo federal.
Apesar das medidas duras que ele tomou, sua popularidade mantém-se em patamar elevado, com aprovação dos eleitores acima de 50%, superando seus dois antecessores neste momento do mandato. Mais do que ninguém, os argentinos sabem que a alternativa ao atual presidente é a volta do caos econômico ainda mais piorado.
Vencendo a descrença dos economistas e comentaristas de plantão que o massacraram durante a campanha, duvidando da viabilidade de suas propostas e até debochando de suas ideias, Milei hoje é reverenciado pela grande mídia.
O título do artigo do jornalista José Fucs, publicado no Estadão, é emblemático: “Milei ‘exorciza’ os ‘contras’ e empilha ‘troféus’ na economia”. Até mesmo o Globo se rendeu ao sucesso do mandatário ultraliberal dedicando-lhe respeitoso editorial intitulado “Milei dá lição de disciplina fiscal para o continente”.
Capa da edição de outubro da prestigiosa revista The Economist, ele foi incluído na lista das 100 personalidades mais influentes do planeta, elaborada anualmente pela revista Time.
Ainda existe o desafio de encontrar soluções rápidas e sustentáveis para reduzir a pobreza extrema que engolfou mais da metade da população como consequência das sucessivas gestões catastróficas da esquerda peronista.
Mas as conquistas já obtidas pelas corretas e corajosas decisões econômicas e políticas de Milei são formidáveis e amplamente reconhecidas pelos mais importantes organismos financeiros do mundo.
Sempre temido pelas nações mal administradas, o Fundo Monetário Internacional (FMI) classificou o trabalho realizado até o momento por ele como “impressionante” e aprovou a renovação do acordo de refinanciamento da dívida de 44 bilhões de dólares com a instituição, que vinha se arrastando desde o governo de Alberto Fernández.
Igualmente, o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), presidido pelo brasileiro Ilan Goldfajn, que liberou recentemente um empréstimo de 3,8 bilhões de dólares para alavancar setores importantes da economia e para a melhoria da proteção social, da educação básica, da gestão fiscal e do acesso da população a serviços essenciais, vem rasgando elogios a Milei: “A Argentina tem feito um progresso notável em restaurar o equilíbrio fiscal. As reformas podem ajudá-la a se libertar de sua história”, afirmou Goldfajn em texto postado no jornal britânico Financial Times.
“Goste-se ou não do atual presidente argentino”, destacou Fucs em sua análise, “é difícil contestar os resultados que ele alcançou”.
Alvo prioritário de Milei, a inflação, que estava em 12,8% em novembro de 2023, no término do governo de Fernández, e chegou a subir a 25,5% em dezembro, após a sua posse, com a maxidesvalorização do peso que ele promoveu e o fim das danosas invencionices implementadas pelos peronistas para impulsionar artificialmente a economia, caiu agora em outubro para 2,7%, o menor nível desde 2021.
É verdade que, no ciclo de 12 meses, a taxa continua nas alturas, batendo em 193%, mas já é menor do que os 211% registrados em 2023. Estima-se, porém, que deve fechar o ano em 120%, abaixo do que previam os analistas mais otimistas até pouco tempo atrás.
Por outro lado, na contramão dos déficits ilimitados que marcaram os anos peronistas – receita que levou o país ao colapso e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ameaça querer repetir no Brasil – Milei deverá fechar as contas públicas de 2024 no azul, pela primeira vez desde 2008.
Um verdadeiro banho de bola da Argentina de Milei no Brasil de Lula está no mercado de ações, termômetro da confiança dos investidores: enquanto o índice Merval, que reflete a variação média dos principais papéis negociados na Bolsa de Valores de Buenos Aires, acumula, neste ano, uma alta espetacular de 91,5% em dólar, o Ibovespa, que mede o desempenho da Bolsa de São Paulo, amarga uma queda de 21% em dólar, performance melhor apenas que a da bolsa mexicana, entre os maiores pregões do planeta.
É fundamental destacar ainda que o regime fiscal adotado por Milei envolveu significativa diminuição do tamanho da inchada máquina pública. Logo de saída, ele extinguiu dez ministérios, ficando com apenas oito, desativou 33 secretarias vinculadas aos órgãos e demitiu, até agora, 32 mil servidores (cerca de 10% do total do funcionalismo), dos 50 mil que prometeu exonerar.
Em contraste, Lula criou 17 novos ministérios, aumentando o total de 22 para 39, um recorde histórico só igualado pelo governo Dilma, contratou 8 mil novos funcionários, que agora somam 573 mil, e criou até escritórios estaduais do Ministério da Cultura, para acomodar os companheiros do PT.
Num ato inédito entre presidentes argentinos, Milei foi pessoalmente ao Congresso em setembro para entregar o Orçamento de 2025, que prevê déficit nominal de zero, reforçando sua meta ambiciosa para as contas públicas.
Uma frase do discurso que ele proferiu naquela ocasião merece ser emoldurada e pendurada na parede: “Não há nada mais empobrecedor do que o déficit fiscal. Administrar é encolher o Estado para engrandecer a sociedade”.
É de um presidente “louco” como esse que o Brasil está precisando.
Que inveja dos hermanos.