A fantástica fábrica de impunidades
Nenhum outro integrante do Supremo Tribunal Federal faz um trabalho tão impecável para salvar os amigos ricos e poderosos das garras da lei quanto Dias Toffoli.
Depois de declarar “imprestáveis” todas as provas de corrupção levantadas contra a construtora Odebrecht na Operação Lava Jato, ignorando, sob fantasioso pretexto, confissões assinadas, delações homologadas e devoluções de dinheiro roubado, o ex-advogado do PT que Lula colocou na Corte deu um presentão de Natal para a J&F, dos conhecidos irmãos Joesley e Wesley Batista, ao livrá-la de pagar 10,3 bilhões de reais de multa, aplicada por força do acordo de leniência firmado com a Justiça em troca do encerramento de cinco investigações criminais movidas contra a empresa.
O episódio tem nuances que beiram o inacreditável e dão a exata dimensão das profundezas da degradação ética e moral a que desceu a mais alta instância do poder judiciário brasileiro.
Toffoli concedeu a graça atendendo petição do advogado Francisco de Assis e Silva, que baseou seu requerimento na “jurisprudência” estabelecida pelo ministro ao beneficiar a Odebrecht.
Ocorre que Assis Silva foi um dos presos pela Lava Jato e se tornou colaborador da Justiça. Deve ser o único caso no mundo em que o delator advoga no mesmo processo que o levou à cadeia e que depois, na maior cara dura, nega provas que ele mesmo ajudou a fornecer.
E fica o dito pelo não dito, como sempre.
Seja como for, os ministros do STF podem anular provas, trancar inquéritos, abolir multas e cancelar condenações de criminosos de colarinho branco, mas não conseguirão apagar uma verdade cristalina: o colossal esquema de roubalheira montado por empresários e agentes públicos para saquear a Petrobras e outras estatais nos governos petistas foi um escandaloso fato real, com evidências incontestáveis e insofismáveis validadas por três esferas judiciais.
Por outro lado, o inusitado perdão da multa da J&F suscitou muitos comentários ferinos na imprensa e insinuações maldosas nas redes sociais envolvendo a advogada Renata Rangel, esposa de Toffoli, que, se você ainda não sabia, trabalha para o grupo J&F.
Mas, diz a companhia, ela não teria atuado nesse caso. Ah, bom.
Agora, convenhamos, é preciso reconhecer que os manos Batista têm um tino infalível para contratar bons defensores.
Daqueles que jamais perdem uma causa.
3 comentários
Vander Reis · 29/12/2023 às 10:11
Bom dia Caio. Com sua permissão gostaria de na minha humilde observação fazer um adendo nesse excelente artigo(o que é praxe em suas observações :
O stf (letras minúsculas propositais), deixou há muito tempo de ser à mais alta corte em nosso País. É a mais BAIXA instituição do Jidiciário
Maria Angela Jorge · 28/12/2023 às 11:58
O que penso e peço à Deus seria repetitivo, como responderam nesse site. Que Ele não se esqueça de fazer justiça.
Maria Angela Jorge · 28/12/2023 às 11:55
Já passou da hora de Deus nos livrar dos corruptos e de todo o enorme contingente de bandidos que habitam este país