Bloco de Notas
1
Nem lagosta, nem camarão, nem filé mignon, nem mesmo um peixe mais sofisticado. O carro-chefe do refinadíssimo banquete servido pelo presidente Emmanuel Macron no lendário Palácio de Versalhes para recepcionar o rei Charles III na recente e histórica visita do monarca britânico à França foi um galináceo. Mas não foi um galináceo qualquer. Descrito no cardápio como Chapon de Bresse au Parfum de Maïs, Gratin de Cèpes, o prato é feito com um frango tratado durante sete meses ao ar livre com cereais da região de Bresse e nutrientes encontrados naturalmente nos campos. Nada mais é do que o nosso velho conhecido “frango caipira”. No caso, são aves tão exclusivas que somente 30 produtores têm autorização para criá-las em todo o país. Très chic. Sua majestade merece.
2
Falando nisso, o engenheiro-agrônomo Irineo da Costa Rodrigues, diretor-presidente da cooperativa Lar, que ocupa a terceira posição entre as agroindústrias que mais produzem carne de frango no Brasil, atualmente o maior exportador mundial da proteína, acaba de cumprir extensa agenda de contatos comerciais na Europa. Depois de visitar em Londres diversos importadores ingleses, ele encerrou o giro em Colônia, na Alemanha, recebendo clientes de diversas nacionalidades no estande da cooperativa na Anuga, uma das mais importantes feiras de alimentos do planeta. Fiel à consagrada máxima de que venda é relacionamento, Irineo é um dos dirigentes empresariais brasileiros mais empenhados pessoalmente em abrir e consolidar novos mercados no exterior. Não é por acaso que a Lar exporta seus produtos para mais de 80 países.
3
Sob o comando do reitor Alexandre Weber, a Universidade Estadual do Oeste do Paraná viveu nos últimos quatro anos um virtuoso ciclo de crescimento acadêmico e de maior integração com a sociedade regional, ampliando de forma significativa os projetos de extensão e imprimindo notáveis avanços no Hospital Universitário. Sua reeleição por esmagadora maioria de votos refletiu não apenas o êxito do seu trabalho como também endossou os planos para a continuidade da gestão. Em suma, o reitor tirou nota 10 na prova.
4
Esperançoso de que o Ibama, após a negativa inicial, acate o novo pedido da estatal e libere a perfuração de poços de petróleo na margem equatorial da Bacia Amazônica, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, foi sincero e pragmático na defesa dos argumentos para obter a autorização: “A humanidade vai precisar de combustíveis fósseis por bons 50 ou 60 anos à frente. Se nós não tivermos áreas de novas fronteiras para explorar, o Brasil voltará a ter que importar petróleo, muito provavelmente mais carbonizado que o nosso”. Traduzindo: o discurso do atual governo prometendo esforços para acelerar a transição rumo a energias renováveis e menos poluentes não passa de bela narrativa política para posar de bom moço diante da comunidade internacional. O mundo real é muito mais complicado. O buraco é bem mais embaixo.
5
Já começou, mas às custas de dinheiro público, a distribuição de renda prometida na campanha eleitoral pelo atual governo. Dez ministros de Lula estão embolsando até o dobro dos seus salários, que é de cerca de 41 mil reais, com a nomeação para compor conselhos de empresas ou entidades paraestatais, onde são remunerados com gordos jetons pela participação em reuniões mensais ou bimestrais. O mais bem aquinhoado é o titular da Previdência Social, Carlos Lupi, velho militante do PDT, que viu seus vencimentos catapultarem para mais de 82 mil reais com as sinecuras que ganhou no conselho fiscal do Sesc e no conselho de administração da metalúrgica Tupy. Sujeito previdente, o brizolista Lupi tratou logo de garantir a sua parte. Farinha pouca, meu pirão primeiro.
6
Embalada pelo aumento, neste ano, de 80% em sua capacidade produtiva com o início das operações do colossal frigorífico que ergueu em Assis Chateaubriand, a maior planta de abate de suínos da América Latina, a Frimesa vem fazendo forte investida no mercado paulista. Contando hoje com 12 mil pontos venda no estado, a renomada indústria de Medianeira, controlada pelas cooperativas Lar, C.Vale, Copacol, Copagril e Primato, planeja chegar a 20 mil até julho de 2024. Dentro dessa estratégia, a companhia pretende instalar nos próximos meses, na cidade de Campinas, o seu quarto centro de distribuição em São Paulo. O presidente Elias Zydek também está apostando no crescimento das exportações, que representam atualmente 25% do faturamento, mas devem chegar a 28% em 2024 e 30% em 2030 com a abertura das vendas da carne suína paranaense para a Coreia do Sul, Chile, México e Filipinas. Uma conquista obtida, é bom lembrar, graças à soma de esforços do governo Ratinho Junior e de entidades do setor produtivo que tornaram o Paraná área livre de febre aftosa sem vacinação, status exigido pelos países que mais consomem o produto e melhor pagam por ele.
7
À primeira vista, o desfile da coleção de verão da estilista norte-americana Collina Strada na Semana de Moda de Nova York parecia como outro qualquer, dentro da rotina de sempre: mulheres esguias mostrando na passarela os trajes da grife. Parecia, mas não era. Impossível de ser percebido pela plateia, o diferencial estava escondido na autoria das roupas, todas desenhadas com os recursos da Inteligência Artificial. Seguindo a lógica em que se baseia a tecnologia, de criar a partir da associação de conteúdos já produzidos, várias peças da marca exibidas em eventos anteriores foram inseridas em um programa, que juntou todos os elementos e fez nascer algo novo, sem a intervenção humana. Coloca aí na lista mais uma profissão ameaçada de extinção pela IA: figurinista.
8
Desembolsando 60 mil reais, a Itaipu Binacional é uma das principais patrocinadoras do evento “Balanço Crítico da Lava Jato – Passando a limpo o maior caso de lawfare da história nacional”, que vai se realizar nos próximos dias 26 e 27 na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Organizado pelo Instituto de Defesa da Classe Trabalhadora, o debate vai reunir jornalistas, juristas, advogados e autoridades acadêmicas que, desde a volta do PT ao poder, não economizam esforços para destruir o que ainda resta da operação que desvendou o gigantesco esquema de corrupção que saqueou a Petrobras e outras estatais durante os governos de Lula e Dilma. Em termos simples, o “lawfare” pode ser entendido como o uso da legislação como arma para alcançar um fim político-social, um tipo de assédio judicial que tem como objetivo calar o adversário ou minar a sua credibilidade perante à sociedade. Aproveito a oportunidade para enviar uma pergunta aos participantes: já que a Lava Jato, no entendimento de vocês, foi uma farsa, qual é o destino que será dado aos 6,2 bilhões de reais roubados que foram devolvidos aos cofres públicos pelos ladrões?
9
Há uma grande torcida no Maranhão para que o ministro da Justiça, Flavio Dino, seja escolhido por Lula para ocupar a vaga de Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal. Não que os maranhenses achem que ele tem as necessárias qualificações para o posto e deixaria os conterrâneos honrados com a sua indicação para a Corte. Nada disso. Governado por Dino durante oito anos, o Maranhão continua sendo o Estado mais pobre do Brasil, com a menor renda média mensal, o pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), a maior taxa de informalidade, a expectativa de vida mais baixa e uma das piores coberturas de saneamento básico do país. Os maranhenses querem ver Dino bem longe do Palácio dos Leões. O STF, na sua medíocre composição atual, vem bem a calhar para ele.
10
Lula não leva Janja pra cima e pra baixo apenas porque é um homem apaixonado, curtindo as delícias de uma lua-de-mel prolongada, com todo o luxo e requinte propiciado pelas benesses do cargo. Lula não manda Janja representá-lo em viagens pelos estados por desprezo ao seu vice. Lula não faz de Janja a sua porta-voz em reuniões ministeriais só porque acha bonito. Lula faz tudo isso de caso pensado, para dar a Janja visibilidade nacional, popularidade, prestígio político e densidade eleitoral. A primeira-dama é uma candidata presidencial em plena gestação. Se ocorrer um acidente de percurso que o impeça de concorrer à reeleição em 2026, o maridão vai botar Janja no páreo. E convém não duvidar de suas chances. Tragédia pouca é bobagem.