Beco sem saída
Nada como o mundo real para obrigar os governantes a descer das nuvens e colocar os pés no chão.
Sem causar grande surpresa, o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, acaba de anunciar o adiamento de medidas para conter as alterações climáticas, lista que era encabeçada pela proibição, a partir de 2030, da venda de veículos novos movidos a gasolina e diesel.
Agora a restrição passa a valer de 2035 em diante, mas muita gente aposta que deverá ficar ainda mais pra frente.
Sunak justificou que a postergação busca dar mais tempo para a população se adequar às mudanças, apontando como um dos principais motivos da decisão o aumento do custo de vida no país, provocado, entre outras coisas, pela inflação.
Defendendo uma abordagem mais pragmática e sensata para zerar as emissões de carbono, o premiê argumentou que muitos britânicos não conseguem pagar o alto preço da transição energética.
“Parece que escolhemos uma solução que imporia custos inaceitáveis às famílias em dificuldades”, sublinhou.
Convém esclarecer, aliás, que mesmo depois de 2035 ainda será possível, por um bom tempo, vender e comprar carros movidos a gasolina e diesel na Inglaterra, desde que sejam usados.
Do mesmo modo, Sunak também flexibilizou o prazo para a troca dos aquecedores das casas por opções mais sustentáveis, o que não deverá ocorrer antes dos próximos doze anos.
Cá pra nós: se estamos vendo uma das nações mais prósperas e desenvolvidas do planeta admitir que não conseguirá se livrar tão cedo dos combustíveis fósseis, situação que por certo afeta igualmente outros membros do clube dos ricos, o que dirá dos países pobres, como o Brasil, e daqueles ainda mais miseráveis, como os africanos?
Resumo da ópera: se o combate ao aquecimento global depender unicamente do fim da exploração do petróleo, estamos, literalmente, fritos.
Tudo isso, enfim, nos leva a concluir que as promessas dos líderes mundiais de acelerar as mudanças para formas de energia mais limpas que possam, ao menos, reduzir o ritmo da elevação da temperatura da Terra, simplesmente não encontram respaldo na realidade e não passam, na melhor das hipóteses, de boas intenções.
O problema é que de boas intenções o inferno está cheio.
1 comentário
Fernando Marcondes · 02/10/2023 às 18:52
Esses contrários dos políticos que querem angariar votos para eles, não passam de “ muito peido, pouca bosta”!