“Ou restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos”
Concordo com o Tribunal de Contas da União: presentes caros, como relógios e joias, recebidos por presidentes da República no exercício do cargo, não podem ser considerados de uso personalíssimo, ao contrário, por exemplo, dos artigos de vestuário, e precisam ser incorporados ao patrimônio na nação.
O novo entendimento do órgão surgiu para dar solução à polêmica gerada por mimos valiosos que Bolsonaro ganhou de mandatários estrangeiros durante viagens internacionais.
Convém lembrar, aliás, que em 2016, em decorrência de um processo no TCU e de uma ação da Operação Lava Jato, a Corte determinou que Lula devolvesse a maior parte dos souvenirs que levou consigo ao final do segundo mandato.
Embora o petista tenha restituído perto de 500 itens avaliados em R$ 2,258 milhões, entre esculturas, tapetes, vasos e louças, sabe-se que muitos objetos de luxo, incluindo um colar de ouro branco e dois relógios de grife, permaneceram em seu acervo particular.
Um deles é um Piaget, com preço estimado em 80 mil reais, que, a propósito, sequer constava da lista de presentes oficiais, e só foi descoberto porque Lula passou a exibi-lo frequentemente, como mostra a foto acima, captada em ato da campanha eleitoral do ano passado.
O chefe do PT deu uma cândida explicação para o fato: disse que o relógio da consagrada e cobiçada marca suíça ficou perdido por um tempo e que o encontrou depois em uma gaveta.
Pois então, senhor presidente, devolva o regalo à guarda do tesouro nacional. Ele não é sua propriedade.
Dê pelo menos um bom exemplo na vida.
Nunca é tarde.
Em tempo: a frase entre aspas utilizada como título desta nota é uma célebre citação sarcástica do genial humorista Stanislaw Ponte Preta.
Cabe bem para o momento atual do país.