Uma justiça que tem lado não é justa
Cada dia mais à vontade para falar sobre assuntos políticos, ocasiões em que despreza as mais elementares regras de conduta ética estabelecidas em lei para juízes de todas as instâncias, o ministro Alexandre de Moraes declarou, ao discursar dias atrás na abertura da Conferência Sobre Democracia Defensiva, que é preciso combater o avanço do “populismo de extrema-direita”, movimento caracterizado, segundo ele, pelo uso das redes sociais para compartilhamento de críticas ao sistema eleitoral e às instituições democráticas.
Trata-se de mais uma manifestação do extremismo judicial que vem marcando a atuação do temido magistrado tanto na presidência do Tribunal Superior Eleitoral como na condução de inquéritos arbitrários intermináveis que tramitam no Supremo Tribunal Federal, deixando novamente bastante claras as suas intenções de cercear a liberdade de expressão restringindo a divulgação de opiniões que estejam em desacordo com o seu pensamento.
De mais a mais, não é prerrogativa e nem atribuição dele ou de qualquer um de seus pares sair em campo para solapar esta ou aquela ideologia política. Essa aberração está acontecendo no Brasil porque o Senado, acovardado, não toma providências para conter os abusos autoritários da suprema Corte.
Em uma democracia plena, cabe única e exclusivamente à vontade soberana do seu povo, através do exercício do voto em eleições livres e transparentes, decidir se quer colocar no poder governos de direita ou de esquerda, de extrema-direita ou de extrema-esquerda, conservadores ou progressistas, populistas ou não populistas, arcando depois com as consequências de sua escolha.
Mas no Brasil destes tempos estranhos tem alguém querendo tomar da população o direito de determinar os rumos do país.
Por falar nisso, volta e meia lê-se na imprensa que há ministros do STF que se sentem desconfortáveis quando algum de seus colegas se excede nos arroubos ditatoriais.
Bobagem. Pura fake news.
Eles não se incomodam nadinha com isso, porque vai chegar o dia em que gostarão de fazer a mesma coisa.
1 comentário
Olavo Arsênio Fank · 20/08/2023 às 12:39
Num sistema democrático a vontade da maioria deve prevalecer… porém essa demonstração de maioria deve ser transparente e honesta. Nos moldes atuais a desconfiança é real…