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Ligações perigosas

Publicado por Caio Gottlieb em

Vamos ver ainda muita controvérsia antes que seja melhor esclarecido o episódio no aeroporto de Roma em que o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, sua esposa e filho dizem terem sido hostilizados por turistas brasileiros.

Há acusações mútuas de xingamentos e existem imagens do entrevero que mostram os dois lados trocando “gentilezas”.

Os únicos fatos comprovados até agora sobre esse barraco internacional é que o STF, na opinião de vários juristas respeitados, extrapolou os limites da lei (mais uma vez, pra variar) ao expedir um intimidatório mandado de busca e apreensão no domicílio das pessoas que o magistrado aponta como seus supostos agressores e que ele esteve na cidade de Siena para dar uma palestra a convite de uma faculdade privada que oferece cursos de direito em Goiânia e está enrolada com a Justiça.

Pois é: o mais temido dos integrantes da Corte suprema, paladino da luta da democracia contra inimigos e ameaças invisíveis, xerife da liberdade vigiada de expressão, guardião-mor das sacrossantas e intocáveis urnas eletrônicas, viajou à Itália com todas as despesas dele e de seus familiares, ou seja, passagens de primeira classe, hospedagem em hotéis de luxo e refeições em restaurantes estrelados, pagas pela Unialfa, condenada em maio pela Justiça Federal do Rio Grande do Sul pela acusação de financiar a propagação de notícia falsa em defesa de medicamentos do chamado “kit covid”.

A instituição integra o Grupo José Alves, do qual também faz parte a indústria farmacêutica Vitamedic, fabricante da polêmica ivermectina, remédio largamente usado (embora não autorizado pelo Ministério da Saúde) no tratamento da doença no auge da pandemia, que foi punida na mesma ação, juntamente com a entidade denominada Médicos Pela Vida, em sentença que estabeleceu indenização solidária de 55 milhões de reais por “danos morais coletivos à saúde”.

Como a decisão é de primeira instância, o processo tem grandes chances de acabar chegando no STF, onde o ministro é justamente o chefe do inquérito das fake news e teria que analisar o recurso das empresas que patrocinaram seus momentos de “dolce vita” na bela região da Toscana.

Não se pode contemporizar: trata-se de uma história no mínimo constrangedora que só contribui para desprestigiar ainda mais a imagem já profundamente degradada da nossa suprema Corte.

E como fica, nessas alturas, a moral do Moraes?

Categorias: OPINIÃO

1 comentário

José A Dietrich F° · 21/07/2023 às 21:27

A expressão que você usa “…o mais temido” é incompatível com a ideia de juiz. Muito mais se for de algum tribunal. E muuuito mais se for da Suprema Corte.

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