O jogo é jogado e o lambari é pescado
Indagado na recente entrevista que concedeu à rádio Jovem Pan sobre quem apoiaria nas eleições presidenciais vindouras, caso não consiga reverter a controvertida decisão do Tribunal Superior Eleitoral que o tornou inelegível por oito anos, Jair Bolsonaro foi enfático ao responder que não vê no cenário atual alguém que possa assumir a sucessão do seu projeto político no campo da direita, que ganhou relevância no país com a sua vitória em 2018.
Depois de afirmar que “ainda não existe um nome com conhecimento do Brasil todo para fazer o que eu fiz ao longo desses quatro anos”, o ex-presidente mostrou que o revés judicial que sofreu não abalou o seu costumeiro bom-humor.
Com boa dose de ironia, ele completou: “Eu estou na UTI, eu não morri ainda. Não é justo já querer dividir o meu espólio”.
É óbvio que Bolsonaro está desconversando. Ele certamente já sabe a quem dará seu apoio em 2026, só que, faltando três anos e meio para o pleito, não irá revelar agora o nome de sua preferência para não cometer a imprudência de colocá-lo tão cedo na mira da artilharia pesada dos adversários.
O certo é que, diante da realidade dos fatos, as especulações em torno do assunto já movimentam o noticiário político e aguçam os palpites dos estrategistas de campanhas eleitorais, que reviram suas bolas de cristal para tentar enxergar o futuro.
Nessas elucubrações tem predominado a avaliação de que, sem Bolsonaro, a chance de vitória da direita na próxima disputa pelo Palácio do Planalto até aumentaria.
Os partidários dessa tese argumentam que se o postulante da corrente conservadora for uma figura profundamente identificada com o ex-presidente, como, por exemplo, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ele não só receberá todos os votos dos bolsonaristas, como também atrairá eleitores que, muito embora rejeitem Bolsonaro, aprovam o seu pupilo.
Por esse aspecto, é plausível acreditar que Tarcísio teria muito mais probabilidade de derrotar Lula ou qualquer outro candidato do PT.
De mais a mais, quando chegar 2030, com a sua pena já cumprida, o próprio Bolsonaro poderá voltar a concorrer à presidência da República, talvez até mais forte politicamente do que se encontra hoje.
São meras conjecturas. O amanhã a Deus pertence. Mas uma coisa parece estar bem clara: Bolsonaro fora do páreo não facilita nem um pouco a vida do PT nas eleições de 2026. Pelo contrário.
E Lula e sua turma sabem muito bem disso.