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Bloco de Notas

Publicado por Caio Gottlieb em

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Talvez jamais tenha se visto na imprensa nacional tamanha unanimidade como nas manchetes que Lula colheu pela visita do seu “companheiro” Nicolás Maduro: “Lula envergonha o Brasil ao abraçar Maduro” (O Estado de S. Paulo); “O governo Lula deveria pensar duas vezes antes de voltar a receber ditadores como o venezuelano em solo brasileiro” (O Globo); “Lula mente ao transformar reaproximação da Venezuela em endosso para ditadura” (Folha de S. Paulo); “Muita gente votou na democracia que era representada pela proposta do Lula. Ele tem obrigação de se afastar de qualquer coisa que cheire a ditadura” (Globonews); “Mas Maduro não é só um ditador: é também um caloteiro que está faltando com o pagamento de empréstimos feitos por governos do PT com dinheiro do contribuinte brasileiro” (William Wack, CNN); “A recepção calorosa a Maduro entrará para a história como um dos capítulos mais tristes do terceiro mandato de Lula” (Revista Veja). Nem a grande mídia, normalmente tolerante com as trapalhadas e estripulias do petista, admitiu as reverências que ele prestou ao repulsivo tirano, enlameando a imagem do Brasil diante do mundo.

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E ainda teve a agressão a jornalistas brasileiros por agentes de segurança de Maduro durante uma entrevista coletiva que ele certamente não tinha o menor interesse de conceder. Foi o final perfeito para coroar a desonrosa presença no Brasil do déspota venezuelano.

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Novo proprietário do icônico prédio (por muito tempo o mais alto de Foz do Iguaçu) que abrigou durante décadas o lendário hotel Salvatti, até que as restrições impostas pela pandemia viessem lhe cerrar as portas, o empresário cascavelense Nelson Padovani encomendou uma completa repaginação para reabrir o estabelecimento em dezembro. O projeto arquitetônico, em elaboração por um bambambã da especialidade, inclui um estudo para instalar na edificação um cassino padrão Las Vegas, quando — e se — o jogo for legalizado no Brasil. Nelson aposta que será.

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Réu confesso na Lava Jato, condenado a seis anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, pena amenizada no acordo para a devolução de cerca de 18 milhões de reais obtidos na roubalheira, o tristemente famoso Nestor Cerveró, ex-diretor internacional da Petrobras, está novamente com o prestígio em alta na companhia: o advogado Marcelo de Oliveira Mello, que foi seu sócio em negócios suspeitos fora do país, acaba de ser nomeado para chefiar o departamento jurídico da petrolífera, onde já havia trabalhado anteriormente. Os bons tempos estão de volta.

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Tudo indica que não faltarão boas oportunidades para o ex-ministro Ricardo Lewandowski engordar a conta bancária ao longo do dolce far niente da aposentadoria. Confirmando o que já era mais do que previsível em um país eticamente doente como é o Brasil, sua cadeira no Supremo Tribunal Federal ainda nem havia esfriado e ele já estava contratado, a peso de ouro, pela JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, para reforçar a equipe de defesa da companhia numa bilionária briga judicial com uma empresa da Indonésia, que do seu lado tem os préstimos do ex-presidente Michel Temer e do ex-governador paulista João Doria liderando uma numerosa banca de renomados advogados. Pelo que se vê, o saber jurídico é o que menos importa nessa disputa. O que vai contar mesmo é o poder de influência dos contendores nas altas Cortes onde tramita o caso. E tem gente que ainda leva a sério a Justiça brasileira…

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Alívio para as prefeituras lindeiras de Itaipu: as negociações em andamento entre o Brasil e o Paraguai para repactuar os termos do tratado que deu origem à construção da hidrelétrica não afetarão os royalties pagos a título de indenização às cidades que tiveram terras alagadas para a formação do reservatório que produz a energia. Foi o que garantiu o diretor geral brasileiro da usina, Enio Verri, em sua primeira participação em uma reunião da entidade que congrega os municípios (15 do Paraná e 1 do Mato Grosso do Sul) localizados no entorno do lago. Verri também assegurou que haverá continuidade das ações da Itaipu na região, com investimentos prioritários em projetos sociais e ambientais. Não se mexe em time que está ganhando.

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Calma, gente! São apenas cinco meses de governo. Haverá tempo suficiente para cumprir todas as promessas de salvação da pátria anunciadas na campanha eleitoral que trouxe de volta ao poder o PT e seus aliados da tal “frente ampla democrática”. Mas algumas questões mais emergenciais já foram resolvidas, como, por exemplo, as nomeações das esposas de cinco ministros de Lula para cargos públicos com salários de até R$ 37,5 mil. A turma não está perdendo tempo. Farinha pouca, meu pirão primeiro.

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Por sua vez, a abertura ao tráfego da segunda ponte entre Brasil e Paraguai erguida sobre o rio Paraná, ligando Foz do Iguaçu a Presidente Franco, não parece estar entre as prioridades do Palácio do Planalto, talvez por ter sido construída na gestão de Bolsonaro. Pronta desde dezembro, ela ainda deve permanecer fechada por um bom tempo por falta de celeridade nas obras viárias de acesso e na implantação da estrutura alfandegária e das normas burocráticas específicas para o trânsito em regiões de fronteira. Mas isso não tem pressa.

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Organização sem fins lucrativos sediada em Berlim, onde foi fundada em 1993, mundialmente respeitada por suas iniciativas no combate à corrupção e às atividades criminosas ligadas a atos corruptos em âmbito global, a Transparência Internacional aponta que a cassação pelo Tribunal Superior Eleitoral do mandato do deputado federal Deltan Dallagnol “ameaça direitos políticos fundamentais resguardados pela Constituição brasileira.” Em nota divulgada nas redes sociais, a entidade afirma que a “atipicidade da dinâmica processual e da fundamentação empregadas desgastam o instrumento da Lei da Ficha Limpa, agravam a insegurança jurídica e fragilizam a representação democrática no país.” Mais adiante alerta que “este precedente acarreta perigo sistêmico, uma vez que a interpretação extensiva do TSE poderá logo ser aplicada a outros casos por juízes eleitorais em todo o Brasil.” Ou seja, abriu-se a porteira para a perseguição a adversários políticos. Em outro trecho, destacando que Dallagnol foi “um agente público que atuou em casos de macrocorrupção envolvendo indivíduos do mais alto poder”, o texto ressalta que “a atipicidade da decisão também amplia a insegurança jurídica.” Por fim, a declaração adverte que “a revogação de mandato de membro do Congresso Nacional produz impacto adicional sobre a confiança da sociedade no processo eleitoral. Em um contexto de impunidade sistêmica da corrupção política, esta desconfiança se amplia sobre a Justiça – já seriamente atacada.” Alô ministro Alexandre de Moraes, é a Transparência Internacional que está dizendo isso, viu? Não sou eu, tá?

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Se o novo governo federal, com seus rumos erráticos e as pautas conflituosas que estão marcando este início de mandato, em nada ajudou, pelo menos não atrapalhou o crescimento de 1,9% do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre do ano em comparação com igual período de 2022, somando 2,6 trilhões de reais e surpreendendo todas as previsões. A grande estrela desse desempenho foi o setor agropecuário que teve a alta recorde e espetacular de 21,5%, quase dez vezes acima da média. Quem diria, justo o setor constantemente ofendido e difamado por Lula é o principal responsável pela única boa notícia econômica que até agora o petista tem para comemorar. Alguém já lembrou o presidente para agradecer ao agronegócio?

Categorias: OPINIÃO

3 comentários

Virgínia · 10/06/2023 às 08:44

Excelente comentário
Pena que as mídias televisivas não mostrem nada

Sylvio Borela · 06/06/2023 às 00:43

Muito bom os comentários

Alande E.Tissiani · 05/06/2023 às 21:28

Que tua crônica ou reportagem está excelente.

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