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Bloco de Notas

Publicado por Caio Gottlieb em

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É incalculável, mas sabe-se que era grande, o número de cirurgias eletivas, e até muitas emergenciais, que vinham sendo represadas no Hospital Universitário da Unioeste pela falta de uma equipe de anestesiologistas disponível em tempo integral. A deficiência foi resolvida com a contratação, por chamada pública, de alguns dos mais conceituados profissionais da especialidade que formaram uma empresa para atender a maior unidade hospitalar pública da região em caráter exclusivo, funcionando 24 horas por dia, sete dias por semana, possibilitando um notável incremento no acesso cirúrgico aos pacientes encaminhados pelo SUS. Por seu comprometimento, prontidão e eficiência, que vem permitindo a realização de intervenções cirúrgicas, sejam de urgência ou pré-agendadas, a qualquer hora, o Serviço de Anestesia do HU (SANNHUP), coordenado pelo médico Antônio Hubie, já se tornou uma inédita referência no Estado. Só em abril, primeiro mês de sua atuação, o grupo facilitou, em regime de mutirão, a efetivação de mais de 500 procedimentos, trazendo alívio e esperança para centenas de famílias.

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Talvez você não saiba, mas a eleição presidencial do dia 30 de abril no Paraguai, que deu a vitória ao conservador Santiago Peña, marcou a estreia do país na utilização de urnas eletrônicas, lá chamadas de máquinas de votação. O mecanismo delas é um pouco diferente das nossas: o eleitor insere um boletim e tecla na tela suas opções de candidato. Depois disso, o aparelho puxa o papel e imprime os nomes digitados, permitindo ao eleitor conferir e confirmar se o dispositivo computou corretamente suas escolhas. Sim, os paraguaios acham fundamental para a sua democracia ter o voto impresso. As eleições no país vizinho, assim, são verdadeiramente livres e transparentes, a salvo de qualquer sombra de dúvidas e suspeitas. Exemplar.

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Instalado como um verdadeiro paxá no Marriott Grosvenor House, um dos hotéis mais caros de Londres, onde se hospedou com a Janja para participar da cerimônia de coroação do rei Charles III, Lula voltou a criticar o Banco Central por manter a taxa básica de juros em 13,75%. O assunto divide os economistas: uns acham que a autoridade monetária age corretamente, outros consideram que a dose está exagerada e que já poderia ser amenizada sem prejuízo do combate à inflação. Porém, um dos fatores que colocam os juros nas alturas é justamente o comportamento do governo petista de desprezar o controle fiscal, sinalizando frequentemente a intenção de gastar mais do que arrecada, quando deveria dar exemplos na contenção e redução das despesas públicas, a começar, aliás, pelo próprio presidente que pagou para dormir uma noite na capital inglesa a bagatela de 95 mil reais, fora o custo da entourage digna de um príncipe das arábias que levou a tiracolo. Dinheiro que saiu, obviamente, do bolso dos contribuintes brasileiros. Assim é fácil.

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Uma das mais desastrosas ações de marketing dos últimos tempos nos Estados Unidos, a campanha publicitária da cerveja norte-americana Bud Light que tinha como garota-propaganda a influenciadora transgênero Dylan Mulvaney deixou um gosto amargo na boca dos acionistas da Anheuser-Busch Inbev, dona da marca, até então uma das bebidas mais amadas no país. As perdas da companhia na bolsa de valores, como resultado da ampla rejeição dos consumidores à parceria, totalizaram em poucos dias mais de 5 bilhões de dólares. O episódio mostrou que o mundo dos bebedores de cerveja, e provavelmente de muitos outros produtos ainda não divulgados da mesma forma, é muito mais conservador do que se imaginava. Agora a empresa terá que torrar uma dinheirama para consertar a imagem e recuperar-se do boicote em massa que sofreu. O mercado, literalmente, jogou água no chope da Bud Light.

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Ainda operando em ritmo experimental para ajustes de equipamentos, contratação e treinamento de pessoal, o gigantesco frigorífico inaugurado pela Frimesa em Assis Chateaubriand fechou abril, seu primeiro mês de funcionamento, abatendo 3 mil suínos por dia. Maior planta do gênero da América Latina, o complexo vai chegar até o final de 2023 processando 7,5 mil abates diariamente. O projeto, que já recebeu investimentos de 1,45 bilhão de reais e demandará outros 2,4 bilhões a serem desembolsados nos próximos sete anos, alcançará seu ápice em 2028, quando estará abatendo 15 mil suínos por dia e gerando 8 mil empregos. Controlada pelas cooperativas Lar, Copacol, C.Vale, Copagril e Primato, a Frimesa tornou-se uma marca de renome internacional oferecendo um vasto portfólio de alimentos de alta qualidade derivados de carne suína e laticínios, produzidos também em sua unidade industrial de Medianeira, onde tem sua sede administrativa. Presente atualmente em 15 países, para os quais embarca 25% de sua produção, a empresa vai aumentar ainda mais suas vendas externas com o avanço das negociações para abrir novos mercados, beneficiada pelas promissoras expectativas do setor. “Com o preço maior da proteína bovina”, destaca o presidente-executivo da Frimesa, Elias Zydek, “o consumo de carne suína vem crescendo. O Brasil é competitivo nos custos de produção isso o coloca como principal fornecedor no mundo. Em 2022, exportamos 90 mil toneladas, já neste ano, devemos atingir 100 mil toneladas.” Palmas para os suinocultores que estão fazendo de sua atividade um dos mais prósperos pilares do pujante agronegócio brasileiro.

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Transformou-se em um catastrófico tiro no pé a decisão que a Alemanha tomou em 2011, pressionada pelo movimento verde antinuclear e motivada também pelo acidente na usina japonesa de Fukushima, de encerrar a operação de suas centrais atômicas para ter um meio ambiente mais limpo e seguro. Vem acontecendo exatamente o contrário. O país acabou ficando novamente dependente do carvão mineral e do gás natural, que despejam carbono na atmosfera e favorecem o aquecimento global. Com o fechamento há poucos dias de suas últimas três geradoras nucleares, o país consumou um clamoroso erro histórico, a despeito dos incontáveis apelos feitos por dezenas de cientistas para que o processo fosse interrompido. Antes apoiador da ideia, o governador da Bavária, Markus Soeder, agora reconhece que a desativação das usinas “é uma medida absolutamente equivocada”, observando que “precisamos de toda forma possível de energia, caso contrário arriscaremos preços mais altos para a eletricidade e fuga de empresas.” Há quem defenda mais investimentos na produção de energias eólica e solar, que suprem 35% das necessidades alemãs, mas sua entrega é extremamente instável, além de não serem livres de impactos ambientais. Por sua vez, indo na direção oposta, o Reino Unido e a França lideram um grupo de países europeus que estão expandindo sua malha de energia nuclear. Até mesmo o Japão pagou um preço alto por descontinuar a energia nuclear e substituí-la por combustíveis fósseis. Uma análise publicada em 2021 por Matthew Neidell, da Universidade Columbia, descobriu que no período pós-Fukushima o país sofreu alta de preços nas contas de eletricidade, redução no consumo de energia e aumento de mortalidade. As mortes causadas em acidentes nucleares, que são raros, ganham um tratamento espetaculoso nas notícias e em versões ficcionalizadas de séries e filmes. Já as mortes causadas por poluição do ar ou menor uso de energia, devido aos altos preços, levando ao risco de hipotermia em países frios, acabam chamando menos atenção, embora sejam potencialmente mais frequentes. É um dilema e tanto e só o futuro dirá quem tinha razão.

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Líder do MST, organização fora da lei que se dedica, impunemente, à prática criminosa de invadir áreas rurais privadas e produtivas, órgãos públicos e centros de pesquisas agrícolas, depredando instalações, roubando gado, espalhando terror no campo, afrontando o direito de propriedade e trazendo insegurança jurídica para o agronegócio, sempre com o incentivo velado do atual governo federal e sob o falso pretexto de defender a realização da reforma agrária, João Pedro Stédile afirmou que o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, é um “homem sério e tem diálogo aberto com o movimento.” Pois bem, é o tipo do elogio que coloca o autor e o destinatário dentro do mesmo balaio, aplicando-se nesse caso aquele velho, conhecido e sábio dito popular inspirado em versículos bíblicos: diga-me com quem andas e te direi quem tu és. Em resumo, os dois se merecem.

Categorias: OPINIÃO

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