Há algo de podre no reino da Dinamarca?
Ainda existe muita coisa estranha a ser explicada sobre os lamentáveis eventos do dia 8 de janeiro em Brasília.
E são justamente esses pontos nebulosos, até agora não esclarecidos, que fazem vicejar a desconfiança de que elementos das forças de segurança do governo então empossado, já no pleno exercício de suas funções, teriam permitido a ação dos vândalos que depredaram a sede da Presidência da República, uma facilidade que eles não tiveram nos edifícios do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, onde encontraram uma certa resistência.
É desse caldeirão que surge também a história de que dezenas de arruaceiros teriam sido contratados para se infiltrar entre os manifestantes com a missão não apenas de incentivar, mas também de incrementar com as próprias mãos os atos de selvageria.
Por trás da lógica perversa que alimenta essas ideias estaria, segundo a versão corrente, o plano maquiavélico dos novos governantes de deixar a destruição correr solta, e até contribuir para a sua consecução, com o propósito de mostrar que estava em curso naquele momento um ataque à democracia brasileira perpetrado pelo ex-presidente Bolsonaro e seus seguidores.
Pode ser tudo mera teoria da conspiração? Pode.
Mas, não há como negar que havia dois indícios claros de que se tentavam esconder informações importantes sobre o deplorável episódio.
Primeiro, pela decisão do governo de impor sigilo por cinco anos nas imagens internas do Palácio do Planalto que registraram as cenas de selvageria; segundo, pela luta titânica de seus apoiadores para impedir a qualquer custo a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito para apurar os acontecimentos, pedida por senadores e deputados da oposição.
Ora, se os baderneiros eram bolsonaristas, porque os petistas não queriam a CPMI, que pode provar a culpa deles? E porque os bolsonaristas “culpados” pediriam investigação contra eles próprios?
Essas perguntas circulavam sem respostas no campo do duelo de narrativas até que veio a público o bombástico vídeo exibindo o general Gonçalves Dias, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, homem da mais estrita confiança de Lula, passeando tranquilamente no meio dos invasores dentro do Palácio e indicando a saída para eles deixarem livremente o local após terem cometido o quebra-quebra.
As suspeitas de que fatos graves estavam sendo camuflados foram, enfim, confirmadas.
É a isso que se chama, no linguajar popular, de “batom na cueca”. Tá ali a marca visível e indefensável do delito praticado.
Pode ser tudo mera teoria da conspiração? Pode.
Prefiro, nestas alturas, por prudência, ficar com aquele velho ditado espanhol: no creo en brujas, pero que las hay, las hay.
3 comentários
Daury Augusto · 22/04/2023 às 15:53
Pensando que………..”Distopia”
O obscurantismo da mente cega a verdade que está vindo à tona com os verdadeiros e maquiavélicos engendradores desse plano espúrio para imputar uma culpa inescrupulosa às pessoas inocentes que até hoje estão “presas” pelo maior arbítrio já praticado pelo nefasto poder jurídico desse país, aprisionando brasileiros patriotas de todas as idades num verdadeiro campo de concentração, sem julgamento, sem base jurídica, sem poderem se defender, no maior descalabro da história do Brasil.
O pior cego é aquele que vê e finge não enxergar a verdade nua e crua.
Leandro Salomão · 21/04/2023 às 14:54
Todo o contexto e deslinde dos fatos merece uma apuração criteriosa via CPMI.
Não se pode negar a nítida e explícita participação de Petistas infiltrados nos fatídicos eventos de 8 de janeiro. Noutro giro, historicamente quem atua como braço armado do PT, com expertise de guerrilha e com vastos históricos de depredação e vandalismo é o MST do seu João Pedro Stédile. Aliás, o mesmo foi a tíracolo no Tour pela China e Países Árabes com o barba, não se sabe fazer o que.
Mas, uma coisa vc pode ter certeza: Vc pagou!
CPMI já!!! com a responsabilização de todos os envolvidos, e abertura do processo de impechament deste desgoverno do barba (“et caterva”).
O Brasil na rota do Colapso econômico, politico e social, e o pior de tudo – com um ladrão no comando, motivo de chacota na mídia internacional.
Inácio · 21/04/2023 às 12:27
Muito lúcidas, assertivas as suas considerações e não estás sozinho. Creio que todas as pessoas de bom senso que estão acompanhando, estupefatos como eu, o desenrolar dos acontecimentos pós “invasão”, desconfiam que o atual governo de plantão, tem muito a revelar e explicar ao povo brasileiro!