Estava escrito que ia acontecer
Nada mais é do que a crônica de um desastre anunciado tudo o que vem ocorrendo na BR-277, especialmente na ligação entre Curitiba e o Porto de Paranaguá, único corredor rodoviário disponível para o escoamento da produção agropecuária do Estado destinada à exportação, que nos últimos meses, por diversas vezes, foi interditada de forma total ou parcial por queda de barreiras, rachaduras na pista e risco de desmoronamento.
O cenário caótico, que se repete em outros trechos das rodovias federais que cruzam o Paraná, gerando prejuízos de centenas de milhões de reais para o agronegócio devido aos atrasos nos embarques causados pelos incidentes, poderia ter sido evitado se houvessem serviços básicos de conservação preventiva.
Tal como já se esperava, e o blog alertou para isso em inúmeras oportunidades, começou a chegar a conta da demonização que contaminou as discussões em torno do pedágio e acabou inibindo o governo do Estado e a União, com receio de sofrerem irreparável desgaste político às vésperas das eleições, de implantarem uma tarifa mínima de manutenção durante o hiato que se abriria entre o término dos antigos contratos de concessão e a realização de novas licitações para a retomada das rodovias pela gestão privada.
Desde então, passados mais de um ano e meio, os procedimentos para os leilões dos lotes rodoviários pouco evoluíram e agora encontram-se emperrados por birra do governo Lula contra o modelo aprovado na gestão Bolsonaro, enquanto que as estradas, ainda mais sobrecarregadas pelo uso excessivo de caminhões e automóveis estimulado pela inexistência do custo adicional do pedágio, foram entregues à própria sorte, já que não existem recursos públicos para mantê-las em condições razoáveis de trafegabilidade.
Era imperioso, sem dúvida, debater exaustivamente a questão para buscar a melhor proposta que permitisse estabelecer uma tarifa aceitável para o usuário e ter a justa contrapartida de um ambicioso pacote de obras, combinação que precisa ser atraente para os investidores, sem os quais jamais teremos, ao menos no médio prazo, rodovias modernas e seguras, com capacidade ampliada por duplicações e terceiras faixas para atender as necessidades de logística e infraestrutura demandadas pelo desenvolvimento econômico do Paraná.
No entanto, a exacerbada politização do assunto determinou a condenação inapelável dos pecados do pedágio mas não levou em consideração seus benefícios, que, além das melhorias estruturais nas vias, também incluíam atendimento médico de emergência, socorro mecânico e serviço de guincho. Ou seja, regredimos à deplorável situação de três décadas atrás.
Em resumo, na ânsia de despejar fora a água do banho, jogou-se junto a criança.
3 comentários
Leandro Salomão · 20/03/2023 às 23:15
Infelizmente o maniqueismo político que atrasa o Brasil, faz vítimas.
Desta vez a vítima foi o propulsor da nossa economia: o agronegócio.
Num país que não passou pela idade média, agora a solução é galopar sobre rodas para o futuro em pleno século XXI.
Romildo Mousinho Ferreira · 20/03/2023 às 20:41
Nossos políticos de plantão (aqueles!) não se mexem para fazer a coisa andar; devem estar como urubus, de olho gordo na carcaça, aguardando a oportunidade de bicar e levar seu pedaço dos recursos dos contribuintes – como fizeram anteriormente.
Pedro Pereira Fernandes Neto · 20/03/2023 às 20:32
Em agosto de 2021 e, em 27/11/2021, escrevi sobre o assunto PEDÁGIO. Esses documentos estão em meu Facebook. Posso disponibilizar a qualquer hora.