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BLOCO DE NOTAS

Publicado por Caio Gottlieb em

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Tem um segmento do eleitorado onde Lula reina quase absoluto e Bolsonaro certamente não faz a menor questão de superá-lo. Os presos provisórios, que mantêm o direito ao voto por ainda não terem sentença transitada em julgado, cravaram maciçamente o número 13 nas urnas instaladas em penitenciárias de 19 estados e do Distrito Federal. Foram 8.883 votos dados ao petista e míseros 1.741 conferidos a Bolsonaro. É daquelas derrotas que valorizam e dignificam o currículo do perdedor. Vitorioso nos presídios com mais de 80% dos votos, Lula teria sido eleito já no primeiro turno se dependesse só dos detentos. A companheirada é ponta firme.

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Chegamos a um ponto na polarização política em que há brasileiros dispostos a fazer qualquer coisa para que o presidente Bolsonaro não colha dividendos eleitorais com as boas notícias da economia. Esse pessoal jamais festejará, por exemplo, a deflação registrada em setembro, terceira seguida no ano, a continuada e consistente redução do desemprego, o revigoramento das vendas do comércio e muito menos as projeções do Banco Mundial e da OCDE que apontam para um desempenho do PIB neste ano próximo dos 3%, ligeiramente superior aos 2,8% estimados para a China, que começa a pagar o preço dos lockdowns radicais adotados em seus principais polos industriais para combater a pandemia da Covid. Se essas as previsões se confirmarem, o Brasil vai crescer mais do que o gigante asiático pela primeira vez desde 1980. Para a imensa tristeza dos opositores do governo.

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Uma das 83 unidades do grupo cascavelense que se tornou a quinta maior rede varejista de alimentos do país, o Super Muffato Gourmet Champagnat, localizado no Bigorrilho, em Curitiba, foi o único mercado laureado na categoria Design de Interiores da prestigiosa competição internacional Titan Properties Awards. Concorrendo com competidores do mundo inteiro, a belíssima loja foi contemplada com a medalha de ouro em votação que reuniu 15 jurados de diversos países, que reconheceram em seu inspirado projeto arquitetônico todas as características elegíveis para a premiação: ser criativo, funcional, proporcionar uma melhor experiência de consumo, demonstrar inovação, implantar novas tecnologias e respeitar o meio ambiente. Pensado para interagir sensorialmente com os usuários, o Muffato Champagnat ativa o olfato, a audição, a visão, o tato e o paladar para oferecer um percurso de compras prazeiroso e relaxante. É um show em todos os sentidos.

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Podemos até pensar que o futuro da nação está sendo decidido neste segundo turno da disputa presidencial. Ledo engano. O destino do país já começou a ser selado no dia 2 com a eleição dos novos deputados federais e senadores. Afinal, se não for capaz de compor alianças com eles para formar uma base de apoio sólida, o chefe do poder executivo fica praticamente de mãos atadas. Além do mais, seja quem for o próximo ocupante do Palácio do Planalto, ele terá que negociar suas propostas com um legislativo muito diferente desse que aí está, tarefa que será bem menos difícil para o atual presidente da República. Depois de décadas dominado por partidos de centro-esquerda, o Congresso Nacional que emergiu das urnas para tomar posse em fevereiro é majoritariamente de direita, fruto da onda conservadora que brotou da força eleitoral de Bolsonaro. É um parlamento feito sob medida para ele governar.

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Incentivada pelo silêncio comprometedor, quase cúmplice, das instituições e da grande mídia, a censura expande-se como prática oficial no país. E parte justamente de quem deveria assegurar o direito à liberdade de expressão e opinião. Não faz muito tempo, o ministro Alexandre de Moraes (sempre ele), presidente do Tribunal Superior Eleitoral, proibiu a publicação em redes sociais de qualquer texto que associasse o ex-presidente Lula à organização criminosa Primeiro Comando da Capital, vínculo denunciado em delação premiada do publicitário Marcos Valério, um dos operadores do Mensalão. Semanas atrás, Moraes voltou à carga para ordenar ao site O Antagonista a exclusão de uma reportagem que trazia um áudio com a transcrição de falas de Marcola, líder do PCC, declarando preferir Lula na presidência da República. Há poucos dias, a vítima foi o jornal Gazeta do Povo, obrigado por determinação de um juiz do TSE a remover matéria que trata dos notórios laços de amizade que unem Lula a Daniel Ortega, o ditador da Nicarágua. Nenhuma dessas notícias são falsas. Elas são fatos. Mas nada há que detenha, por bem, a escalada autoritária e o ativismo político do Judiciário brasileiro. É até surpreendente que a corda ainda não tenha arrebentado.

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Defendendo-se das críticas de que só venceu o primeiro turno graças à votação que obteve dos eleitores de baixa escolaridade, com mais dificuldades de discernimento e de acesso a informações para compreender a real extensão dos escândalos de corrupção das gestões do PT, Lula disse que “as pessoas são analfabetas porque esse país nunca teve um governo que se preocupasse com a educação.” Devemos concordar com o ex-presidente. Os investimentos insuficientes no ensino configuram um problema crônico ao longo da história do Brasil, abrangendo inclusive os 14 anos em que ele e Dilma colocaram o petismo no poder. Temos assim uma rara autocrítica de Lula. Já é um avanço.

Categorias: OPINIÃO

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