BLOCO DE NOTAS
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Cegos, surdos e mudos pelo ódio que devotam ao presidente Bolsonaro desde que o Palácio do Planalto mandou reduzir drasticamente as milionárias verbas publicitárias federais que em governos anteriores abasteciam suas contas bancárias, os principais jornais e emissoras de TV e rádio do país assistem impassíveis às reiteradas promessas de Lula de promover, se eleito, o que chama de “controle social da mídia”, um eufemismo para dizer que planeja censurar a imprensa. Não é de hoje que o PT ameaça restringir a liberdade de expressão nos meios de comunicação em represália à divulgação de notícias sobre os desmandos de seus filiados como ocorreu nos escândalos do Mensalão e do Petrolão. É verdade que volta e meia Bolsonaro destrata jornalistas que lhe fazem perguntas incômodas. Lula não faz isso. Lula quer apenas calá-los de vez.
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Outros candidatos obtiveram mais votos, mas não se elegeram. O estreante Nelson Fernando Padovani (União Brasil) fez a leitura correta do cenário congestionado por doze concorrentes e concentrou seus esforços em diversas regiões do Estado, seguindo a estratégia que deu dois mandatos ao seu pai, Nelson Padovani. Com votos em 383 dos 399 municípios do Paraná, Nelsinho será nos próximos quatro anos o único deputado federal com domicílio eleitoral em Cascavel. Um enorme retrocesso para uma cidade que já chegou a ter cinco representantes em uma única legislatura. Nomes conhecidos como Frangão, Alfredo Kaefer, Renato Silva e Evandro Roman não lograram êxito na disputa. Aliás, a eleição deste ano no município foi dos novatos. Além de Padovani, também brilhou nas urnas o jovem Henrique Mecabô (Partido Novo), que não conseguiu uma cadeira na Câmara Federal, mas conquistou surpreendente votação. A política cascavelense caminha para a renovação de suas lideranças.
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Pragmático, como convém em certos momentos cruciais da política, o senador eleito Sergio Moro (União Brasil) comunicou em seus perfis nas redes sociais o rumo que resolveu tomar na sequência da eleição presidencial: “Lula não é uma opção eleitoral, com seu governo marcado pela corrupção da democracia. Contra o projeto de poder do PT, declaro, no segundo turno, o apoio para Bolsonaro.” O ex-juiz da Lava Jato, que condenou e mandou o petista para a prisão, seguiu o ensinamento de um velho dito popular: “O inimigo do meu inimigo é meu amigo”. Antes de anunciar sua decisão, já esperada, Moro fez um telefonema ao presidente para selar a reconciliação, que já se desenhara durante a campanha. A Lava Jato, a propósito, foi amplamente vitoriosa no pleito: o ex-procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa do MP que comandou a operação, foi o deputado federal mais votado do Paraná e a esposa de Moro, Rosangela, elegeu-se para a Câmara Federal em São Paulo. Por outro lado, vários réus do Petrolão que concorriam a cargos no executivo e no legislativo foram rejeitados pelas urnas. Menos ladrões na vida pública.
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Foi dada a largada em mais uma histórica parceria entre a Itaipu e o governo do Paraná: iniciaram-se os trabalhos de duplicação da BR-469, conhecida como a Rodovia das Cataratas. É a última das grandes obras de infraestrutura aguardadas há décadas pelo trade turístico de Foz, depois da ampliação da pista e do terminal de passageiros do Aeroporto Internacional, já concluída, e da construção da segunda ponte entre o Brasil e o Paraguai, prevista para ser inaugurada em dezembro, ambas também custeadas pela hidrelétrica e gerenciadas pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Estado. O investimento no trecho de 8,7 quilômetros, que liga a entrada do Parque Nacional do Iguaçu ao Trevo da Argentina, passando pelo acesso ao aeroporto, será de cerca de 130 milhões de reais e o prazo de execução é de 18 meses. Registre-se que nunca saiu tanto dinheiro dos cofres da usina para a realização de obras públicas em diversas regiões paranaenses como nestes últimos quatro anos sob a gestão do governo Bolsonaro.
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Mais de dois anos depois do início da pandemia de coronavírus, algumas medidas adotadas de forma emergencial se consolidaram no dia a dia das grandes corporações. O home office, que no início tirou o sossego de empresas e trabalhadores, é uma delas. Levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo com as 10 maiores companhias listadas na B3 mostra que, na volta à normalidade, a maioria optou pelo modelo híbrido (em que o funcionário trabalha alguns dias em casa e outros na empresa) e flexível (sem dias definidos para ir ao escritório) nas áreas administrativas. Restrito a poucas empresas até 2020, hoje o home office virou quase que um pré-requisito para os profissionais. Executivos e recrutadores afirmam que a pergunta mais recorrente nas entrevistas de emprego é sobre a possibilidade do trabalho remoto. Os candidatos chegam a desistir de uma vaga se não há essa opção. Os líderes até gostariam de trazer os times de volta, pois sabem da importância das trocas presenciais. Mas os funcionários não estão muito afim de retornar. Ao ficarem quase dois anos em home office, eles se adaptaram a uma nova rotina e viram que é possível serem produtivos mesmo num trabalho flexível. É, definitivamente, o “novo normal.”
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Desabafo com sentimento de revolta que ecoou nas redes sociais na noite de domingo após o anúncio do resultado do primeiro turno: “É um dia triste da história do Brasil. Um ex-presidiário ter metade dos votos para presidente da República significa que os eleitores do PT estão ensinando aos seus filhos que o crime sempre compensa”. E o pior de tudo, acrescento eu, é que uma grande parte deles é formada por homens e mulheres que sabiam muito bem o que estavam fazendo. Ou seja, em seu juízo perfeito validaram as roubalheiras do Mensalão e do Petrolão, sobejamente comprovadas e punidas pela Justiça, que marcaram os governos petistas. Deram um inequívoco sinal verde para a corrupção. Simples assim.