Haja sangue de barata
Como eleitor declarado de Jair Bolsonaro, que torce para que o seu governo avance nas reformas e conserte o estrago devastador causado por quase duas décadas de incompetência e ladroagem das gestões do PT, sou bastante insuspeito para me unir àqueles que, com boas intenções, o criticam por seus excessivos confrontos com o Poder Legislativo.
Sei que é difícil engolir certos sapos, mas, para realizar os compromissos assumidos na campanha que o levou ao Palácio do Planalto, o presidente vai ter que se conter, contar até mil e entender que os papéis se inverteram: depois de passar toda a sua carreira política atirando pedra, ele agora virou vidraça.
Goste-se ou não, situação e oposição são faces da mesma moeda no jogo democrático. Raramente, mesmo nos lugares mais civilizados do planeta, estarão unidas em qualquer tema.
Por outro lado, não é fácil ficar quieto diante das escaramuças, sabotagens e conspirações tramadas por ilustres membros do Congresso Nacional que lutam com unhas e dentes para não perder privilégios e manter sua nefasta influência na administração pública com o indisfarçável interesse de nomear apaniguados e seguir saqueando os já combalidos cofres da nação.
Não é fácil ouvir calado um deputado como o tal de Paulinho Pereira, presidente da Força Sindical, pelego antigo e felpudo, declarar publicamente, em alto e bom som, dando voz ao pensamento de grande parte de seus pares, que “Precisamos fazer uma reforma (da previdência) que não garanta a reeleição de Bolsonaro”.
Simples assim, mesmo que o Brasil se dane.
De qualquer forma, nada disso chega a surpreender.
Afinal, o que se pode esperar de um país onde a biografia da esmagadora maioria dos seus políticos é um prontuário policial?