Deixa pra lá
Mais do que o desgaste político interno, o maior temor que o presidente Jair Bolsonaro tinha com a divulgação do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril era o abalo que as críticas feitas à China por alguns participantes do fatídico encontro poderia provocar nos negócios do Brasil com o seu maior parceiro no comércio exterior.
Mesmo com a supressão dos trechos mais ofensivos no arquivo liberado pelo STF, boa parte dos comentários acabou vazando e o Palácio do Planalto já havia até se preparado para dar muitas explicações e pedir mil perdões aos chineses.
Entretanto, surpreendentemente, horas depois que o vídeo veio a público mostrando diversos trechos de falas pouco amistosas sobre o país, a Embaixada da China, sem fazer qualquer referência às besteiras ditas na reunião, destacou em nota a importância da parceria que mantém com o Brasil.
Diz o texto do comunicado: “A China e o Brasil são parceiros estratégicos globais. Ao longo dos 46 anos desde o estabelecimento de relações diplomáticas, as cooperações sino-brasileiras têm alcançado resultados abrangentes em um ritmo acelerado”.
Ou seja, do mesmo modo como o conteúdo geral da gravação, ao contrário do que se esperava, não gerou grandes traumas para o governo, a montanha também neste caso pariu apenas um rato.
Os chineses já devem ter chegado à conclusão de que se forem se sentir ofendidos toda vez com que são distinguidos com alguma declaração desairosa motivada pela pandemia do novo coronavírus, cuja culpa é a eles atribuída, vão ter que brigar com o mundo inteiro.
Dá menos trabalho fingirem-se de surdos.
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