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7 razões para Bolsonaro não ter cancelado a viagem

Publicado por Caio Gottlieb em

Por dois motivos uma boa parte da grande mídia passou as últimas semanas tentando, sem sucesso, minar a viagem de Jair Bolsonaro à Rússia: por ele ser de direita, o que enraivece, desde o primeiro dia do seu mandato, os jornalistas de esquerda que mandam nas redações; e por ele ter cortado as gordas verbas publicitárias federais que, em outros tempos, enchiam as contas bancárias dos veículos, o que vem irritando profundamente os barões da imprensa.

Ninguém estava preocupado com os interesses estratégicos vitais para o país que estiveram em pauta no encontro mantido entre o presidente brasileiro e seu colega russo Vladimir Putin.

Talvez você, um pouco alheio ao debate raivoso travado em torno do assunto, queira saber de ao menos uma razão que tenha justificado plenamente a ida de Bolsonaro a Moscou em meio a tensões geopolíticas na Europa, até com ameaças de guerra dos Estados Unidos e seus aliados contra a Rússia.

Pois vou dar não apenas uma, mas sete:

1. O Brasil é um país soberano e seu presidente não pode se guiar por pressões externas para fazer ou desfazer sua agenda internacional.

2. O convite de Putin, em retribuição à visita que fez ao Brasil dois anos atrás, foi formalizado no início de dezembro e prontamente aceito por Bolsonaro. À época, a questão da Ucrânia ainda não era tão grave.

3. Cancelar a viagem era a pior opção: representaria submissão ao governo Biden, sem qualquer vantagem, e desagradaria a Putin em um momento que desejamos e precisamos fortalecer e incrementar nossas relações bilaterais com os russos.

4. Uma das potências do agronegócio mundial, o Brasil depende dramaticamente de algo que os russos têm de sobra. Embora sejamos o 5° maior consumidor de fertilizantes do planeta, contribuímos somente com 2% da produção global. Por sua vez, a Rússia é o segundo exportador mundial de nitrogenados e o terceiro de fosfatados.

5. Convém não esquecer que a bem-sucedida missão da ministra Tereza Cristina a Moscou em novembro, no auge da escassez de fertilizantes em todo o mundo, garantiu o abastecimento do produto para o Brasil na safrinha de 2022 e na safra 2022/2023.

6. Em contrapartida, queremos aumentar substancialmente nossas exportações para eles, principalmente de proteínas de origem animal. Apesar de ser o sexto país de quem o Brasil mais compra, a Rússia é apenas o 36º colocado na lista de compradores de nossos produtos.

7. Por último, mas não menos importante, os maiores opositores à viagem de Bolsonaro são notórios inimigos do seu governo, mais um sinal de que ele só teria ganhos mantendo a viagem

Coincidindo com a saída das tropas russas da fronteira ucraniana, a presença de Bolsonaro em Moscou ainda rendeu entre seus apoiadores dezenas de divertidos memes atribuindo a ele o mérito de convencer Putin a aliviar a crise no leste europeu.

Para a suprema ira dos adversários carentes de senso de humor.

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4 comentários

MARCELO · 19/02/2022 às 19:26

Qual seria o interesse em hipotecar apoio à um grande financiador da ditadura venezuelana? Tô achando que não é só o PT que teria interesse em “venezuelar” o Brasil.

Olavo Arsênio Fank · 17/02/2022 às 13:32

Acho interessante a aproximação com o leste europeu… eu e muitos brasileiros temos ascendentes daquela região que migraram para o Brasil no início do século passado. No meu caso poloneses e russos por parte de mãe. Sobrenome alemão por parte de pai e ainda uma pitada de italiano…

    Francisco · 20/02/2022 às 20:46

    Faces de um governo contraditório, o qual fala uma coisa e faz sempre outra. Para seus apoiadores, se refere a Putin como a face do mal comunista e blá blá bla. Na prática, Putin e um aliado. Tudo farinha do mesmo saco.

Marcos Villanova de Castro · 17/02/2022 às 11:23

Perfeito, Caio.
Não poderia ser mais didaticamente claro.

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