Deu-se a ruptura. E agora?

Quem participou das manifestações históricas a favor do governo que marcaram o Dia da Independência na expectativa de que Jair Bolsonaro anunciasse alguma medida bombástica para conter os ímpetos autoritários de integrantes do Supremo Tribunal Federal, talvez tenha voltado para casa um tanto decepcionado.

Mas o presidente, que já tinha avisado, no chamamento a seus eleitores para os protestos, que o evento serviria para lhe indicar o caminho a ser seguido, obteve exatamente o que desejava: o respaldo das ruas, o rugir da aprovação das multidões reunidas em todo o país, para dar os próximos passos e lançar um ultimato ao STF.

Com discursos inflamados nas concentrações de Brasília e São Paulo, Bolsonaro instalou oficialmente o seu embate com o STF ao afirmar que, doravante, não irá mais cumprir decisões emanadas do ministro Alexandre de Moraes, além de exigir a extinção dos inquéritos abertos pelo magistrado para apurar supostos atos antidemocráticos e a imediata libertação de políticos e jornalistas, seus aliados, presos por conta dessas investigações, o que aconteceu, aliás, sem que eles tenham tido direito, como denunciam os mais renomados juristas, ao devido processo legal.

Em suma, a corda, esticada ao extremo por Moraes, acabou, como já se previa, arrebentando, e a guerra está declarada.

Espera-se que, antes de alguém dar o primeiro tiro, ainda haja tempo para a busca da paz e de uma sólida e verdadeira harmonia entre os três poderes da República, com obediência cega à Constituição Federal, sem interpretações pessoais de suas normas, e respeito mútuo às prerrogativas de cada um.

Todos sabem que não haverá vencedores no confronto.