Já não era sem tempo
Dando respaldo ao seu enfrentamento com o Supremo Tribunal Federal, o presidente Jair Bolsonaro acaba de ganhar importante e emblemático apoio público da sociedade civil organizada do Paraná.
Em duas cartas abertas divulgadas no último domingo (5), motivadas pela crise que minou as relações entre o governo e a Corte, e que caminha para atingir sua temperatura máxima neste 7 de Setembro nos protestos convocados pelo chefe da nação contra a ingerência ditatorial do judiciário em assuntos da competência exclusiva do poder executivo, algumas das principais e mais influentes entidades representativas de diversos segmentos do setor produtivo do estado tomaram posição firme e inequívoca de clara condenação à conduta do STF.
Espera-se, aliás, que sirvam de exemplo para que outras mais desçam do muro, sigam na mesma linha e assim contribuam para evitar uma ruptura institucional, exortando os supremos ministros a se comportarem dentro de seus limites legais e pararem de exorbitar de suas atribuições e usurpar funções dos demais poderes, com um ativismo político e uma sanha autoritária como nunca se viu antes na história do país.
Coincidentes com as abordagens frequentes deste blog, destaco abaixo os trechos mais contundentes dos manifestos, ambos similares e até idênticos em vários pontos, que também reservam duras críticas ao Congresso Nacional:
“…o Supremo Tribunal Federal tem adotado nítidas posturas que se mostram antagônicas aos interesses do país”.
“Ao protagonizar situações que geram insegurança jurídica e política, a Corte Suprema brasileira acirra ânimos e coloca pessoas, famílias e grupos em posições contrárias, que antes buscavam viver em cordial harmonia”.
“Ao interferir na harmonia de poderes, tornando cada vez mais tênue a linha que separa o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, o STF anula o desejo maior do povo, manifestado através do voto direto”.
“O povo, representado pelo eleitor, empoderou representantes comprometidos com o combate à corrupção e com a ruptura de modelos ultrapassados. Todavia, os cidadãos têm assistido repetidas cenas de desrespeito às instituições gestadas dentro do próprio ambiente do Judiciário, como a Operação Lava-Jato”.
“Causa espanto também oferecer liberdade a pessoas condenadas pelo cometimento de crimes de corrupção, com farta oferta de provas”.
“E mandar prender pessoas que emitem opinião, ferindo a liberdade de expressão e causando um clima de autoritarismo antidemocrático”.
“E se calando em questões relevantes, como a aberração do fundo partidário, a concessão de auxílios-moradias e progressões salariais inapropriadas”.
“E mais: mantendo-se alheia as estruturas judiciárias que permanecem de portas fechadas, mesmo após o período crítico da pandemia, distanciando o cidadão do acesso à Justiça”.
“Nosso desejo é que o STF cumpra com seu papel maior, qual seja, o de guardião da Constituição brasileira”.
“E que haja segurança jurídica para trabalhar, gerar empregos e divisas a essa grande Nação, assegurando que todo poder emana do povo e que todos sejam iguais perante a lei”.
“A constante interferência do STF no legislativo e com maior ênfase no executivo retira a representatividade do povo que elegeu seus representantes…”
“As recentes decisões proferidas pelo STF, por um lado anulando-se processos decorrentes da Operação Lava Jato, libertando pessoas envolvidas em crimes milionários, em detrimento do povo brasileiro e, por outro, com abertura de inquéritos e decreto de prisão, sem o devido processo legal, contra aqueles que, dentro das garantias constitucionais, emitem suas opiniões, transbordam os limites democráticos e causam revolta dos cidadãos de bem”.
“O que se pede ao STF é apenas que cumpra o seu papel de fiel guardião da Constituição Federal. Que todos sejam iguais perante a lei, assegurando a todos a liberdade de expressão, gênese do princípio democrático, e que se cessem as prisões arbitrárias, concedendo a todos o direito ao devido processo legal”.
“Hoje o que se vê são criminosos sendo liberados e cidadãos sendo presos e alvo de operações decorrentes de manifestação de pensamento”.
“De igual forma também exaltam ao Congresso Nacional, que se alinhem aos verdadeiros anseios dos seus eleitores e se distanciem dos interesses pessoais e partidários. Apenas a título de ilustração, na crise em que o país atravessa soou como uma ofensa ao contribuinte a aprovação do fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões”.
“O que se pede aos Senadores e Deputados, salvo algumas exceções, é que trabalhem mais em prol da nação, do povo brasileiro e não apenas para partidos ou interesses pessoais”.
“Em resumo, os cidadãos brasileiros querem segurança jurídica para trabalhar, produzir, gerar tributos em prol de uma grande nação, com o respeito aos seus direitos constitucionais, tendo como fundamento que todo poder deve emanar do povo”.
Os documentos, elaborados separadamente, trazem as assinaturas das seguintes entidades em seus respectivos textos:
Sinduscon Paraná Oeste – Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná Oeste
SRO – Sociedade Rural do Oeste do Paraná
Acic – Associação Comercial e Industrial de Cascavel
Sindicato Rural Patronal de Cascavel
Amic – Associação de Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do Paraná
Sindilojas – Sindicato dos Lojistas e do Comércio Varejista de Cascavel e Região
Sintropar – Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Oeste do Paraná
Sociedade Rural do Paraná
Acil – Associação Comercial e Industrial de Londrina
Sinduscon Norte – Sindicato da Indústria da Construção Civil de Londrina
Sindimetal – Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Materiais Elétricos do Norte do Paraná
Ceal – Clube de Engenharia e Arquitetura de Londrina
Secovi Regional Norte – Sindicato da Habitação e Condomínios
Aepic – Associação das Empresas do Parque Industrial de Cambé
Sincoval – Sindicato do Comércio Varejista de Londrina
Sincovave – Sindicato do Comércio Varejista de Veículos de Londrina
Acipg – Associação Comercial e Industrial de Ponta Grossa
8 comentários
Edésio Agostinho Reichert · 06/09/2021 às 16:24
Finalmente surgem manifestações condenando as arbitrariedades cometidas por um certo tribunal. Que isto se multiplique pelo país todo.
Edvino Borkenhagen · 06/09/2021 às 15:39
Disse, e repito: Dá orgulho de gente assim, que: pensa, escreve e assume!
Washington Lee Abe · 06/09/2021 às 15:36
Enquanto estivermos querendo avançar no território que o próprio inimigo domine e decida, não vamos vencer. De nada adianta querer discutir ou apresentar argumentos que sejam analisados e julgados por eles mesmos. Temos que avançar em território inimigo com outras estratégias. Se for para lutar pela paz e pela liberdade, que assim seja. Se for para partirmos para uma guerra, que assim seja!
Sérgio · 08/09/2021 às 16:44
Concordo plenamente. Mas creio que tem que ser feito passo a passo, dentro dos termos legais. O primeiro passo já foi dado: posicionamento das entidades que representam nossa sociedade. Com esse posicionamento, abriu-se o diálogo. Se o inimigo não aceitar o diálogo, seguimos para o próximo passo – que já está em andamento – que é a paralisação do país em apoio ao executivo pressionando o judiciário e o legislativo. Uma vez que não surta efeito ou haja reação contrária, aí nos resta ir para as vias de fato.
João Augusto · 06/09/2021 às 15:00
👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏
Juarez Luiz Berté · 06/09/2021 às 14:58
Excelente parabéns a todas as entidades que de forma responsável assumem posição firme em relação a lei e a ordem ! 🇧🇷🇧🇷🇧🇷🇧🇷🇧🇷
Washington Lee Abe · 06/09/2021 às 15:32
Não se navega em mares em que o inimigo domine. Não se avança em território em que o inimigo prevaleça em conhecimento e poder. Temos que avançar em outras áreas com a devida segurança para atingirnos a vitória e em segurança. Enquanto estivermos no mesmo campo de batalha que seja dominado por eles onde eles próprios façam as leis e decidam de acordo com as suas cabeças, vamos perder a guerra. Não existe Poder Judiciário no Mundo, sem uma grande e séria Polícia por trás. Enquanto existir uma Polícia submissa q acate a ordens absurdas e manifestamente ilegais, existirá um poder arbitrário e intolerante. De nada adianta discutir com o inimigo sobre leis e direitos se o próprio inimigo irá julgar os seus argumentos.
Osvaldo ferraz damião · 06/09/2021 às 14:57
Assino embaixo