Tô nem aí

Sem o menor pudor, sem se dar ao trabalho de, ao menos, fazer de conta que vai analisar as denúncias, o Supremo Tribunal Federal prossegue intrépido em sua missão de salvar a pele de figurões envolvidos em falcatruas e perpetuar no país a impunidade dos ricos e poderosos.

E não se pode acusá-lo de parcialidade.

Arquirrivais na política, petistas e tucanos estão sendo igualmente protegidos pela bondade suprema.

Depois de anular as condenações do ex-presidente Lula na Lava Jato, a Segunda Turma, liderada pelo ministro Gilmar Mendes (aquele que tem pavor de ver amigos enrolados na Justiça), em decisão que passou ao largo do noticiário, mais ocupado nestes dias com a guerra política, determinou o arquivamento do inquérito que apurava supostos repasses financeiros vultosos da Odebrecht ao deputado federal Aécio Neves em 2014, ano em que ele concorreu à presidência.

Relembrando a história: a Procuradoria-Geral da República propôs a investigação em 2017 para averiguar eventuais crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, baseada nos acordos de delação premiada de executivos da empreiteira.

Réus confessos, eles contaram que foram feitos dois acertos para entregar 21 milhões de reais a Aécio e aliados.

Com a martelada da Corte, ficou tudo por isso mesmo e o caso está morto e sepultado.

Para quem cultiva bandidos de estimação, o STF é só motivo de alegria.